Especialistas criticam ignorância em torno do mito do fim do mundo
19 dez2012 - 17h05
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A euforia e a incerteza alimentadas pelo mito de uma suposta profecia maia sobre o fim do mundo na próxima sexta-feira surgem de uma excessiva credulidade, ignorância, sensacionalismo e um desmedido afã por lucro, disseram especialistas consultados pela Agência Efe.
"Estas versões apocalípticas derivam de uma ignorância, mas em algumas ocasiões também de um afã por um lucro desmedido do qual se aproveitam para escrever livros, fazer filmes ou outras formas de expressão", comentou o arqueólogo Eduardo Matos.
Por sua parte, Alfredo López Austin, um historiador especialista em religião mesoamericana e em povos indígenas do México, explicou que "se a um dado curioso do calendário maia é acrescentado o sensacionalismo, o mercantilismo dos meios de comunicação, um notável nível de ingenuidade generalizada e muita vontade de aceitar o inexplicável e o catastrófico, se forma um coquetel complexo".
Matos afirmou que o "pensamento religioso sempre se nutriu de fábulas ou mitos por meio dos quais se tenta explicar diversos fenômenos para os quais o homem, em sua ignorância, não tem resposta".
Muitas pessoas interpretaram que a mudança de uma era que começou no ano 3.114 antes de Cristo em um ciclo do calendário maia significa uma "profecia" sobre o fim do mundo; no entanto, esta ideia é "completamente alheia e estranha ao pensamento maia antigo", declarou o arqueólogo.
Este mito, detalhou, "só pode ser compreendido no marco de nossa própria concepção apocalíptica ocidental, de nossos próprios temores e superstições, assim como de ideologias ecléticas pós-modernas que não carecem de interesses de lucro comercial".
López Austin, por sua parte, assinalou que a maioria das pessoas admira os maias como uma civilização notável, mas "ignoram sua história e boa parte de seu pensamento".
"A admiração mais o desconhecimento generalizado conduzem facilmente à fantasia. Quando algo não sabe, é mais fácil imaginar que ir às fontes de conhecimento", advertiu.
O arqueólogo Matos lembrou que em muitas religiões existe a gênese do mundo e de tudo que nos rodeia, mas também prevê um final.
Acrescentou que as ideias religiosas do Apocalipse estão presentes no pensamento cristão e abriram passagem ao milenarismo ocidental que se manifesta em muitos campos, onde o tempo se apresenta de uma maneira linear e sem repetições.
Em outras culturas, como as mesoamericanas, se aprecia uma visão cíclica, repetitiva do tempo, devido principalmente a sua observação da natureza e do movimento dos astros, indicou.
Matos ressaltou que a ciência avançou muito em elucidar diversos aspectos do surgimento do universo, da vida, da morte e outros mistérios, mas sempre permanecem crenças sem sustentação que as religiões, em geral, mantêm.
Por sua vez, López Austin insistiu que para os que se regem por crenças e não pelo exercício do pensamento crítico, "as falhas de uma crença podem ser substituídas pelas promessas de outra; as crenças velhas e inúteis são simplesmente substituídas pelas inovadoras e promissoras".
Salientou que no dia seguinte, ao comprovar que a profecia não se cumpriu, os adeptos a este tipo de crença assegurarão que "a profecia não foi plenamente realizada", que há "outras explicações ou esperarão que alguém lhes sirva outro prato com uma nova profecia".
Além disso, apontou que os "meios de comunicação sensacionalistas não fazem mais que aproveitar a situação para fomentá-la e lucrar".
López Austin considerou que "é falso" pensar que no século 21 o mundo vive em uma era científica, e assinalou que não se deve confundir a ciência com a técnica. "Vivemos uma época obscura, supersticiosa, acrítica", lamentou o historiador.
