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Artista transforma resíduos de praias tailandesas em arte

17 fev 2017 - 10h09
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A artista tailandesa Prasopsuk Lerdviriyapiti, mais conhecida como Pom, transforma garrafas plásticas e outros materiais encontrados nas praias da Tailândia em esculturas, numa tentativa de conscientizar as pessoas sobre o real problema da poluição.

"Quando a baixa temporada começa, eu vou de manhã recolher o lixo na praia. É quando tem mais material na areia", declarou à Agência Efe a artista, que mora e coordena uma galeria de arte na Ilha de Phuket.

"É muito triste ver que a cada ano tem mais lixo", disse Pom, que se define como uma "eco artista" e que lembra que o modelo atual de sociedade consumista aumenta os resíduos na água.

Até o próximo domingo, Pom exibe algumas obras feitas com plásticos e resíduos para a campanha "Heart for the Ocean: Break Free from Plastic" (Coração para o oceano: livre-se do plástico) promovida pelo Greenpeace para o Dia de São Valentim no Centro de Arte e Cultura de Bangcoc (BACC).

Uma das obras é a "Blue Ocean, A Message From The Sea" (Oceano azul, uma mensagem do mar), de cinco metros de diâmetro e 3,5 metros de altura. O trabalho é uma espécie de carrossel de plástico decorado com peixes feito de garrafas, sacolas e vários tipos de rejeitos retirados do mar.

Para este projeto, a artista teve a ajuda de 70 voluntários do Greenpeace que ao longo de dois meses recolheram resíduos em praias de diferentes pontos da Tailândia, entre eles Phuket, Ko Samet e Chonburi.

A mostra, que foi aberta ontem com um bate-papo, inclui painéis de notícias sobre a poluição nas águas e jogos interativos. Em uma seção, por exemplo, o público tem que tentar adivinhar o tempo que bitucas de cigarro, pacote de salgadinhos ou garrafas pets levam para desaparecer no oceano.

Já em outro painel, o visitante descobre que os tailandeses compram uma garrafa de plástico por dia. Depois de um ano, o número de recipientes acumulado será suficiente para encher 4.401 piscinas olímpicas.

"É um problema que não afeta apenas um governo em particular. Isso tem uma dimensão internacional. Ao mesmo tempo, cada um tem que particularmente consumir menos produtos descartáveis", defendeu Pom, destacando a importância da educação para mudar esse cenário.

A artista começou a fazer esculturas com resíduos depois do tsunami de 2004, que matou 230 mil pessoas em 14 países banhados pelo oceano Índico, incluindo o litoral sudeste da Tailândia.

Pom, que estava em Phuket quando tudo aconteceu, lembrou que as ondas gigantes deixaram uma quantidade imensa de resíduos. Foi então que ela decidiu fazer esculturas que conscientizassem o público sobre a poluição dos mares.

Desde então, quando as correntes marinhas levam mais lixo ao litoral, ela reserva algumas manhãs para ir de moto recolher os dejetos em uma caixa de papelão. Alguns de seus trabalhos são tartarugas feitas com sobras de materiais de construção e peixes elaborados com peças de metal, por exemplo.

Pom lamenta que a situação no mar e nas praias da Tailândia esteja piorando, realidade que muitos turistas podem não reparar, já que as correntes levam o lixo para o litoral durante a baixa temporada (entre junho e setembro) e devolvem grande parte dos resíduos para o alto mar na alta temporada (entre outubro e maio).

De acordo com o Greenpeace, anualmente a Tailândia joga no mar mais de uma tonelada de plástico, que contamina praias e recifes, se enrola nos animais marinhos e termina nos estômagos de muitos deles. Segundo a ONG, em todo o mundo, a Tailândia é o sexto país que mais polui os oceanos com resíduos, atrás de China, Indonésia, Filipinas, Vietnã e Sri Lanka.

EFE   
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