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AF 447 pode ser indecifrável, diz ex-presidente da Infraero

2 jun 2009 - 16h31
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Marina Mello

Direto de Brasília

Diante do desaparecimento do avião Airbus da Air France e das poucas pistas já levantadas sobre o assunto, o ex-presidente da Infraero brigadeiro José Carlos Pereira considerou nesta terça-feira ser "quase impossível" se encontrar a caixa-preta em alto mar. O brigadeiro avaliou que este vai ser um daqueles acidentes "inconclusivos" onde o "elo final" não se fecha e se trabalha apenas com a melhor hipótese.

Helicóptero da FAB chega a base militar de Natal (RN) para ajudar nas buscas aos destroços
Helicóptero da FAB chega a base militar de Natal (RN) para ajudar nas buscas aos destroços
Foto: Reuters

"Esse acidente está muito indecifrável. (...) O grande problema é que não tem o elo final. No caso do avião da Gol, todo mundo sabe porque caiu, caiu porque bateu. No caso do da TAM em Congonhas, você sabe que aconteceu porque o manete estava na posição de aceleração. Agora esse é inconclusivo", disse.

Na visão do brigadeiro, a única coisa que poderá auxiliar na investigação são os destroços. Dependendo de como eles vierem aparecendo, será possível se saber se houve explosão ou se o avião apenas caiu.

Turbulência brutal

De acordo com Pereira, a hipótese mais provável para explicar o ocorrido é a de que o avião enfrentou uma turbulência "brutal" que causou danos ao avião e, desta forma, ele acabou caindo.

Para explicar o fato, o brigadeiro citou como exemplo um recente vôo da TAM que enfrentou uma turbulência tão forte que alguns passageiros ficaram feridos.

"Um dano catastrófico é possível, uma turbulência brutal, uma chuva de granizo pesada, coisas assim. No caso da forte turbulência enfrentada recentemente pelo avião da TAM, pega ela e multiplica por cinco. O avião teria danos estruturais severos irreparáveis, se desmantelaria em vôo", explicou.

Segundo o ex-presidente da Infraero, como a aeronave era "moderníssima" e muito bem equipada, deve ter sido algum fenômeno natural de grandes dimensões para chegar ao ponto de danificar o avião de tal forma que o piloto não conseguiu reverter a situação.

Pereira explicou que o que reforça a sua tese é o fato de o piloto não ter conseguido se comunicar com o controle aéreo para pedir qualquer tipo de orientação.

Segundo o brigadeiro, o último contato da aeronave com o controle aéreo brasileiro foi completamente normal e rotineiro e o piloto disse apenas que em cerca de uma hora iria fazer novo contato com a próxima torre de controle, o que não ocorreu.

"O último contato foi de rotina, foi tranqüilo, ele não comunicou nenhum tipo de problema. Só avisou: 'estou em tal posição, chamarei vocês daqui a uma hora na posição tal', isso fica tudo gravado, e ele não chamou. O controle brasileiro avisou imediatamente Dakar. Às vezes atrasa cerca de cinco minutos pra esse contato, é normal, agora passou disso, se começa um procedimento de alarme", disse.

"O único aviso foi feito por um sistema computadorizado da própria aeronave com a empresa (Air France) feito para dar dinamismo e agilizar a correção de pequenos defeitos dos aviões. Uma aeronave daquela tem pelo menos uns doze meios de comunicação, o que reforça a minha tese de que houve o dano catastrófico seguido de pressurização e pane elétrica", explicou.

Outra hipótese plausível na visão dele é a de o avião ter enfrentado um dano não tão brutal e do piloto ter tomado alguma atitude, como tentar um desvio, para remediar o fato e com isso, ter piorado a situação.

"Pessoalmente acredito em duas hipóteses: força da natureza brutal, ou dano pequeno que ele foi resolver e piorou. Agora, pra destruir um Airbus 130 tem que ser uma força gigantesca", disse.

Segundo Pereira, as fotos de satélites da região no momento do acidente comprovam que a situação estava realmente complicada. O brigadeiro, no entanto, ressaltou que sem a análise da caixa-preta da aeronave, estas são apenas suposições.

O acidente

O Airbus A330 saiu do Rio de Janeiro no domingo (31), às 19h (horário de Brasília), e deveria chegar ao aeroporto Roissy - Charles de Gaulle de Paris no dia 1º às 11h10 locais (6h10 de Brasília).

De acordo com nota divulgada pela FAB, às 22h33 (horário de Brasília) o vôo fez o último contato via rádio com o Centro de Controle de Área Atlântico (Cindacta III). O comandante informou que, às 23h20, ingressaria no espaço aéreo de Dakar, no Senegal.

Às 22h48 (horário de Brasília) a aeronave saiu da cobertura radar do Cindacta, segundo a FAB. Antes disso, no entanto, a aeronave voava normalmente a 35 mil pés (11 km) de altitude.

A Air France informou que o Airbus entrou em uma zona de tempestade às 2h GMT (23h de Brasília) e enviou uma mensagem automática de falha no circuito elétrico às 2h14 GMT (23h14 de Brasília). A equipe de resgate da FAB foi acionada às 2h30 (horário de Brasília).

Fonte: Redação Terra
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