Estudo indica como estrela 'mata' outra e cria buraco negro
30 nov2011 - 19h35
(atualizado às 20h11)
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Pesquisadores espanhóis descobriram como uma estrela induz outra à morte, em uma espécie de "assassinato estelar", que ocorre em pouco mais de meia hora e origina um buraco negro com uma massa maior que a do Sol e com diâmetro de 20 km.
A descoberta é fruto de uma pesquisa liderada por Christina Thöne e Antonio Ugarte Postigo, do Instituto de Astrofísica da Andaluzia, em colaboração com Miguel Ángel Aloy e Petar Mimica, da Universidade de Valência, e foi divulgada pela revista Nature.
O inovador estudo traz uma explicação plausível ao enigma conhecido como "Erupção do Natal", uma erupção de raios gama (GRB, na sigla em inglês) de mais de meia hora de duração, que ocorreu no dia 25 de dezembro de 2010.
Esta "Erupção do Natal", ou GRB101225A segundo sua identificação científica, é o resultado de uma estrela de nêutrons se fundindo com o núcleo de hélio de uma estrela gigante e antiga, a uma distância de 5,5 bilhões de anos-luz da terra.
Este exótico sistema binário passou por uma fase em que a estrela de nêutrons penetrou na atmosfera da estrela companheira gigante e, ao alcançar seu núcleo, se fundiu com ele, sendo o resultado uma gigantesca explosão, inicialmente invisível da Terra. O fenômeno possivelmente também origina um novo buraco negro.
A tremenda quantidade de energia liberada pela explosão foi canalizada longe do centro da estrela a velocidades próximas às da luz. Miguel Ángel Aloy explicou à agência EFE que antes se pensava que a maioria das GRB se associava às estrelas maiores que o Sol, que acabam produzindo supernovas.
No entanto, a "Erupção do Natal", segundo Aloy, é uma GRB rara, com propriedades distintas das que se conheciam até agora, podendo considerar o fato como uma evidência de que existe uma nova forma de se produzir buracos negros estelares.
"Uma estrela em massa morre formando uma supernova, enquanto esta foi induzida à morte por sua companheira, que chega ao núcleo da estrela, onde se induz uma explosão supernova incomum (de fato passaria despercebido se não fosse pela detecção da GRB) e um objeto muito compacto, possivelmente um buraco negro", afirmou.
Aloy assinalou que são frequentes os casais de estrelas (sistemas binários), "mas nunca tinha visto quase que ao vivo este assassinato estelar". A propriedade mais incomum desta GRB é que ela contém uma "contribuição térmica extraordinariamente potente", segundo Aloy.
As erupções de raios gama são flashes de radiação ultra-intensos, que podem chegar à Terra de qualquer direção do espaço. São fenômenos tão potentes e energéticos que apenas um deles pode ser tão luminoso como todas as estrelas visíveis simultaneamente no céu, embora ocorra somente em poucos segundos.
"A classificação das GRB pode ter que ser revisada à luz destas recentes observações, já que as estrelas parecem ter encontrado novas formas de morrer", concluíram.
Júpiter deixa o rastro mais brilhante, cruzando atrás da torre da igreja e se dirigindo para o horizonte. Veja a seguir outras incríveis imagens do espaço registradas do solo - e sem telescópio
Foto: Mark Humpage/Caters / BBC Brasil
Esta imagem, de Yuri Beletsky, foi registrada fora de um telescópio do Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês), no Chile. Ela foi eleita a imagem do ano de 2010 do Wikimedia Commons. O laser que é disparado pelo telescópio serve para a criação de uma "estrela" artificial, usada para corrigir as distorções causada pela atmosfera nos registros astronômicos
Foto: ESO/Y. Beletsky / Divulgação
Juan Mabromata fotografou a Via Láctea sobre Balgowan durante a Copa do Mundo de 2010
Foto: AFP
A Via Láctea pode ser vista sobre o Monte Paranal, onde ficam telescópios do ESO, no Chile
Foto: B. Fugate (FASORtronics)/ESO / Divulgação
Além da Via Láctea, esta imagem mostra o planeta Júpiter e a estrela Antares brilhando no centro da fotografia
Foto: ESO/Y. Beletsky / Divulgação
Durante a Hora do Planeta - quando cidades apagam as luzes para chamar a atenção para as emissões de CO2 -, Ian Waldie conseguiu fotografar as estrelas no céu de Sydney
Foto: Getty Images
As três "estrelas" brilhantes são na verdade a Lua (dir.) e os planetas Vênus (centro) e Júpiter em conjunção
Foto: ESO/Y. Beletsky / Divulgação
Novamente em Paranal, no centro desta imagem pode ser visto o centro da Via Láctea
Foto: ESO/Y. Beletsky / Divulgação
O fotógrafo Dmitry Kostyukov registrou esta imagem no Afeganistão quando acompanhava soldados americanos
Foto: AFP
Kostyukov cobria os 10 anos da guerra do Afeganistão, completados em 2011
Foto: AFP
Fotógrafo aproveita eclipse total da Lua para registrar a noite em Paranal
Foto: ESO/Y. Beletsky / Divulgação
A fotografia de longa exposição registra o movimento de rotação da Terra a partir de um local na altura da linha do Equador em um dia de equinócio de 2010. A fotografia combina fenômenos diurnos e noturnos e registra o céu dos hemisférios norte e sul.
