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Pesquisa mostra 867 tipos de vírus conhecidos vivem nos oceanos

27 set 2016 - 09h50
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Os biólogos elevaram para 867 o número de tipos de vírus conhecidos que vivem nos oceanos, o triplo do que se achava até agora, segundo revelou uma pesquisa do Instituto de Ciências do Mar de Barcelona (ICM-CSIC) e da Ohio State University (EUA) que foi publicada nesta terça-feira na revista "Nature".

A elaboração deste novo catálogos de vírus oceânicos fornece novos dados sobre sua relevância ecológica na natureza e descobriu muitos genes funcionais nos vírus que têm um papel biogeoquímico no oceano.

O estudo concluiu que as entidades biológicas oceânicas menores, os vírus, apesar de muito abundantes, são muito mais diversas do que se pensava, e são mediadoras e moduladoras de funções biogeoquímicas oceânicas essenciais.

O trabalho foi possível graças às amostras recolhidas pelas expedições Tara Oceans e Malaspina 2010, que deram a volta ao mundo estudando os oceanos.

Os pesquisadores recolheram amostras dos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico e do Mar Mediterrâneo, desde a superfície até os 4 mil metros de profundidade, e nas amostras recolhidas concentraram os vírus e utilizaram ferramentas bioinformáticas para analisá-las.

"Conseguimos reconstruir e catalogar uma grande quantidade de vírus geneticamente diferentes que se agrupam em grupos que compartilham propriedades similares", explicou em comunicado do ICM-CSIC o professor Simon Roux, do laboratório do professor Matthew Sullivan, na Ohio State University, que liderou o trabalho.

"Este trabalho não só gerou um catálogo relativamente completo dos vírus oceânicos, mas também revela novos mecanismos com os quais quais os vírus modulam os gases do efeito estufa e a energia nos oceanos", disse Sullivan.

O trabalho utilizou as ferramentas da metagenômica e a bioinformática para unir os fragmentos de ácidos nucleicos das amostras como se fossem um quebra-cabeça, a partir do qual é gerado um "bioma do oceano".

Os pesquisadores identificaram 15.222 populações virais que podem se agrupar em, pelo menos, 867 grupos com propriedades similares, e muito diferentes uns dos outros.

"Isto triplica o número de vírus oceânicos conhecidos", afirmou a pesquisadora do ICM Silvia G. Acinas.

"Destes 867 grupos, 38 são abundantes e compreendem a maior parte dos vírus oceânicos. E dois terços das 15.222 populações foram descritos pela primeira vez neste trabalho", precisou.

Segundo a pesquisadora do ICM e coordenadora da pesquisa em vírus na expedição Malaspina, Dolors Vaqué, "estes resultados servirão para entender melhor o papel dos vírus nas redes tróficas microbianas".

Os pesquisadores também detectaram nos genomas dos vírus vários centenas de genes funcionais, que têm um papel biogeoquímico no oceano e que provêm dos hóspedes dos vírus.

"Cada vez que um vírus infecta uma célula do oceano, além da infecção, pode apresentar genes novos, fazendo os vírus intervirem nos ciclos do nitrogênio e do enxofre, provavelmente modulando o funcionamento destes ciclos no oceano", especificou José María Gasol, professor de pesquisa do ICM e coordenador da pesquisa em microorganismos na expedição Malaspina.

EFE   
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