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Como observar a maior 'Superlua' em quase 70 anos

14 nov 2016 - 08h08
(atualizado às 10h09)
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O mundo inteiro tenta observar a maior e mais brilhante Superlua em quase 70 anos.
O mundo inteiro tenta observar a maior e mais brilhante Superlua em quase 70 anos.
Foto: Getty Images

A Lua está mais perto de nós do que o normal. Na verdade, ela não se mostrava tão atrevida há algumas décadas. Desde a noite passada e durante toda a segunda-feira, o mundo inteiro tenta observar a maior e mais brilhante Superlua em quase 70 anos.

Mas do que se trata o fenômeno? De acordo com a astrônoma britânica Heather Couper, as superluas são resultado de uma "casualidade".

"A Lua gira ao redor de uma órbita elíptica, e se a Lua Cheia coincide com o ponto mais próximo da Terra, ela pode parecer absolutamente enorme", afirma.

Essa coincidência ocorre agora e o fenômeno deve ser extraordinário por causa da proximidade: a Lua está 48,2 mil quilômetros mais próxima da Terra. O satélite não chegava tão perto assim desde 1948 e só vai voltar a fazê-lo em 2034.

Com exceção do eclipse da Superlua de 2015, não houve nem haverá por muito tempo uma Lua Cheia tão especial - mesmo que tenhamos tido três Superluas consecutivas em três meses - a anterior ocorreu em 16 de outubro e a última será daqui a um mês, no dia 14 de dezembro.

Quando a Lua está mais afastada da Terra se diz que ela está no 'apogeu'. No ponto oposto, o 'perigeu', ela pode ficar até 50 mil quilômetros mais próxima da Terra
Quando a Lua está mais afastada da Terra se diz que ela está no 'apogeu'. No ponto oposto, o 'perigeu', ela pode ficar até 50 mil quilômetros mais próxima da Terra
Foto: BBC / BBC News Brasil

É possível se preparar para aproveitar melhor o fenômeno e ainda identificar algumas "surpresas".

Qual o melhor horário para ver a Superlua?

No Brasil, segundo especialistas, o melhor horário para ver a Superlua é na chegada do pôr do sol. Mas, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a previsão do tempo para todo o Brasil não é muito animadora: chuva e céu encoberto na maior parte das regiões do país.

O ideal seria ir para um local aberto e tranquilo, longe das grandes cidades e da iluminação artificial muito forte e potente.

Na Europa, o melhor horário para tentar observar o fenômeno é a partir das 16h locais, mas só os mais privilegiados devem conseguir vê-lo. No Reino Unido, por exemplo, a chance é maior para quem está no norte da Escócia, onde há grandes espaços abertos e a meteorologia promete um fim de tarde e noite claras, sem muitas nuvens.

O cientista Noah Petro, responsável pela missão Lunar Reconnaissance Orbiter da Nasa (a agência espacial americana) orienta:

"Recomendo que se saia de casa a qualquer hora depois do pôr do sol. Como a Lua está cheia, ela vai aparecer no céu no mesmo momento em que o sol estiver se pondo, por isso sugiro que você saia nesse horário ou quando já estiver escuro e a Lua esteja um pouco acima da linha do horizonte."

Como em qualquer outra lua cheia, o corpo celeste parece maior e mais brilhante quando aparece no horizonte. E o mesmo ocorre com as Superluas. Ainda que elas pareçam 14% maiores e 30% mais luminosas que as luas cheias comuns, são mais surpreendentes quando estão na linha do horizonte e não altas, no céu.

Foto: Getty Images

"Não é preciso ficar acordado a noite toda para ver a Superlua, a menos que você queira, claro", brinca o cientista da Nasa.

Há quem diga ter visto até o rosto de Elvis Presley na superfície da Lua
Há quem diga ter visto até o rosto de Elvis Presley na superfície da Lua
Foto: Wikipedia / D. Helber / BBC News Brasil

Superluas parecem ainda maiores quando vistas em meio a árvores ou casas.

Surpresas para descobrir

Na região da Lua que ficará visível nesta segunda-feira, há uma abundância de crateras causadas por impactos de meteoritos e atividade vulcânica de bilhões de anos atrás.

Os contrastes entre as áreas que refletem a luz do Sol (as montanhas lunares) e as planícies que permanecem na sombra (os mares) podem ser interpretados, com um pouco de imaginação, como as mais surpreendentes figuras.

Uma das silhuetas mais reconhecidas é a de um coelho com grandes orelhas. A imagem é tão fascinante que a civilização maia criou até uma lenda para explicá-la. A lenda envolve o deus Quetzalcóatl, que, depois de um ato de generosidade de um coelho, que lhe ofereceu comida em um momento de extrema necessidade, decidiu levá-lo para a Lua em sinal de agradecimento. Dessa forma, a imagem do coelho seria vista por todos e por toda eternidade.

Os observadores mais atentos - Cleópatra e Abraham Lincoln entre eles - disseram ter visto um rosto humano na superfície da Lua. Certamente foi o mesmo que inspirou a famosa sequência do filme Viagem à Lua, do pioneiro cineasta George Meliés.

Uma das cenas mais conhecidas do filme "Viagem à Lua" (1902), de George Meliés: rosto humano no satélite terrestre
Uma das cenas mais conhecidas do filme "Viagem à Lua" (1902), de George Meliés: rosto humano no satélite terrestre
Foto: BBC News Brasil

E há quem enxergue Elvis Presley, um par de mãos, uma árvore, mulheres, sapos, Jesus Cristo e um homem carregando lenha.

Mas não é preciso ir tão longe: para muita gente, brincar de identificar o coelho já é diversão suficiente.

Contra os mitos e as falsas crenças

Ao contrário do que muito se comentou, uma Superlua não trará com ela o fim do mundo, nem causará um aumento na incidência de crimes.

Entre os muitos mitos que são repetidos, um dos mais comuns é de que esses fenômenos teriam algum efeito sobre os criminosos, que ficariam mais vorazes nas noites de lua cheia.

O melhor horário para observar a Superlua é quando ela surge na linha do horizonte, orienta a Nasa
O melhor horário para observar a Superlua é quando ela surge na linha do horizonte, orienta a Nasa
Foto: Getty Images

Mas os cientistas já descartaram a possibilidade de o fenômeno causar comportamentos estranhos, como a licantropia - a transformação de um ser humano em animal, como na lenda do lobisomem - ou ainda provocar desastres naturais de qualquer tipo.

Segundo o psicólogo Scott O. Lilienfeld, da Universidade de Emory, nos Estados Unidos, "não importa quão perto ou longe ela passe, a Lua não incita crimes, como sugere a crença popular".

Autor do livro 50 Grandes Mitos da Psicologia Popular, ele alerta que estudos sobre esse tipo de conexão encontraram "uma grande quantidade de nada".

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