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Tanzaniano cria projeto que transforma lixo em saúde

2 abr 2017 - 10h00
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Seis quilos de plástico por semana em troca de um seguro médico para uma criança durante um ano. Esta é a oferta de uma empresa que está ajudando a acabar com os milhares de quilos de lixo que se amontoam nas ruas da Tanzânia.

Em um país com uma produção diária de quatro mil toneladas de lixo, sendo que 40% é plástico, o tanzaniano Christian Mwijage decidiu empreender um negócio que está servindo para conscientizar a sociedade sobre o cuidado do meio ambiente.

Além disso, também está melhorando o bem-estar em um país onde a saúde não é gratuita e as famílias mais humildes não podem pagar pelas despesas médicas mais básicas, o que faz com que muitas crianças morram por doenças que poderiam ser prevenidas.

"Achamos que o lixo pode ter um impacto positivo na comunidade", disse à Agência Efe Mwijage, diretor-executivo da EcoAct, empresa que ganhou o prêmio anual de empreendimento do Fórum de Finanças e Investimento na África (AFIF, em sua sigla em inglês).

A troca ocorre depois que se chega a um acordo com as famílias que recolhem os resíduos de plástico das ruas dos assentamentos informais. Posteriormente, uma equipe da EcoAct os retira e processa para transformá-los em madeira plástica.

Em troca de uma contribuição de seis quilos de plástico por semana, a empresa proporciona um seguro médico para uma das crianças da família durante um ano. Se conseguir coletar mais resíduos, têm a possibilidade de estender a cobertura médica a outros menores.

Também existem pontos de recolhimento em diferentes bairros de Dar el Salam, onde grupos de mulheres e jovens colaboram na coleta de resíduos.

A iniciativa, que começou nos últimos meses, está sendo bem recebida pela comunidade, razão pela qual agora os idealizadores tentam buscar mais investimento para crescer e oferecer esta troca a muitas mais famílias que já mostraram interesse, explicou Mwijage.

Desta maneira, destacou, está mudando a atitude da comunidade com o meio ambiente e melhorando a gestão dos resíduos para conseguir a eliminação do plástico das ruas do país.

Todo este lixo tem uma segunda oportunidade mais respeitosa com o entorno ao transformá-lo em madeira plástica, um material de construção e fabricação de móveis de alta durabilidade.

"É um produto alternativo à madeira forte, mais durável, mais barato e sustentável em nível ambiental, do qual se poderia tirar benefícios enquanto ajudamos a salvar as florestas da Tanzânia", reforçaram os representantes da EcoAct.

Outro dos projetos que foi iniciado é o "Green Learning" (Aprendizagem verde, em inglês), com o qual pretendem fabricar carteiras com este material reciclado para distribui-las pelas salas de aula do país, onde grande parte dos alunos estudam sentados no chão.

"O governo oferece desde o ano passado educação secundária gratuita. Agora há muitos estudantes no país, mas não têm onde sentar", declarou Mwijage.

Cerca de 95 milhões de crianças não têm acesso a carteiras nas salas de aula na África Subsaariana, o que influencia em seu rendimento e concentração, segundo dados desta empresa.

Com escrivaninhas e cadeiras onde poder se sentar, os alunos podem sentir a "dignidade" e a "inspiração" necessárias para desenvolver suas mentes, nutrir seus talentos e se transformar em cidadãos responsáveis na comunidade.

Após ter vendido algumas destas econômicas carteiras, Mwijage antecipou que agora negociam com o governo tanzaniano para abastecer com estes produtos às escolas públicas do país.

"A educação é essencial para construir uma comunidade que possa progredir", finalizou este tanzaniano, que acredita que a conscientização das novas gerações permite melhorar a gestão resíduos urbanos, um dos problemas ambientais contra o qual luta grande parte das principais cidades africanas.

EFE   
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