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Viajar ao espaço: o sonho das mulheres de se aproximar das estrelas

18 fev 2017 - 10h03
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Olhar para as estrelas e sonhar em poder estar em algum momento mais perto delas. Visitar o espaço, esse grande desconhecido para o ser humano, é o sonho de cada vez mais mulheres que se preparam para, algum dia, serem astronautas.

Quando as pessoas perguntavam à pequena Sandra Magnus o que queria ser quando crescer, ela respondia sem dúvidas que desejava ser astronauta, embora não soubesse que seu sonho poderia se tornar realidade. Não tinha referências anteriores.

Hoje Magnus tem 52 anos, é uma astronauta americana aposentada que viajou em até três ocasiões ao espaço (2002, 2008 e 2011) e se dedica a transmitir sua história a uma multidão de jovens em colégios e institutos.

"É muito importante que os jovens tenham um modelo a seguir que lhes ensine o que podem chegar a fazer no futuro", afirmou Magnus, emocionada, em entrevista à Agência Efe em Viena, no ano em que sua primeira viagem ao espaço completa 15 anos.

A astronauta participou recentemente da conferência "O espaço para as mulheres", realizada nesta semana no Escritório das Nações Unidas em Viena por ocasião do Dia Internacional da Mulher na Ciência.

Magnus, também diretora-executiva do Instituto Americano de Aeronáutica e Astronáutica, lembrou que em sua juventude devorava livros de ficção científica e ficava fascinada com os filmes da saga "Star Wars" e a série "Star Trek", ainda sem saber se algum dia poderia realizar seu sonho.

No entanto, tudo mudou quando a Agência da Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos (Nasa) admitiu em 1978 o primeiro grupo de mulheres, embora nenhuma delas tenha viajado em um foguete até 1983.

"Assim me mostraram que havia um caminho. Antes não sabia como fazê-lo", comentou a astronauta, que então decidiu estudar a carreira de Física e fez doutorado em Ciências dos Materiais, até que em 1996 a Nasa a selecionou para seu programa.

Só havia uma exceção: a viagem realizada pela pioneira russa Valentina Tereskova, a primeira mulher que viajou ao espaço, em 1963.

De todas as pessoas que foram ao espaço em nível mundial, só 10% são mulheres, enquanto na Nasa o número sobe até 20%, ressaltou Magnus.

Nos Estados Unidos somente 20% das pessoas que estudam ciências, tecnologia, engenharia ou matemática são mulheres, razão pela qual "a porcentagem da Nasa reflete a sociedade americana", acrescentou a astronauta.

Não é que seja mais difícil para uma mulher solicitar o posto de astronauta, mas "é mais difícil encontrar mulheres candidatas com as qualificações necessárias", explicou Magnus.

"Há mais homens qualificados porque há mais disponíveis. A amostra é maior, por isso que o processo de seleção é transparente, seja homem ou mulher", completou a astronauta.

O interesse pelo espaço e as possíveis viagens para Marte está aumentando nos últimos meses. Mais de 18,3 mil homens e mulheres americanos se candidataram para se tornar astronautas na última convocação aberta pela Nasa em 2016, segundo dados da agência espacial.

"O universo não tem fronteiras, portanto, não temos que criar linhas divisórias entre homens e mulheres", defendeu na conferência Chiaki Mukai, a primeira mulher japonesa que viajou ao espaço, em 1994.

A pioneira japonesa, de 62 anos e cirurgiã de profissão, reconheceu que antes de viajar "acreditava em muitos dos estereótipos sobre os astronautas", ideia que mudou na primeira vez que colocou o traje.

O importante é oferecer às mulheres da ciência a oportunidade de poder conciliar o trabalho com a vida pessoal e proporcionar um acesso à educação "completo e igualitário" para todos, especialmente nos países em desenvolvimento, porque são os "mais vulneráveis", ressaltou a cônsul argentina em Viena, Laura Jamschon.

É necessário corrigir a "percepção negativa" que as mulheres da ciência têm e mostrar que querer ser astronauta não é a única saída, mas profissionais da educação, da comunicação e do direito também têm espaço na Nasa, informou a diretora-executiva do Conselho Consultivo da Geração Espacial (SGAC, na sigla em inglês), a sul-africana Minoo Rathnasabapathy.

"É preciso inspirar as novas gerações, acabar com os estereótipos e criar um ambiente inclusivo sem preconceitos nas escolas", concluiu Rathnasabapathy.

EFE   
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