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Ecólogos dos EUA criticam Trump por negar mudança climática e ignorar ciência

3 fev 2017 - 15h14
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Os ecólogos Susan P. Harrison e David Ackerly, das universidades americanas de Davis e Berkeley, respectivamente, criticaram nesta sexta-feira o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por negar a mudança climática e ignorar as evidências científicas sobre esta ameaça.

Ambos os cientistas participam do XIV Congresso Internacional de Ecossistemas Mediterrâneos (Medecos), realizado na cidade espanhola de Sevilha, onde apresentaram palestras sobre o impacto da mudança climática.

Ackerly expressou à Agência Efe sua "preocupação" pela postura do governo de Trump em relação à mudança climática, contestada com manifestações na Universidade de Berkeley, na Califórnia, onde trabalha.

"Estamos muito preocupados em relação a este assunto, que é muito grave também do ponto de vista democrático porque qualquer governo precisa utilizar a melhor ciência disponível para tomar suas decisões e o novo governo não mostra nenhum respeito pela ciência nem pelos cientistas", opinou.

O especialista não teme pela autonomia dos cientistas americanos, mas pela de entidades como a Agência de Proteção Ambiental (EPA), organização que até agora contou com financiamento federal para elaborar e divulgar bases de dados sobre a mudança climática.

"Como professores, não vamos mudar nosso trabalho para mostrar a importância deste problema, mas nos preocupa que possamos perder anos com relação ao que já avançamos. É um problema muito sério para o futuro de nosso país e de todo o mundo", disse.

Ackerly diz estar "triste" porque a postura de Trump "também vai afetar o resto do mundo" e criticou a campanha "mal-intencionada" que associa as políticas "verdes" com uma maior pressão fiscal.

"Na Califórnia, temos as leis mais duras para reduzir as emissões de gases do efeito estufa e para apoiar tecnologias verdes e somos uma das economias mais fortes do país", acrescentou.

O ecólogo ressaltou que "a economia verde" não prejudica o crescimento econômico e, em sua opinião, as energias renováveis e veículos elétricos já são uma "força" para a economia do futuro.

"Algumas mudanças vão ocorrer e temos que fazer tudo o que pudermos para freá-las e para diminuir seu impacto nos humanos", concluiu.

Harrison explicou que só em sua universidade, a de Davis, 2.344 professores já assinaram uma carta na qual exigem que Trump cumpra o compromisso dos EUA com o Acordo de Paris e apoie as tecnologias limpas para que o país seja "líder econômico e político do século XXI".

Esta carta também adverte ao novo presidente que "continuar produzindo gases do efeito estufa nas taxas atuais terá consequências catastróficas e imparáveis para o meio ambiente, a economia e o país" e pede a Trump que "assegure o lugar da América como líder mundial na ação climática".

O texto denuncia as "interpretações enganosas" sobre a mudança climática e destaca o "amplo consenso" da comunidade científica de que esta ameaça "causada pelo ser humano é real, com consequências que já estão sendo sentidas".

Sobre a tentativa de Trump de bloquear informação sobre a mudança climática, Harrison explicou que esse fato ameaça mais as agências federais do que as universidades e revelou que alguns cientistas já realizaram cópias de segurança de bases de dados e publicações para garantir sua livre difusão ao povo.

A cientista expressou "preocupação" com a possibilidade de Trump restringir o já decrescente financiamento para pesquisas sobre a mudança climática e lamentou que seu apoio eleitoral pela promessa de diminuir impostos tenha se apoiado em uma propaganda "errônea" e "interesseira" de grupos de pressão que associaram as políticas contra a mudança climática com aumentos tributários.

Na opinião da ecóloga, os cientistas americanos seguirão mostrando as "evidências" da mudança climática e de seus prejuízos na natureza, "pelo menos para que não digam que ninguém alertou".

EFE   
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