SP: novas faixas de ônibus na marginal Pinheiros desagradam motoristas
Medida foi implantada pela prefeitura para aumentar a velocidade dos coletivos na capital paulista
No primeiro dia em que as faixas exclusivas de ônibus da marginal Pinheiros, em São Paulo, passaram a funcionar com trânsito normal, nesta quarta-feira, o sistema operou sem transtornos, mas gerou polêmica entre os motoristas de carros, que não gostaram nada da novidade. Os novos corredores de ônibus entraram em vigor na última segunda-feira, mas como o rodízio municipal de veículos esteve suspenso até terça, devido ao feriado municipal, a mudança só foi sentida nesta quarta pelos motoristas, que enfrentaram trânsito ainda maior no horário de pico. As faixas exclusivas de ônibus na marginal funcionam das 6h às 9h e das 17h às 20h (veja os trechos abaixo).
Por volta das 8h, no acesso à ponte do Socorro, zona sul da capital, sentido Castello Branco, o trânsito ficou bastante congestionado, fato que não aconteceria sem as novas faixas de ônibus. Na marginal Pinheiros, o primeiro trecho da faixa exclusiva, implantado na segunda-feira, foi de 7,8 quilômetros. No sentido Interlagos, a faixa funciona na avenida das Nações Unidas, entre a rua Professor Leme da Fonseca e a avenida Interlagos, com extensão de 3,6 quilômetros. No sentido da rodovia Castello Branco, entre as avenidas Interlagos e Mário Lopes Leão, terá 4,2 quilômetros.
“Está muito complicado. O acesso por aqui é normal, tranquilo”, disse Marcelo Faustino, gerente de produtos. “Não concordo com corredores e faixas nas marginais, porque não há uma grande quantidade de linhas passando por aqui. As pessoas preferem pegar o trem. É só observar, os ônibus estão vazios”, completou.
Apesar da reclamação do motorista, nesse primeiro trecho de implantação, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), circulam 38 linhas de ônibus, que transportam 393 mil passageiros por dia. Ao todo, o projeto da Operação Dá Licença para o Ônibus, na marginal Pinheiros, prevê a implantação total de 21 quilômetros de faixas exclusivas. Está prevista para 15 de julho a ativação de mais uma etapa, na avenida das Nações Unidas, sentido Castello Branco, entre a avenida Mário Lopes Leão e a ponte Engenheiro Ary Torres, com aproximadamente 7,4 quilômetros de extensão.
Paulo Rogério Fonseca também reclamou do novo sistema implantado na marginal Pinheiros. Porém, para ele, o excesso de carros faz com que o trânsito não tenha solução. “Não tem muito jeito. O fluxo é muito grande, mas está um inferno. Só atrapalha a vida da gente”, afirmou o consultor óptico.
Já o empresário Silvano Caetano criticou um outro ponto. Segundo ele, as poucas informações dadas aos motoristas fizeram com que os proprietários de carros se atrapalhassem no momento de escolher o melhor caminho. “É um absurdo porque foi muito em cima da hora e nos pegou desprevenidos. Temos que ter mais informações para optarmos pelo melhor trajeto”, afirmou.
Mesmo com a reclamação de Silvano, a prefeitura afirmou que os motoristas foram orientados por agentes de trânsito, 44 placas e 1.370 metros quadrados de sinalização sobre o novo sistema de corredores e faixas exclusivas.
Quem gostou da novidade foram os motoristas e cobradores de ônibus. Segundo Alfonso Celso, que faz a linha Jardim Aracati-Terminal Santo Amaro, essa é a melhor solução para melhorar o trânsito na capital paulista. “Já é um começo. Para os carros é péssimo, mas para nós está muito melhor”, comemorou.
Paulista e Doutor Arnaldo
Na avenida Paulista, a faixa exclusiva, também implantada na segunda-feira, tem um período maior de funcionamento, de segunda a sábado, das 6h às 22h. A exclusividade ocorre em ambos os sentidos, entre a praça Oswaldo Cruz e a rua Augusta, com extensão de 2 quilômetros. Segundo a prefeitura, na Paulista circulam no pico da manhã a média de 135 ônibus por hora, no sentido Consolação, e 145 ônibus por hora, no sentido Paraíso.
Já na avenida Doutor Arnaldo, a faixa funciona de segunda a sexta-feira, das 6h às 22h, e aos sábados, das 6h às 14h. Será implantada no sentido Centro, da rua Galeno de Almeida até 175 metros após a rua Teodoro Sampaio. Em um dia útil, a avenida recebe a frequência média de 136 ônibus por hora no período da manhã.
De acordo com a SPTrans, o sistema iniciará operação assistida para avaliação dos técnicos. Neste primeiro momento, a CET fará um trabalho de orientação, com ênfase educativa, sem registro de autuações. A fiscalização será iniciada quando os usuários estiverem adaptados e será informada por meio de faixas de vinil a serem colocadas no viário.