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Sonda Cassini inicia ato final após 20 anos de descobertas assombrosas

10 abr 2017 - 06h02
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A sonda espacial internacional Cassini, que orbita Saturno desde 2004, se prepara para seu ato final, sua desintegração na atmosfera do planeta dos anéis, após uma missão de 20 anos repletos de descobertas assombrosas, entre eles a possibilidade de vida fora da Terra.

É precisamente essa possibilidade a que levou os responsáveis da missão a lançar o robô espacial contra a superfície de Saturno para evitar que sua queda acidental em alguma de suas luas comprometa o desenvolvimento de vida incipiente.

Concretamente, o perigo é que caísse sobre Encélado, a pequena lua gelada de Saturno da qual Casinni realizou uma histórica aproximação em 2015 que permitiu determinar pela primeira vez a existência fora da Terra de água, energia química disponível e material orgânico, as condições para o desenvolvimento da vida.

Embora a sonda esteja há quase 20 anos sulcando o espaço exterior, os experimentos feitos na Estação Espacial Internacional (ISS) mostraram que os micróbios podem sobreviver durante anos em temperaturas extremas, na radicação e no vazio espacial, segundo explicaram os cientistas da Nasa (agência espacial americana).

Ao chegar ao fim de suas missões devido ao esgotamento do combustível que lhes permite mudar de trajetória aproveitando as forças gravitacionais, algumas sondas espaciais são abandonadas orbitando perpetuamente os objetos celestes que estudaram, mas, neste caso, os cientistas não querem correr riscos.

Se cair acidentalmente em Encélado ou em alguma das outras 61 luas de Saturno, algumas das quais poderiam ter caraterísticas similares, como Titã, os organismos microscópicos vivos que a Cassini pudesse portar poderiam comprometer o eventual desenvolvimento de vida nela.

A sonda Cassini, um projeto conjunto da Nasa, da Agência Espacial Europeia (ESA) e da italiana (ASI), vai ser agora posta em um curso por uma zona não explorada entre Saturno e seus anéis para que, nos 122.000 quilômetros por hora em que voa, entre na atmosfera gasosa desse planeta no próximo mês de setembro.

Deste modo, o robô espacial "se romperá, derreterá, vaporizará e se converterá em uma parte do mesmo planeta ao qual partiu há 20 anos para explorar", afirmou nesta semana o responsável pelo projeto Cassini, Earl Maize.

Na terça-feira, a equipe responsável pela missão enviará à Cassini os comandos definitivos para sua mudança de rumo, para que em 22 de abril a sonda passe pela última vez junto a Titã e em 26 se lance em seu novo curso, através de uma separação entre Saturno e seu anel de luas, no que será o começo de seu grande final.

Antes de precipitar-se contra o planeta, em meados de setembro, o robô espacial orbitará 22 vezes o curso inexplorado ao qual será lançado, com o objetivo de conseguir as últimas observações científicas de sua missão.

"Nenhuma nave espacial atravessou esta região única que tentaremos cruzar 22 vezes", disse Thomas Zurbuchen, administrador adjunto da Direção de Missões Científicas da Nasa em Washington.

A sonda robótica foi lançada ao espaço em outubro de 1997 e, desde então, esteve estudando o imenso planeta, seus anéis e seu campo magnético, especialmente desde 2004, em que chegou a suas imediações e começou o estudo de Titã, a maior lua de Saturno, e seus outros satélites.

Apesar de ter sido inicialmente programada para concluir seus trabalhos no final de 2008, se manteve ativa, com seus 12 instrumentos transmitindo informação do sistema, motivo pelo qual a Nasa decidiu em 2010 prolongar sua missão até este ano.

Durante o tempo que estudou Saturno, a Cassini fez numerosas e incríveis descobertas, incluindo a atividade hidrotermal existente no "oceano global" dentro da lua gelada de Encélado, bem como os mares líquidos de metano de Titã.

Além de mandar imagens inéditas de Saturno, seus anéis e suas luas, a sonda também descobriu que Encélado tem uma grande atividade geológica, incluindo uma nuvem de gelo, vapor de água e moléculas orgânicas emanando de sua região polar sul.

EFE   
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