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Defesa das florestas argentinas navega a bordo do navio "Esperanza"

2 jan 2016 - 10h11
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A embarcação "Esperanza" do Greenpeace navega pela costa argentina com a missão de "proteger e fomentar" a lei de florestas do país e deter o alto nível de desmatamento, que tem influência direta nas graves inundações que atingiram Brasil, Argentina e Paraguai recentemente.

Daniel Rizzotti, um argentino de 49 anos com mais de 20 anos de trabalho no Greenpeace, é o capitão deste navio, o maior da frota manejada pela ONG.

Rizzotti também é o coordenador desta travessia com a qual pretendem denunciar a situação de "emergência florestal" que vive a Argentina, com o apoio de 19 ativistas, entre marinheiros, engenheiros e voluntários.

O único requisito para fazer parte desta aventura é "ter essa pequena parcela de loucura" que os leva a "continuar conseguindo conquistas ambientais", sempre de forma pacífica, garantiu Rizzotti em entrevista à Agência Efe.

Acostumados a dar a volta ao mundo, o fato de a Argentina ser um dos nove países do mundo em que mais florestas nativas são destruídas a cada ano os estimulou a percorrer agora a costa do sul ao norte para apelar, de outra forma, à consciência social.

Embora o país conte com uma Lei de Florestas desde 2007, o capitão do "Esperanza" assinalou que o contínuo descumprimento da norma e a passividade do governo argentino permitiu aos empresários utilizar estes terrenos de florestas nativas para explorações agropecuárias - principalmente soja e pecuária intensiva.

Para Rizzotti, o governo de Cristina Kirchner esteve "um pouco viciado" em temáticas ambientais,

"Implementaram uma lei, existe uma lei, mas o Estado não foi fiador para que essa lei seja forte e os controles sejam efetivos", esclareceu o capitão.

Para ele, a grande perda das florestas tem relação direta com as fatais inundações que assolaram Brasil, Argentina e Paraguai durante os últimos dias e deixaram mais de 25 mil pessoas evacuadas apenas em território argentino.

"Não é só o Greenpeace que diz, disseram também outros pesquisadores", ressaltou.

Por esse motivo, o ativista apelou agora ao novo governo de Mauricio Macri, de quem espera "uma visão distinta" e mais "positiva" em relação ao meio ambiente para que faça cumprir a lei e evite que se continue perdendo uma massa florestal da qual só resta 27% do que havia há 25 anos.

A tripulação do "Esperanza" está consciente que seu barco está longe das áreas mais afetadas pelos desmatamentos, localizadas no norte argentino, mas acredita que a campanha de portas abertas que realizam, conhecida como "Open boats", e efetuada em sua "embaixada flutuante", é agora "mais importante que nunca".

Victoria González, uma voluntária argentina, está há dois meses a bordo do "Esperanza" e é uma das encarregadas de explicar a gravidade da situação florestal do país aos que visitam o barco.

Além disso, ela mostra como é a vida e o trabalho dos tripulantes dentro da embarcação, assim como sua história e as campanhas em que já participou.

González não é a única. Entre os que viajam a bordo do "Esperanza" há gente que decidiu dar um giro radical em sua forma de vida, outras que o complementam com sua atividade profissional e muitas outras histórias de quem se dedica a conservar um meio ambiente que "é responsabilidade de todos".

Durante as travessias, surge muito mais do que um mero vínculo de companheirismo. O grupo é para eles uma "pequena família", com a qual comemoram aniversários, o Natal e a entrada do novo ano.

Todos os tripulantes são unânimes em dizer que se trata de uma experiência "viciante", para a qual se torna muito difícil dizer não.

Sua próxima parada é a cidade Mar del Plata, onde ficarão atracados durante três dias para, em seguida, continuar seu trabalho de divulgação até Rosário e Buenos Aires, antes de empreender viagem rumo à África do Sul para a nova expedição deste barco, que navega sempre com ares de esperança.

EFE   
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