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Cuidadores devem estar mais atentos à saúde bucal dos pacientes, alerta especialista

19 abr 2017 - 17h07
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O aumento da expectativa de vida é algo muito positivo para um país. Mas, ao mesmo tempo em que aumenta o número de idosos e eles vivem mais, consequentemente também há um ganho de preocupação em relação às doenças do envelhecimento. Nesse sentido, é importante que a Ciência busque meios de fazer dessa fase uma experiência de vida agradável. De acordo com Marcio Tonoli, diretor do Departamento de Odontogeriatria da APCD (Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas), a higiene bucal dos idosos deve receber muito mais atenção do que normalmente recebe. "Quando a pessoa envelhece, não se trata mais de escovar os dentes, passar o fio dental, e está tudo bem. Nessa fase, ter uma boa saúde bucal exige mais atenção do paciente e, principalmente, dos cuidadores. O mau hálito, por exemplo, pode indicar que algo muito mais sério está acontecendo. Esse tipo de sintoma, bem como a síndrome de boca seca, sangramento gengival e lesões de cárie podem indicar outros problemas de saúde".

Tonoli explica que, com o passar do tempo, muitas pessoas podem ter problemas para escovar os dentes em decorrência da diminuição da força muscular e de doenças que provocam alterações nas mãos e nos dedos, dificultando a empunhadura adequada do cabo da escova dental. Mas há também aquelas pessoas que não têm disciplina para cumprir com todo ritual de higienização bucal durante o dia - talvez, por não terem recebido orientação correta de como realizar esse procedimento adequadamente.

"Uma boa parcela dos idosos que atendemos escova os dentes apenas uma vez ao dia. Alguns, inclusive, precisam ser lembrados de fazer isso, caso contrário nem fariam. Mas é um erro muito grande quando os cuidadores - sejam familiares, sejam profissionais contratados - não se alarmam diante desse descuido. Há uma vasta literatura comprovando que problemas odontológicos não tratados ou mal tratados podem até mesmo resultar em infecções que atingem órgãos vitais, como coração e pulmão", afirma o odontogeriatra.

Outro problema muito comum na terceira e quarta idade é a má nutrição. Segundo o especialista, por volta dos 70 ou 80 anos, a pessoa já passou por muitos tratamentos odontológicos, eventualmente já perdeu alguns dentes naturais ou, inclusive, faz uso de alguns tipos de prótese - como a prótese total, por exemplo. Como o rosto vai se transformando com o tempo, a musculatura da mastigação sofre alterações significativas. Mastigar, muitas vezes, pode ser um desafio e tanto para algumas pessoas. "Para determinados pacientes, comer exige algum esforço. Por isso, ao longo do tempo, eles passam a preferir alimentos macios e de fácil deglutição. Resultado: emagrecem, adoecem e não encontram forças para combater as doenças do envelhecimento. Por isso é tão importante não deixar chegar neste ponto. Quando o idoso para de comer até mesmo os alimentos de que mais gostava, o cuidador deve perceber aí um sinal de alerta", diz Tonoli.

A ingestão de vários medicamentos de uso contínuo também tem como desdobramento alguns problemas bucais, como a xerostomia. Ao contrário do que muita gente pensa, o envelhecimento não altera a função das glândulas salivares, nem sua capacidade de produção de saliva. Mas os medicamentos, estes sim, podem provocar alterações das glândulas salivares, levando à sensação de boca seca. O problema é que essa queda no volume e na qualidade da saliva produzida pelas glândulas salivares da cavidade bucal acaba algumas vezes dificultando a deglutição e diminuindo a resistência para alguns tipos de infecções orais, especialmente causadas pelo fungo Candida spp (candidíase oral, conhecida como 'sapinho').

"Quando isso não é diagnosticado e tratado a tempo, pode levar ao surgimento de infecções e até mesmo à perda dos dentes. Tanto a xerostomia, como a hipossalivação, podem ser resultado do uso de medicamentos para o tratamento de depressão, obesidade, incontinência urinária, mal de Parkinson, diabetes, anemia, fibrose cística, hipertensão e artrite reumatoide, entre outras doenças. Por isso, novamente, os cuidadores devem estar sempre atentos às prescrições médicas, avaliando os desdobramentos dos vários medicamentos ingeridos diariamente pelo idoso e o quanto um determinado remédio pode estar impactando o bem-estar daquele paciente", diz o cirurgião-dentista.

Em casos como esse, Tonoli sugere reportar o problema ao médico e procurar saber se existe a possibilidade de trocar a prescrição por outra que não faça tão mal - ou ainda alterar a quantidade da dose administrada. De todo modo, vale a pena gerenciar - ou até mesmo realizar - a higienização bucal do paciente, lembrando que até as próteses totais (dentaduras) devem ser muito bem escovadas.

Fonte: Dr. Marcio Tonoli, diretor do Departamento de Odontogeriatria da APCD - Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas - www.apcd.org.br

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