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Presidentes de TRFs rejeitam criação de tribunais e apoiam Barbosa

16 abr 2013 - 21h35
(atualizado às 21h37)
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Presidentes dos cinco tribunais regionais federais do país se reuniram nesta terça-feira com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, para tratar da proposta legislativa que autorizou a criação de quatro cortes federais no país. Assim como Barbosa, os dirigentes criticam o projeto e defendem soluções mais eficientes e menos onerosas para melhorar a prestação da Justiça à sociedade.

Mesmo com a aprovação da proposta pelo Congresso Nacional no início do mês, o grupo decidiu criar uma comissão que vai apresentar alternativas à instalação dos tribunais. "Identificamos que há soluções que, para o Estado, são mais viáveis sem criar todo um aparato, toda uma estrutura gigantesca, com gastos muito menores para os cofres públicos", assinalou o presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), Mário Cesar Ribeiro, ao deixar a reunião.

De acordo com o desembargador, uma das soluções possíveis é alterar a legislação relativa ao destino de recursos envolvendo questões previdenciárias. Em várias cidades onde não há varas da Justiça Federal, a competência de julgamento é delegada à Justiça Estadual. Os recursos, no entanto, são encaminhados aos tribunais federais, que acabam sobrecarregados. A proposta dos desembargadores é criar turmas recursais para decidir sobre as questões previdenciárias, que representam até 85% da demanda na Justiça Federal.

"Isso significa que os custos são muito menores, porque tem condições de instalar essas turmas em prédios já preparados para receber, a estrutura é muito menor', avalia Ribeiro. Segundo o desembargador, outra medida possível e já prevista na legislação é a instalação de câmaras descentralizadas e itinerantes para o julgamento de processos federais.

O representante do TRF1 diz que o grupo de presidentes não está afrontando a proposta aprovada pelo Legislativo, mas que ainda há espaço para debate antes da promulgação do texto que cria os tribunais. "Se temos essas alternativas porque vamos criar quatro [tribunais]? Se nós focalizarmos o interesse público nesse contexto, me parece que pode ser alcançado de forma mais econômica, com celeridade maior e menos recursos para os Estados".

Barbosa critica duramente criação de tribunais

Na última segunda-feira, em uma reunião com os dirigentes de associações de juízes, Barbosa criticou a criação dos novos tribunais federais e afirmou que a aprovação do projeto na Câmara dos Deputados, semana anterior, foi articulada "sorrateiramente" e "na surdina".  

"A visão corporativista distorce as coisas. A Justiça Federal está crescendo de forma impensada e irracional", disse, acrescentando, de forma irônica, que os novos tribunais seriam criados perto de resorts. O ministro fez referência a outro embate recente com as entidades de classe, quando o CNJ proibiu patrocínios privados em eventos promovidos pelas associações. Na maioria das vezes, eles ocorriam em resorts e com sorteio de brindes.

Em pelo menos duas vezes, os ânimos se acirraram e Barbosa determinou que os convidados baixassem o tom de voz ou só se dirigissem a ele apenas quando solicitados, e criticou também a presença de pessoas que não foram chamadas. A audiência estava sendo pleiteada há meses para apresentação das demandas corporativas, mas a relação estremecida entre Barbosa e as associações dificultou a aproximação.

Agência Brasil Agência Brasil
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