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Sonda descobre depósitos de gelo no polo norte da Lua

Missão indiana com radar da Nasa identificou crateras cheias de gelo no satélite.

2 mar 2010 - 07h57
(atualizado às 08h46)
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A sonda lunar indiana Chadrayaan-1, equipada com um radar americano, identificou depósitos de gelo em mais de 40 crateras no polo norte da Lua, informou a Nasa durante uma conferência de ciência planetária no Texas, Estados Unidos.

A sonda identificou depósitos de gelo em mais de 40 crateras no polo norte da Lua
A sonda identificou depósitos de gelo em mais de 40 crateras no polo norte da Lua
Foto: Nasa / Divulgação

Outros compostos, como hidrocarbonetos, estão misturados ao gelo lunar, segundo os resultados de uma missão da Nasa ao satélite chamada LCROSS.

As crateras contendo gelo têm diâmetro entre 2 km e 15 km, mas a quantidade de gelo em cada uma delas varia. A Nasa, no entanto, afirma que as camadas de gelo devem ter pelo menos dois metros de espessura para terem sido identificadas pelo radar Mini-Sar, da agência americana, a bordo da sonda indiana.

O cientista Paul Spudis, do Instituto Lunar e Planetário de Houston, estimou que haja pelo menos 600 milhões de toneladas de gelo nessas crateras.

Na sombra

Em comum, as crateras têm grandes áreas onde a luz do sol nunca chega. Em algumas delas, a temperatura pode chegar a 25 Kelvin (248ºC negativos) - mais frio do que a superfície de Plutão - permitindo que o gelo permaneça estável.

"Na sua maioria, é puro gelo", disse Spudis, que "pode estar sob alguns centímetros de regolito (camada de material solto que cobrem a superfície) lunar seco". Esta camada protetora de solo poderia evitar que blocos de puro gelo evaporassem, mesmo em áreas expostas à luz do sol, explicou ele.

Em fevereiro, o presidente americano Barack Obama cancelou o programa criado para levar os americanos de volta à Lua até 2020. Mas, segundo Spudis, "agora podemos dizer com alguma confiança que uma presença humana sustentável na Lua é possível. É possível usando os recursos que encontramos lá".

"Os resultados dessas missões, que vimos nos últimos meses, estão revolucionando totalmente nossa visão da Lua".

Sondas não tripuladas

A Chandrayaan-1 foi a primeira contribuição da Índia para a frota de sondas não tripuladas lançadas à Lua nos últimos anos. O Japão, a Europa, a China e os Estados Unidos também enviaram missões com equipamentos para explorar o satélite em detalhes sem precedentes.

Os cientistas também descobriram que o gelo encontrado na Lua tem procedências e características variadas. Um dos meios mais importantes de formação de água na Lua é pela interação com o vento solar, o fluxo de partículas que se move rápida e constantemente para fora do Sol.

A radiação espacial detona uma reação química na qual átomos de oxigênio já encontrados no solo adquirem núcleos de hidrogênio, formando moléculas de água e a molécula mais simples de hidrogênio e oxigênio (HO). Esta água "adsorvida" pode estar presente em finas camadas cobrindo o solo lunar.

A missão da LCROSS ainda identificou a presença, no solo lunar, de hidrocarbonetos, como etilenos. Segundo o cientista chefe da missão, Anthony Colaprete, do Centro de Pesquisas Ames, da Nasa, os hidrocarbonetos podem ter chegado à superfície lunar trazido por cometas e asteroides - outra fonte vital de água lunar.

Mas, ele acrescentou, algumas dessas formações poderiam ter surgido através de reações químicas entre grãos de poeira inter-estelar acumulados na Lua.

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