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Primeiro bebê de reprodução assistida do RS faz 20 anos

23 fev 2009 - 11h43
(atualizado às 12h05)
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Fabiana Leal

Direto de Porto Alegre

O primeiro bebê concebido por meio de técnicas de reprodução assistida no Rio Grande do Sul, completa 20 anos nesta segunda-feira. Álvaro Luis Gonçalves Santos, estudante do 3º semestre de Economia da Pontifícia Universidade Católica (PUC), em Porto Alegre, garante que não se sente diferente das outras pessoas, mas tranquilo em relação a isso.

Álvaro Luis,  primeiro bebê concebido por técnicas de reprodução assistida no RS , completa 20 anos
Álvaro Luis, primeiro bebê concebido por técnicas de reprodução assistida no RS , completa 20 anos
Foto: Divulgação

"Quando eu era menor, era mais curioso para saber como era. Agora sou tranquilo. Os amigos sempre brincavam. Hoje, é difícil surgir o assunto. As pessoas descobrem (que tive uma reprodução assistida) quando lêem em jornal ou quando um parente meu fala. Na faculdade, ficaram sabendo quando eu entrei e foram fazer uma matéria comigo de como seria o meu primeiro dia de aula", disse.

O nascimento de Alvinho, em 1989, no Hospital São Lucas, em Porto Alegre, representou um marco na história da medicina gaúcha. "O tema ainda era pouco conhecido pelos profissionais da área e, menos ainda, pelos pacientes", disse o médico Alvaro Petracco, diretor do Fertilitat - Centro de Medicina Reprodutiva, responsável pelo tratamento do casal Iara e João Luís dos Santos, pais do jovem. O casal, contente com o resultado, deu ao filho o nome do médico combinado com o nome do pai.

Técnica
O método utilizado para a reprodução assistida de Alvinho foi a GIFT (transferência intratubária de gametas). "Se achava que era mais fisiológico (do que a fertilização in vitro - uma outra técnica que também visa a substituir uma etapa deficiente do processo reprodutivo), pois se retirava o óvulo da mulher, pegava-se o espematozóide e misturava os dois em uma gota e colocava dentro das trompas".

Na fertilização in vitro, onde os bebês ficaram conhecidos como "de proveta", o óvulo e o espermatozóide eram reunidos, inicialmente em um tubo, mais tarde em um placa, e se transferia para o útero o embrião. Ao longo dos anos se viu que a fertilização in vitro era melhor porque já transferia embriões. De acordo com o médico, a GIFT não é mais utilizada.

Confome Petracco, há 20 anos, a chance de o resultado dar certo era de 10%. Hoje esse índice é de 50% porque houve um avanço tecnológico na área. A própria fertilização in vitro, a técnica mais utilizada, teve avanços. Hoje é possível injetar o espermatozóide dentro do óvulo.

Apesar de não ser um autêntico "bebê de proveta", Alvinho às vezes ouve esse apelido. Mas ele sabe na ponta da língua todo o método utilizado na sua reprodução. Ele nasceu após a terceira tentativa do processo GIFT. A gravidez de sua mãe foi tranquila e recebeu nota máxima no teste de Apgar, que avalia as condições do bebê no momento do parto.

Primeira reprodução assistida
A primeira reprodução assistida do mundo - com uma fertilização in vitro - ocorreu na Inglaterra. Louise Brown nasceu em 1978. No Brasil, o primeiro bebê de proveta foi Ana Paula Caldeira. Ela nasceu em 1984 no Paraná. A mãe dela buscou auxílio médico em São Paulo, com o médico Milton Nakamura. Em 1991, Petracco também fez a sua primeira fertilização in vitro.

Conforme o médico, pesquisas apontam que de 10% a 14% dos casais que estão em idade reprodutiva (20 a 35 anos) têm algum tipo de problema para engravidar. Então os que conseguem, "ficam eternamente gratos", disse.

Segundo o médico, a relação que tem com os seus mais de 2 mil "filhos" nem sempre é pessoal, mas profissional. No caso do primeiro bebê de reprodução assistida, "a relação é um pouco diferente". Na infância, os encontros entre os dois era mais freqüente, hoje a assiduidade já é menor.

Preço
O preço para fazer uma reprodução assistida não teve muita variação ao longo desses 20 anos, conforme o médico. Mas ele garante que hoje a técnica está mais acessível. Uma fertilização in vitro custa entre R$ 8 mil e R$ 10 mil, com os medicamentos que a mulher precisa receber para o amadurecimento dos óvulos antes de serem coletados.

Fonte: Redação Terra
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