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Opinião: a geração MI e o progresso da ciência por Péter Murányi Jr.

31 jan 2017 - 14h56
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Nesta segunda década do Século XXI, o ambiente do trabalho, em todos os ramos de atividade, vive uma situação privilegiada: a convivência de profissionais de todas as gerações responsáveis pelas maiores transformações da tecnologia, processos e avanços culturais e sociológicos, desde os Baby Boomers, filhos da segunda guerra mundial, até os Millennials (1991), que começam a ingressar no mercado, passando pelos X (1964/1977) e Y (1977/1990).

Foto: DINO

Mais do que rotular cada uma dessas faixas etárias, como se costuma corriqueira e didaticamente proceder, é importante observar e tirar proveito de tudo o que a sua interação no cotidiano das empresas, universidades e organizações de toda ordem pode produzir de útil para cada país e a civilização global. Vivemos, na verdade, o tempo do que poderíamos chamar de Geração MI (Multi-Idade), cuja miscigenação intelectual tem sido extremamente fértil em ideias, novas tecnologias, gestão inovadora, capacidade de pesquisa e compliance.

As organizações contemporâneas somam em suas estruturas de recursos humanos a experiência e o espírito desbravador dos Baby Boomers, o caráter mais tolerante, humanitário e político da Geração X, a cultura da internet, o ímpeto tecnológico, objetividade e imediatismo da Y e a ansiedade construtiva dos Millennials. Quanto mais esses elementos forem sinérgicos e houver o compartilhamento de conhecimentos e informações, mais eficaz será o resultado de cada célula de trabalho e das organizações como um todo.

Assim também é na ciência e na academia. Esta área tão decisiva para o desenvolvimento humano é um exemplo de como as heranças de cada geração vão se agregando aos novos elementos, mesclando-se e contribuindo para os avanços. Ainda na era dos Baby Boomers, as pesquisas eram integralmente feitas por um único cientista ou grupo de determinada universidade. Hoje, no embalo da Geração Y, mais focada em especializações, cada inovação, tecnologia e trabalho em distintas áreas resulta de uma diversidade de estudos, pesquisadores e instituições.

O novo modelo, contudo, não foi instantâneo. Moldou-se paulatinamente, à medida que se mesclaram culturas das sucessivas gerações. Temos exemplos muito elucidativos desse processo de transição no Prêmio Péter Murányi, que reconhece trabalhos acadêmicos capazes de transformar a vida de comunidades nos países em desenvolvimento.

Na edição de 2002, o vencedor foi um estudo desenvolvido na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto, realizado pelo professor doutor Sérgio Henrique Ferreira. Ao identificar, no veneno da serpente Jararaca, agentes capazes de potencializar o efeito da bradicinina, substância vital no controle da pressão arterial, ele possibilitou que cientistas dos Estados Unidos dessem andamento à sua pesquisa e criassem o Captopril, medicamento para o tratamento da hipertensão. No prêmio de 2012, o vencedor foi trabalho de Dra. Teresa Losada Valle, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), sobre o melhoramento das variedades de mandioca. O estudo é uma sequência de pesquisas do IAC, iniciadas em 1935, sobre tubérculos e raízes mais resistentes a pragas e doenças. Nos dois casos, observa-se o viés da diversidade de fontes, tão presente hoje no chamado universo dos Y.

Ao sugerir a ideia da Geração MI, que reflete melhor a realidade da estrutura do trabalho, na qual se mesclam profissionais de distintas idades, busco alertar para a importância, em especial no caso de P&D, de se somarem todas as competências, conhecimentos e experiências, para se eliminarem equívocos e se agregarem novas práticas. A ciência só tem a ganhar com essa sinergia, em especial se, no embalo dos jovens pesquisadores, empresários e executivos, a produção acadêmica brasileira passar a ter aplicação prática mais ampla nos setores produtivos, registro de patentes e ganhos de competitividade. Nesse processo, a sociedade será a grande vencedora!

*Péter Murányi Jr., formado em engenharia pela FAAP, é vice-presidente da Fundação Péter Murányi.

Sobre a Fundação Péter Murányi

Administrada por Vera e Péter Jr, a Fundação Péter Murányi foi criada em 1999 e desde a primeira edição do Prêmio, em 2002, já investiu cerca de R$ 2,2 milhões em reconhecimento de pesquisadores e seus trabalhos. O Prêmio Péter Murányi concede ao vencedor um valor de R$ 200 mil, um certificado e um troféu. O Prêmio Péter Murányi conta com o apoio do CIEE, Fapesp, Capes, Anpei, SBPC, Aciesp, ABC, Aconbras e CNPq.

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