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Combater aquecimento nos EUA esbarra no ceticismo republicano

13 mai 2014 - 18h17
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Como vários dos republicanos aspirantes a se lançar na corrida presidencial nos Estados Unidos, o senador Marco Rubio, que se diz pronto para ser o primeiro hispânico a chefiar a Casa Branca, diz sem hesitar que o homem não é responsável pelo aquecimento global, nem deve mudar seu estilo de vida.

O tema climático é claramente partidário nos Estados Unidos. Os democratas são vistos como favoráveis às energias renováveis e os republicanos, percebidos como defensores das fósseis.

Segundo consulta Gallup realizada em março, 63% dos republicanos se declaram "pouco preocupados" ou "nada preocupados" com o aquecimento global. Ao contrário, 56% dos democratas se disseram "preocupados".

Do lado republicano, alguns negam que a Terra esteja esquentando, outros discutem o impacto das atividades humanas nas mudanças climáticas em curso, e outros recusam-se a se pronunciar sobre os fatos evidenciados pela comunidade científica.

Aparte dos diferentes posicionamentos, há forte consenso entre os republicanos sobre a política que se deve adotar contra as emissões de carbono: nenhuma.

A maioria dos conservadores rejeita a lei contra as emissões de gases causadores de efeito estufa, afirmando que afetaria o crescimento da economia e se negam a adotar medidas contra as indústrias mais poluidoras, como a petrolífera, a gasífera e a de carvão.

"Não aceito a noção antecipada por alguns, entre eles cientistas, de que podemos agir de forma a deter um impacto real no clima", declarou no fim de semana Marco Rubio, de 42 anos, senador republicano pela Flórida, em entrevista à emissora ABC.

"Não acho que a atividade humana provoque estas mudanças espetaculares, como descrevem os cientistas", acrescentou. "E não acredito que as leis que propõem teriam algum impacto, além do fato de que destruiriam nossas economias".

Na mesma entrevista, Marco Rubio confirmou que está disposto a entrar na disputa pela sucessão de Barack Obama, nas eleições de novembro de 2016, somando-se à lista de candidatos do Partido Republicano.

"Vocês veem me falar de 100 anos de dados de um planeta que tem 4,6 bilhões de anos? Para mim, as conclusões que tiramos não podem ser conclusivas", declarou, no fim de abril, outro senador republicano, Rand Paul, de 51 anos, popular entre os eleitores republicanos e também um provável pré-candidato à Casa Branca.

Outro conservador que lidera as pesquisas, Jeb Bush, de 61 anos, tem sido mais discreto sobre o tema desde que passou a considerar seriamente a candidatura. Mas em 2011, dizia que os cientistas não eram unânimes sobre a origem humana do aquecimento global.

"Temos que ser muito prudentes antes de modificar fundamentalmente nosso estilo de vida", afirmava.

John Boehner, presidente da Câmara de Representantes e que não é candidato à Casa Branca, resumiu o argumento político: "Fico chocado com o o fato de que todas as propostas democratas, vinculadas às mudanças climáticas, destruiriam empregos nos Estados Unidos", disse recentemente, depois da divulgação de um relatório da Casa Branca, embora não tenha apresentado evidências de que estas propostas levariam à perda de postos de trabalho.

Em uma consulta do instituto Pew, de outubro de 2013, a metade dos republicanos estimava não existirem "provas sólidas" de que a Terra aquece (46% contra 46%, que pensam existirem, sim). A proporção chega a 70% entre os partidários da ala radical Tea Party, à qual pertence Rubio.

As personalidades consideradas moderadas são uma exceção. Uma delas, o governador de Nova Jersey, Chris Christie, reafirmou em outubro passado que, segundo ele, "as mudanças climáticas são reais e as atividades humanas têm uma incidência" no fenômeno.

Mas em 2011, tirou seu estado de um sistema de mercado regional de cotas de emissões de gases causadores de efeito estufa.

Para Jon Huntsman, ex-governador republicano de Utah e candidato às primárias presidenciais de 2012, o Partido Republicano oscila entre a "negação" e o "extremismo".

"O diálogo dentro do partido sobre as mudanças climáticas se tornou tão obtuso que se reduziu a uma questão de acreditar ou não, como se fosse um mantra religioso", criticou, em uma coluna do The New York Times.

"Os republicanos devem retornar às nossas raízes de catalisadores de inovações e soluções", avaliou.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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