Alguns acreditam que o mundo acaba em 2012, e um dos motivos disso é justamente um filme que aborda o assunto. Temas apocalípticos não são novidade na cinematografia mundial assim como não são unânimes as versões para o fim do planeta. Apesar de apresentarem temáticas parecidas, as obras abordam o assunto de formas distintas. Na lista a seguir, você confere 10 exemplos do cinema sobre um possível fim do mundoTexto: Cartola - Agência de Conteúdo
Foto: Reprodução
Procura-se um Amigo Para o Fim do Mundo (2012): Um dos diferenciais de Procura-se um Amigo Para o Fim do Mundo (Seeking a Friend for the End of the World) é que o apocalipse já está selado, não há esperança de que alguém vá salvar o planeta. Já nas primeiras cenas, o corretor de seguros Dodge (Steve Carrell) ouve a notícia no rádio de que uma missão espacial que pretendia salvar o planeta fracassou
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Ao receber a informação de que um asteróide vai dar um fim em tudo dali a três semanas, a esposa do protagonista o abandona imediatamente. Os últimos momentos do personagem ganham a companhia de um cão abandonado e da vizinha até então desconhecida Penny (Keira Knightley). Dirigida pela cineasta estreante Lorena Scafaria, a obra aborda pouco o lado heróico do fim dos dias
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Nesse apocalipse, a história está centrada nas pessoas e nas suas reações, seja melancolia, vontade de aproveitar a vida, apatia ou ira. O mundo se torna um lugar difícil de viver, pois a maioria dos estabelecimentos comerciais fechou e muitas pessoas se aproveitaram da situação para cometer saques, vandalismo e violência. Ao longo do filme, o relacionamento entre o casal vai tomando ares dramáticos, românticos e cômicos
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Melancolia (2011):Um grande planeta chamado Melancolia está prestes a colidir com a Terra. Quanto mais o astro se aproxima, maior é desânimo e a tristeza que abate a protagonista Justine (Kirsten Dunst). Sem que as pessoas ainda tivessem noção do que estava por vir, a personagem começa a evidenciar um comportamento inconstante, desistindo do casamento no momento da festa. De outro lado está Claire (Charlotte Gainsboug), uma mulher forte e uma mãe dedicada
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Durante todo o filme, o fim do mundo é tratado como incerto: enquanto Justine acredita no apocalipse, o marido de Claire, John (Kiefer Sutherland), acha que ele é improvável. Apesar de observar diariamente a aproximação do planeta, o homem prefere se apoiar na opinião científica, que descrê na teoria do fim do mundo. Dividida em duas partes, denominadas Claire e Justine, Melancolia (Melancholia) é dirigido pelo dinamarquês Lars Von Trier
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2012 (2009):Assim como apontava a profecia maia, o fim do planeta Terra vai ocorrer em 2012. Embora a população não tenha sido informada, o governo dos Estados Unidos e de outras nações prepararam arcas para salvar parte da população. Para evitar o caos generalizado, as evidências das alterações climáticas são mascaradas. No entanto, o escritor Jackson Curtis (John Cusack) começa a perceber esses sinais e decide lutar em defesa da sobrevivência própria e da família
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Em pouco tempo, tsunamis, erupções vulcânicas, terremotos e afins destroem monumentos e espaços ao redor do mundo, como o Cristo Redentor e o Vaticano. O filme 2012 (2012) é dirigido por Roland Emmerich, um cineasta que já trabalhou em outras obras sobre catástrofes, como Independence Day e O Dia Depois de Amanhã
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Presságio (2009):Em 1959, estudantes de uma escola americana fazem desenhos que deverão ser encapsulados e reabertos somente dali a 50 anos. Numa cerimônia festiva, no ano de 2009, a escola presenteia os alunos com os antigos papéis. Uma das crianças recebe as anotações de uma menina misteriosa, que cometeu atos estranhos no passado
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Intrigado com as inscrições, o pai de uma criança, John Koestler (Nicolas Cage), decide decifrar o código e descobre que se tratam de datas de tragédias. Ele se dá conta de que o último dia assinalado pode se referir a algo ainda mais sério: o fim do mundo. Dirigido por Alex Proyas, Presságio (Knowing) é um filme que mistura elementos do mistério e do terror
