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Skopje oferece transporte público gratuito para combater alta poluição

9 fev 2017 - 10h05
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Os moradores da capital da Antiga República Iugoslava da Macedônia (ARIM), Skopje, convivem nos últimos dias com um nevoeiro de poluição que paira sobre a cidade e que lembra os observados habitualmente em Pequim.

"Não se pode respirar. Arde os olhos", disse à Agência Efe Martin, de 20 anos, enquanto espera em um ponto de ônibus do centro.

Um sentimento comum a muitos dos 700 mil moradores, que dirigem ao trabalho na hora do rush a cada manhã e que veem que os picos de poluição não cessam um dia após outro, um fenômeno que se agrava com o frio.

"Terrível, terrível. Odeio quando isso acontece no inverno. Todo este tráfego, os novos edifícios. Acabaremos envenenados", acrescentou uma mulher mais velha enquanto cobria a boca e o nariz com o cachecol.

Perante este cenário, as autoridades da capital recorreram a uma proposta pouco habitual: desde o início desta semana, o transporte público é gratuito.

Com a medida, a prefeitura espera reduzir a afluência de carros e com isso a poluição, mas a iniciativa não teve o êxito esperado, pois o centro estava, como sempre, com muitos carros e durante o primeiro dia, muitos cidadãos se queixaram da escassez de ônibus.

Após muitos anos de aumento incessante da poluição, Skopje alcançou níveis 25 vezes maior do que o aconselhável das perigosas partículas PM-10.

O ideal é 50 microgramas por metros cúbicos e Skopje chega a registrar mais de mil microgramas por metros cúbicos.

A poluição, que alcança seu pico desde a madrugada até o início da manhã, é preocupante sobretudo no inverno, já que no resto do ano a capital tem uma qualidade aceitável de ar.

Edificada entre montanhas, a capital macedônica vive habitualmente muitos episódios de nevoeiro, mas o crescimento exponencial de sua população nas últimas décadas, e portanto dos carros, a transformou nesta temporada em uma ameaça para o meio ambiente.

"O transporte público será gratuito até que vejamos que a poluição reduziu", afirmou o prefeito Koce Trajanovski em uma coletiva de imprensa na segunda-feira.

A prefeitura pediu aos municípios da capital que se envolvam financeiramente para implementar a medida.

Uma das vantagens da frota de ônibus de Skopje é que não tem veículos de mais de seis anos e muitos deles foram adquiridos como parte de um plano nacional para reduzir a poluição, razão pela qual não é tão contaminante como a de outras capitais.

No entanto, muitos estudos científicos mostram que uma das principais razões pelas quais Skopje sofre com esta poluição é a calefação dos lares.

Embora uma grande parte da cidade use gás natural como calefação, muitas casas ainda queimam madeira ou outros materiais como gasóleo para as estufas. Em alguns lares pobres, inclusive, são queimados plástico, borracha e pneus velhos.

Embora as autoridades locais deem subsídios para estufas que funcionam com pallets de madeira, o problema está longe de ser resolvido e o projeto lançado em 2014 para fornecer gás a muitos mais lares em Skopje, com um custo de 100 milhões de euros, ainda não foi finalizado.

Além dos carros e da calefação, os meteorologistas explicam que a geografia de Skopje, situada em um vale, não ajuda a dissipar a poluição.

"A indústria, os carros e o ar estagnado no vale de Skopje, as altas pressões... tudo contribui para esta situação", explicou à Efe o professor de Meteorologia, Vlado Spiridonov.

Mesmo assim, alguns residentes da capital macedônia não estão tão preocupados. Os mais poderosos escapam da poluição se mudando para os arredores, o que fez aumentar o preço do metro quadrado em 5 a 30 euros, ou inclusive mais.

"Gostamos disso. Estamos a 20 minutos do centro da cidade, mas respiramos ar limpo", disse à Efe Kosta, de 42 anos, enquanto limpava a neve em frente a sua casa na cidade de Gorno Sonje, cinco quilômetros ao sudeste do centro de Skopje.

Desta pequena cidade, o vale parece um lago de nevoeiro que cobre todos os edifícios da capital, e sem o som dos veículos quase não se pode dizer que há uma cidade sob ela.

EFE   
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