Foto: Juan Carlos Casado/ROG / Divulgação
Vista parcial da Via Láctea com a sombra de palmeiras na costa da Mangaia, uma das ilhas Cook na Oceania. A imagem é uma combinação de nove fotografias com exposição de 30 segundos cada. A umidade do ar criou a difusão e os efeitos de cores nas estrelas.
Foto: Tung Tezel/ROG / Divulgação
O fotógrafo registrou a aurora boreal sobre a cidade de Halrik, na Escócia. Por ser uma imagem de longa exposição, aparece na foto um rastro de estrelas em rotação. O fotógrafo fez o registro a partir da porta dos fundos da loja em que trabalha.
Foto: Stewart Watt/ROG / Divulgação
Pinheiro é visto à frente da Via Láctea enquanto um meteoro atravessa o céu. O efeito de luz na árvore em primeiro plano foi causado acidentalmente quando o fotógrafo estava arrumando seu equipamento. Esta foto venceu o concurso Fotógrafo Astronômico 2010 - do Real Observatório Britânico - na categoria "Terra e Espaço"
Foto: Tom Love / Divulgação
Imagem mostra lua cheia atrás do Templo de Poseidon, na Grécia, em 26 de junho de 2010. O fotógrafo demorou 15 meses para conseguir medir o tempo e a distância exata para conseguir a foto com essa precisão. Ayiomamitis foi segundo colocado na categoria "Terra e Espaço"
Foto: Anthony Ayiomamitis / Divulgação
Dan Kitwood fotografou a Lua cheia em Londres em 30 de janeiro de 2010
Foto: Getty Images
A região do Paranal é considerada uma das melhores do mundo para observação astronômica
Foto: ESO/Y. Beletsky / Divulgação
O edifício Flatiron, em Nova York, é fotografado ao lado da Lua durante eclipse em 21 de dezembro de 2010
Foto: Getty Images
Ethan Miller registrou a noite de Lake Mead, no Estado americano de Nevada. A estrelas riscam o céu enquanto um meteoro pode ser visto
Foto: Getty Images
O pequeno risco próximo ao centro da imagem é um meteoro cruzando o céu de Grazalema, na Espanha, em 13 de agosto de 2010
Foto: AFP
Foto da Via Láctea em Saint-Martin-de-Queyrières (França) ganhou prêmio de astrofotografia Nuits des étoiles ("noite das estrelas")
Foto: AFP
Pedra cruza os céus durante chuva de meteoros. A imagem foi tirada em Nevada, nos Estados Unidos, em dezembro de 2010
Foto: Getty Images
Meteoro é registrado durante a chuva de meteoros Perseidas de 2007, em Rhyolite, no Estado americano de Nevada
Foto: Getty Images
O fotógrafo Uriel Sinai registrou a aurora boreal no céu da Groenlândia
Foto: Getty Images
O cometa McNaught é registrado no céu do monte Paranal, no Chile, em janeiro de 2007
Foto: ESO / Divulgação
A Via Láctea é vista no Cerro Armazones, no Chile
Foto: ESO/S. Brunier / Divulgação
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Foto: H.Heyer/ESO / Divulgação
No alto da imagem os planetas Mercúrio e Vênus podem ser vistos em conjunção
Foto: ESO/Y. Beletsky / Divulgação
O Paranal fica no deserto do Atacama, no Chile, a 2,6 mil m de altitude. A região é extremamente seca e escura, o que proporciona ótimas condições para observação de estrelas