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A inovação da gestão para um mundo sustentável

18 dez 2012 - 11h36
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Uma série de fenômenos complexos tem desafiado a humanidade no século 21. Em um ambiente de interdependência das organizações humanas em escala global, as crises financeiras recorrentes, com sérios impactos sociais, e a gravidade da degradação ambiental decorrente do crescimento econômico evidenciam que é insustentável o atual modelo de desenvolvimento, baseado na cultura do consumo.

A necessidade de um crescimento sustentável em todas as suas dimensões e da gestão da inovação para esse fim tornaram-se alguns dos temas mais importantes na administração das empresas na última década. Pesquisa realizada pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) com as empresas filiadas à instituição confirma este cenário. Ela constata que 97% das organizações consideram fundamental inovar para buscar a sustentabilidade, tanto do negócio quanto da economia e do planeta. No entanto, o mesmo levantamento revela que 70% dos entrevistados acreditam que as empresas estão preocupadas, mas não investem em inovação para a sustentabilidade.

O resultado da pesquisa mostra que as organizações carecem de ações inovadoras e que sejam, de fato, sustentáveis. Os esforços atuais para solução desses desafios, na maioria dos casos, mitigam apenas temporariamente os processos globais de degradação ambiental e de desigualdade social, gerando ainda pouca contribuição efetiva para o desenvolvimento sustentável de toda a humanidade. Medidas mais comumente aceitas, tais como a redução da emissão dos gases de efeito estufa na atmosfera, são relevantes para a amenização do aquecimento global. Entretanto, isso não é suficiente, uma vez que a magnitude absoluta dos problemas cresce em escala global com o crescimento da humanidade.

O processo atual de desenvolvimento sustentável é mais uma adaptação do ambiente em que vivemos do que uma visão de um ideal para o futuro. Em uma sociedade fundamentada na cultura de consumo e no crescimento exponencial do uso dos recursos naturais, o foco dos esforços para o desenvolvimento sustentável tem sido a remediação gradativa dos sintomas e não a solução de suas causas fundamentais.

Diante dessa situação, há a necessidade de mudanças de cultura e de atitude da sociedade, originadas principalmente na gestão de suas organizações, sejam elas públicas ou privadas. A humanidade e suas organizações são sistemas vivos, integrantes de ecossistemas complexos e adaptativos em nosso planeta, com os quais interagem e dos quais dependem. Paradoxalmente, pesquisas recentes em biologia evolutiva evidenciam que o principal agente de desenvolvimento da espécie humana é sua capacidade em cooperar e se organizar das mais diversas formas para isso. Essa visão sistêmica precisa, então, ser incorporada ao processo de gestão da inovação e que o ideal de cooperação para a sustentabilidade faça parte do planejamento estratégico e da agenda das organizações de forma concreta e com entendimento mais amplo.

O conflito entre o que é desejável para a sociedade e o que é aceito pelo indivíduo está presente em quase todos esses desafios. O maior de todos ¿ salvar o planeta maximizando o bem-estar coletivo - não poderá ser resolvido apenas com inovação tecnológica. É necessário que a gestão de maneira global (incluindo das organizações, a sociedade e o planeta) promova a cooperação entre todos em harmonia com o meio ambiente. Para isso, torna-se importante gerir a criatividade da espécie humana, refinando e ampliando nossa capacidade de cooperar e inovar na gestão das organizações. Na natureza e em nosso planeta, cooperação é essencial à vida.

Ricardo Corrêa Martins é diretor institucional da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ).

Fonte: DiárioNet DiárioNet
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