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Identificado como o câncer resiste à quimioterapia

4 jan 2009 - 21h11
(atualizado às 21h32)
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Um grupo de cientistas identificou um mecanismo que faz as células dos tumores cancerígenos sobreviverem à quimioterapia e voltarem a se desenvolver, o que pode explicar por que alguns cânceres voltam a se reproduzir.

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A pesquisa, publicada pelo British Journal of Câncer, foi dirigida pelo professor Ming-Chiu Fung, da Universidade Chinesa de Hong Kong, e demonstra que o câncer pode reverter o processo natural que leva às células à sua morte.

Para este trabalho, os cientistas trataram células de cânceres de colo de útero, pele, fígado e mama, e iniciaram com três substâncias químicas distintas seu processo de apoptose (uma forma de morte celular, que está regulada geneticamente).

Até agora, era um fato contraditório que as células normais conduzidas artificialmente para seu suicídio alcançassem um ponto sem retorno, após o qual tinham que morrer, inclusive caso se detivesse a apoptose artificial.

Mas os autores desta pesquisa comprovaram que havia células que cruzavam esse ponto de não-retorno e ainda eram capazes de se recuperar, depois de retirado o elemento indutor.

As células recuperavam seu tamanho e função, e seguiam se dividindo, perecendo somente quando o núcleo contendo a maior parte de seu DNA começava a se desintegrar-se, algo que ocorre apenas na fase final do processo da morte celular.

"Demonstramos que várias fileiras de células cancerígenas podem sobreviver à morte celular programada. A pesquisa sugere a existência de uma via de escape tático à qual as células podem recorrer para sobreviver ao tratamento com quimioterapia", explicou o professor Ming-Chiu.

"Nossas averiguações oferecem novas pistas para investigar o que permite às células cancerígenas voltar à vida após um tratamento de quimioterapia ou de que maneira esta capacidade para reverter a morte celular contribui para que sigam se dividindo e crescendo durante os ciclos de tratamento contra o câncer", acrescentou.

Segundo Ming Chiu, "as respostas a estas perguntas nos permitirão conseguir novas metas terapêuticas na batalha contra o câncer".

O médico Lesley Walker, diretor de informação do Centro de Pesquisa do Câncer do Reino Unido, afirmou que "este descobrimento revelador nos apresenta um mapa inteiro de novas rotas a explorar na busca de novos objetivos terapêuticos".

"É um avanço intrigante, que esperamos que tenha um papel útil em nossos esforços para derrotar o câncer", disse o diretor deste centro de pesquisa, entidade que publica o British Journal of Cancer.

EFE   
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