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Antártida, um termostato que regula o clima do planeta

18 mar 2017 - 10h08
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A Antártida é um importante regulador do clima do planeta capaz de influenciar, segundo os cientistas, em fenômenos tão distantes como a floração das cerejeiras no Japão e a clareza dos céus do Deserto do Atacama.

"O que ocorre na Antártida determina o clima de outras partes muito afastadas deste remoto continente", disse à Agência Efe o cientista Edgardo Vega.

O continente antártico influencia, por exemplo, na existência do Deserto do Atacama e na clareza de seus céus, considerados os melhores do planeta para observar o firmamento.

Segundo o cientista, um dos fatores que fazem com que este deserto seja o mais árido do planeta é "a influência da Antártida sobre a corrente oceânica que sobe pelas costas chilenas".

"Esta corrente esfria a água e diminui os processos de evaporação, o que reduz as precipitações e o céu encoberto na região", afirmou o também subdiretor do Instituto Nacional Antártico Chileno (INACH).

Outro dos múltiplos fatores que transformam o continente gelado em um importante regulador do clima terrestre é o derretimento das calotas de gelo.

"Explicado de uma forma simples, poderíamos dizer que quando a água doce das geleiras derrete - menos densa do que a água salgada - e entra em contato com as correntes oceânicas altera sua salinidade, o que influencia na interação entre a superfície do mar e a atmosfera", detalhou à Agência Efe Bolívar Cáceres, responsável do Programa Geleira do Instituto Nacional de Meteorologia do Equador.

"Todos os oceanos estão conectados e, por isso, qualquer coisa que ocorre neste continente pode dar lugar a uma seca intensa ou a fortes chuvas em diferentes pontos do planeta. É como um efeito borboleta", indicou Bolívar.

Em março de 2015, a Antártida alcançou 17,5 graus, a temperatura mais alta da qual se tem registro.

Quatro dias mais tarde, no Deserto do Atacama choveu em apenas 24 horas a mesma quantidade de chuva que caiu nos 14 anos anteriores. O incomum fenômeno climático suscitou uma série de inundações que deixaram um saldo total de 31 mortos e 49 desaparecidos."Em termos climáticos, quatro dias são nada. Pode ser que esses fenômenos estivessem conectados? Ainda não temos resposta a esta pergunta e é por isso que é absolutamente necessário que sigamos investindo recursos para fazer ciência na Antártida", ressaltou Edgardo Vega, um dos participantes da 53ª Expedição Antártica Chilena.

Por sua vez, o representante do Instituto Polar da Coreia do Sul, Dongmin Jin, disse que a fria circulação profunda dos mares, gerada em zonas do Ártico e também na parte oeste da Antártida, faz com que o continente branco seja um "regulador do clima planetário".

"Na Coreia temos cada vez mais verões mais quentes e invernos mais gelados. Não tínhamos visto nada assim antes", comentou o pesquisador, que afirmou que este é o motivo pelo qual é necessário que "todos os países investiguem o que ocorre na Antártida".

Uma das situações que inquieta atualmente os cientistas é o desprendimento iminente da colossal plataforma de gelo Larsen C, situada ao longo da costa nordeste da Península Antártida.

Nas últimas três décadas, já caíram dois grandes blocos da plataforma gélida, chamadas Larsen A e Larsen B.

Os cientistas estimam que uma terceira seção, batizada como Larsen C, poderia estar a ponto de se desprender em forma de bloco de gelo de seis mil quilômetros quadrados.

"É verdade que isso deveria nos preocupar. O que acontecerá é que este bloco gigante vai cair no mar, se derreterá e sua água doce entrará em contato com as correntes. Após um certo tempo, veremos os efeitos no clima em partes tão afastadas como os trópicos", advertiu Cáceres.

Apesar de "já não se poder evitar que estes fenômenos sigam ocorrendo", segundo o cientista, os governos devem buscar medidas de atenuação ambiental para não seguir danificando o planeta.

"A Terra é nossa casa, a única que temos. Devemos cuidá-la antes que seja demais tarde", concluiu o cientista.

EFE   
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