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Filósofo contesta Ministro da Educação que quer engessar disciplinas

Frederico Rochaferreira diz que algumas ideias são estúpidas desde a origem

20 set 2016 - 09h23
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Em recente pronunciamento, o Ministro da Educação, Mendonça Filho, ressaltou que não há sintonia entre a realidade, os anseios dos jovens e o conteúdo ensinado no ensino médio, sendo fundamental a aprovação do Projeto de Lei 6.840, de 2013, que já tramita no Congresso.

Foto: DINO

Em linhas gerais, esse projeto visa a unificação das 13 disciplinas do ensino médio em quatro áreas do conhecimento e está prevista para vigorar a partir do próximo ano/ 2017. Pelo Projeto, as 13 disciplinas serão integradas em 4 blocos; ciências humanas, ciências da natureza, linguagem e matemática, o que significa, por exemplo, a união de história, filosofia, sociologia e geografia, que se hoje se revelam pouco inteligíveis aos alunos, unificadas, se mostrarão ininteligíveis. A ideia de reforma do ensino nesses moldes, não é original. Em 2014, Aécio Neves na campanha presidencial fez a mesma proposta, que foi vista com bons olhos pelo governo de Dilma Rousseff.

Para o filósofo Frederico Rochaferreira, unificar disciplinas é uma ideia estúpida desde a origem e certamente essa não é a melhor saída para se melhorar a péssima qualidade do ensino no Brasil, segundo o escritor, a falha na educação brasileira não é outra senão a assimilação de ideias, o método de memorização, que engessa o desenvolvimento das ideias.

"__A primeira e grande questão a ser resolvida está em fazer pensar aqueles que estão à frente do sistema de ensino brasileiro, já que também são vítimas do sistema. O que dizer de um Ministro da Educação, que recebe em audiência, propostas de um ator pornô para a educação brasileira?"

Indagado sobre a possiblidade de unificação das disciplinas, Frederico ressalta que o projeto em tramitação no Congresso é um bloco errático dentro da concepção de sistema de ensino e que pode vir a ser aprovada, já que os congressistas, são oriundos do mesmo precário sistema de educação.

"__As disciplinas têm vida própria e assim devem ser estudadas, mas a filosofia em particular, é o berço de todas elas. Se voltarmos os olhos para os países desenvolvidos, todos, tem, em suas bases grandes filósofos, por isso entender a filosofia como a ciência que investiga o princípio das diferentes naturezas é fundamental para compreender que ela é em si mesma, a matriz de todas as ciências."

O filósofo lamenta o descaso das autoridades educacionais com essa ciência nos diversos ciclos escolares e a precariedade do seu ensino nas universidades. Lembra que, a razão de ser a América Latina dependente das principais ciências e tecnologias que movem o progresso e o desenvolvimento, é o desconhecimento da filosofia. Enquanto os países latinos ignoram a arte de construir ideias, os EUA e Europa, têm o ensino da filosofia em elevadíssimo grau, porque sabem que essa é a disciplina fundamental para o desenvolvimento do pensamento e os países em ascensão, por seus intercâmbios, seguem o mesmo exemplo.

"__A milenar China percebeu que para alcançar o desenvolvimento era preciso mais que força bruta, era preciso força intelectual e mesmo governada com mão de ferro, seguiu o exemplo do vizinho Japão. Hoje ao lado do futebol, da música e da ginástica, também filósofos são atração, como é o caso de Michael Sandel, de Harvard, que com seus diálogos filosóficos atraem multidões. Sua recente visita à China criou alvoroço nos meios universitários e as filas eram enormes para ouvi-lo. Confúcio, Lao-Tsé e tantos outros devem estar orgulhosos desse renascimento e o mesmo acontece no Japão, onde Sandel é comparado a astros da música e celebridades televisivas. Sua popularidade é inconteste na Terra do Sol Nascente. Quando esteve em Tóquio para suas apresentações, longas filas podiam ser vistas horas antes do evento."

"__A ideia de que precisamos mais de homens práticos que de filósofos e outros teóricos, que está subtendida na reforma do ensino proposta pelo Ministro Mendonça Filho, é um raciocínio que espelha nada mais nada menos, a preguiça intelectual proporcionada por nossa educação."

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