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Poluição industrial também atinge fossas marinhas, revela estudo

13 fev 2017 - 15h08
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Cientistas no Reino Unido detectaram "níveis extraordinários" de poluição provocados pela atividade humana em duas das fossas oceânicas mais profundas do planeta, revela um estudo publicado nesta segunda-feira pela revista "Nature".

A pesquisa, desenvolvida pela Universidade de Aberdeen (Escócia), sugere que os altíssimos registros de poluição encontrados em duas depressões marinhas, que estão localizadas a mais de 10 mil metros de profundidade e afastadas de áreas industriais, demonstram que a poluição antropogênica na superfície pode chegar até os cantos mais remotos do mundo.

"Os níveis de poluição eram consideravelmente mais altos que os medidos em regiões próximas a zonas fortemente industrializadas, o que coloca a existência de uma bioacumulação de poluição antropogênica e aponta que estes poluentes são onipresentes nos oceanos do mundo e em suas profundezas", explica a equipe de pesquisa, liderado pelo especialista Alan Jamieson.

Para seu estudo, foram analisadas amostras de crustáceos anfípodas recolhidas pelo submarino "Deep-sea Landers" na fossa das Marianas e das Kermadec, situadas no oceano Pacífico norte e sul, respectivamente, e separadas entre elas por cerca de 7 mil quilômetros de distância.

Os crustáceos capturados nas Kermadec e nas Marianas, em profundezas de entre 7.227 e 10 mil metros e 7.841 e 10.250 metros, respectivamente, tinham níveis de poluição similares ou superiores aos presentes na baía de Suruga, uma das zonas do noroeste do Pacífico mais castigadas por a poluição industrial.

Os pesquisadores encontraram "níveis extremamente altos" de poluentes orgânicos persistentes (POPs, pela sigla em inglês) nos tecidos gordurosos dos anfípodas.

Entre os POPs figuram as bifenilas policloradas (PCBs) e difenil éteres prolibromados (PBDEs), utilizados habitualmente em fluidos dielétricos e em retardadores de chama, respectivamente.

Estas substâncias poluentes, presentes, por exemplo, em peças de vestir como retardador de chamas, são altamente tóxicas e podem permanecem no meio ambiente durante longo tempo sem se descompor e ser levado a grandes distâncias através de água e do ar.

Os autores deste estudo opinam que, provavelmente, os POPs chegaram até as fossas marinhas através de resíduos plásticos e da carniça que é depositada em suas profundezas, onde se transformam em alimento dos crustáceos anfípodas.

Em artigo adjunto ao estudo da Universidade de Aberdeen, a especialista Katherine Dafforn aborda o impacto do ser humano sobre zonas do planeta distantes que, no entanto, não escapam da poluição.

"Jamieson e seus colegas apresentaram provas claras de que o oceano profundo, ao invés de ser remoto, está altamente conectado com a superfície marinha e está exposto a concentrações significativas de poluentes fabricados pelo homem", destaca Dafforn, da Escola de Ciências Biológicas, Terrestres e Ambientais da Universidade de Nova Gales do Sul, em Sydney (Austrália).

EFE   
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