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Bao Bao: a última protagonista da 'diplomacia dos pandas'

22 fev 2017 - 16h39
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O retorno à China nesta quarta-feira do panda gigante Bao Bao, a última protagonista da 'diplomacia dos pandas', mostra o lado mais amável das relações entre o país asiático e os Estados Unidos após a eleição de Donald Trump como presidente.

Nos últimos dias, a fêmea de três anos tomou as capas dos jornais americanos, que relatavam sua mudança de terras americanas à Base de Pesquisa e Conservação do Panda-gigante de Chengdu.

A pequena Bao Bao - 'bebê' em chinês - é neta do casal que Mao Tsé-tung deu de presente para o presidente Richard Nixon após sua histórica viagem à China, em fevereiro de 1972, e cujo início completa 45 anos hoje, momento que marca um ponto de inflexão na famosa 'diplomacia dos pandas', que até então tinha tido pouca repercussão. Aquela era a primeira vez que um presidente americano visitava a China após mais de duas décadas sem relações entre as duas potências.

O gigante asiático percebeu a admiração que os pandas geravam e aproveitou para transformar esses mamíferos em um símbolo nacional e projetar uma imagem mais gentil da China no exterior.

"As relações entre os países não funcionam só em nível político e econômico, mas também em nível social e cultural", explicou à Agência Efe Zhu Feng, especialista em Relações Internacionais da Universidade de Nankin.

Para o professor, a China utiliza os ursos como embaixador da cultura e "embora Bao Bao seja agora a protagonista mais conhecida da diplomacia dos pandas, a China tem acordos com muitos outros países".

Este tipo de política foi muito praticada pelo governo chinês entre os anos 60 e 80. Nesse período a China usou mais de 20 pandas como presente para dez países, entre eles Reino Unido e a antiga União Soviética.

Foi em 1984 - quando o panda entrou em risco de extinção - que a China estabeleceu um sistema de empréstimo, em vez de usar o bicho como mimo para manter relações especiais.

Nos anos 90, os casais passaram a ser enviadas a zoológicos estrangeiros sob a condição de empréstimos em longo prazo. Por eles, a China exige hoje em dia cerca de US$ 1 milhão (mais de R$ 3 milhões) por ano durante 10 anos.

"A estratégia funciona porque os pandas são vistos como criaturas alheias à política", explicou à Efe Elena Songster, historiadora americana e autora de um livro dedicado às políticas florestais em Fujian.

Um dos casos mais famosos nos últimos anos foi o de Taiwan, que sob a presidência de Ma Ying-jeou, em 2008, deixou de lado as disputas com a China sobre sua soberania e aceitou dois pandas de presente abrindo as portas a laços econômicos, que se materializaram em novas rotas de transporte.

A previsão é de que Bao Bao, que saiu de Washington ontem, chegue hoje à noite a Chengdu. Ela viaja acompanhada de um cuidador e um veterinário para alimentá-la com mais de 27 quilos de bambu, maçã, pera e batata-doce.

Ela passará um mês de quarentena antes de se juntar ao programa de criação do Zoológico Nacional dos Estados Unidos e da Associação para a Conservação da Vida Silvestre da China (CWCA), pensado para dar continuidade a esta espécie tão sexualmente inativa.

EFE   
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