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O Dia em que a Terra Parou (2008):O planeta está prestes a ser atacado por poderosos alienígenas. Klaatu (Keanu Reeves) é enviado para a Terra para anunciar que o planeta será destruído, pois a humanidade o está devastando. Em companhia de um superpoderoso robô, o visitante é recebido de forma hostil pelos governantes
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A principal chance de salvação do mundo está nas mãos da cientista Helen Benson (Jennifer Connely), que precisa provar que o ser humano não é tão ruim quanto parece, merecendo uma segunda chance. Com a direção assinada por Scott Derrickson, O Dia em que a Terra Parou (The Day the Earth Stood Still) é um remake da obra homônima lançada em 1951 e dirigida por Robert Wise
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Fim dos Tempos (2008):Repentinamente, milhares de pessoas começam a se matar. Neurotoxinas liberadas pelas plantas são o motivo para os suicídios em massa. Sem saber exatamente o que está ocorrendo, o professor Elliot Moore (Mark Wahlberg) e sua esposa, Alma (Zooey Deschanel), fogem para uma fazenda no interior
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No entanto, não há um lugar seguro para se esconder. Afinal, o vento está disseminando as partículas mortais. Fim dos Tempos (The Happening) é dirigido por M. Night Shyamalan, autor de O Sexto Sentido e Corpo Fechado
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Guerra dos Mundos (2005):Primeiramente uma estranha tempestade começa a se formar, depois acaba a transmissão de energia elétrica e, por fim, o planeta é atacado por poderosos alienígenas
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Em Guerra dos Mundos (War of the Worlds), Ray (Tom Cruise) tenta salvar a todo custo seus dois filhos de gigantescas máquinas extraterrestres que emitem raios incineradores. Com direção de Steven Spielberg, o filme é um remake de uma obra homônima lançada em 1953
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O Dia Depois de Amanhã (2004):A Terra começa a sofrer drasticamente fenômenos ambientais. Em um curto espaço de tempo, ocorrem tsunamis, furacões, nevascas ao redor do mundo. Devido ao derretimento das calotas polares, o volume de água aumenta de forma brusca, o que resulta numa série de alterações climáticas graves
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O climatologista Jack Hall (Dennins Quaid) percebe que esses acontecimentos estão conectados e compõem uma situação climática global. Ele tenta avisar o governo americano, mas, a princípio, não é levado a sério. Enquanto isso, seu filho adolescente (Jake Gyllenhaal) está em Nova York participando de uma competição escolar
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Devido à repentina mudança climática, os estudantes se abrigam na biblioteca pública de Manhattan e têm que lidar com o frio extremo e, até mesmo, com lobos que fogem do zoológico. O Dia Depois de Amanhã (The Day After Tomorrow) é dirigido pelo alemão Roland Emmerich
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O Núcleo - Missão ao Centro da Terra (2003):De forma repentina, a Terra para de realizar o movimento de rotação. Isso traz consequências gravíssimas, pois o magnetismo e a atmosfera do planeta começam a se deteriorar
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Por causa disso, a população pode ser dizimada por tempestades, radiação solar e outras alterações climáticas. Buscando reverter a situação, uma equipe de cientistas chefiada por Josh Keyes (Aaron Eckhart) organiza uma missão especial até o núcleo do planeta. O Núcleo - Missão ao Centro da Terra (The Core) é dirigido pelo inglês Jon Amiel
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Armageddon (1998): Uma chuva de meteoros atinge o planeta. Ao estudar o fenômeno, a Nasa descobre que um asteroide gigantesco está prestes a colidir com a Terra. Se isso ocorrer, todos os seres vivos serão extintos, assim como ocorreu milhares de anos antes com os dinossauros
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A 18 dias do choque, astronautas são enviados até o corpo celeste para perfurá-lo e inserir em seu núcleo uma bomba nuclear. Para que isso seja possível, o empresário do setor petrolífero Harry S. Stamper (Bruce Willies) é convocado a participar da missão. Dirigido por Michael Bay, Armageddon (Armageddon) foi lançado no mesmo ano de Impacto Profundo, uma obra que aborda o possível choque de um cometa fatal com o planeta