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Política

Temer quer ser lembrado como "alguém que reformulou o país"

22 abr 2017 - 06h14
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O presidente Michel Temer disse em uma entrevista à Agência Efe que quer ser lembrado como "alguém que reformulou o país" após a crise e "permitiu que os novos governos encontrem um país mais tranquilizado".

Em meio à aguda crise gerada pelos contínuos e graves escândalos de corrupção que sacodem o país, Temer afirmou à Efe que seu principal objetivo é resgatar a economia brasileira da profunda recessão em que submergiu há dois anos, com uma receita que exige "duras", "profundas" e impopulares reformas.

Com taxa de aprovação em pesquisas de opinião que não ultrapassa os 10%, o presidente disse que o reconhecimento da sociedade não é uma meta e que chegará com o tempo, se seu severo plano de reformas tiver sucesso e colocar o país "nos trilhos".

Temer quis diferenciar sua gestão do que classificou como "atos populistas, que são atos irresponsáveis - porque eles produzem um bom efeito amanhã, mas um desastre depois de amanhã", o que argumenta que foi o que "aconteceu no passado", em uma clara referência aos governos anteriores de Luis Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

"Apanhei o Brasil numa recessão profunda, e nós estamos saindo da recessão com desemprego monumental", declarou o mandatário, que assumiu a presidência no ano passado, depois que o Congresso destituiu do cargo, em função das chamadas "pedaladas fiscais", Dilma, de quem era vice-presidente.

Essa relação política com a antecessora, que acabou em divórcio con o chamado "impeachment", segue em voga na Justiça Eleitoral, onde há um processo contra a chapa que ambos integraram por causa de um suposto financiamento ilegal de campanha.

Uma decisão condenatória afastaria Temer do cargo e custaria ao Brasil perder seu segundo presidente em um mesmo mandato, mas o governante garante que isso não ocorrerá e que entregará o poder em 1º de janeiro de 2019 ao ganhador das eleições de outubro do próximo ano.

Ainda se houvesse condenação, Temer sabe que tem como aliados o tempo e a burocratizada e lenta justiçaa brasileira.

"não sei qual será a decisão do Tribunal Superior Eleitoral, mas ela vai demandar recursos, tanto internamente no tribunal como seguramente para o Supremo Tribunal Federal (STF). Ou seja, há ainda um longo percurso processual a percorrer", declarou.

Temer também falou sobre a grave conjuntura política do Brasil com o escândalo de corrupção na Petrobras, que já levou dezenas de políticos à prisão e agora ameaça diversos outros, entre eles oito de seus ministros.

Conforme declarou à Agência Efe, no que diz respeito a seus ministros e a muitos dos suspeitos de participar destas práticas corruptas, há no momento simples suspeitas, que não configuram culpabilidade e que devem ser investigadas em profundidade.

Temer também rebateu afirmações do empresário Marcelo Odebrecht, ex-presidente do grupo Odebrecht, de que no Brasil não existe político que tenha sido eleito para um cargo público sem caixa 2.

"É uma opinião da Odebrecht. A Odebrecht é que acha que todos os políticos se serviram do caixa 2. Aliás, ao assim se manifestarem, dizem que eles são os produtores do caixa 2", alegou Temer, que disse conhecer "muitos" políticos que não utilizaram tais métodos.

O presidente destacou que a Justiça deve realizar seu trabalho com plena independência e que o país "não deve ficar paralisado".

"O país tem que continuar a trabalhar e, neste sentido, o Executivo e Legislativo, assim como o Judiciário, cumprindo a sua tarefa", defendeu.

Temer afirmou que, no caso do governo, cabe reforçar a economia, retomar a confiança do empresariado e atrair investimentos necessários para recuperar os empregos perdidos.

Ainda no âmbito econômico, Temer manifestou sua confiança de que sua agenda de reformas atraia uma nova onda de capitais estrangeiros, inclusive da Espanha, que é o segundo maior investidor estrangeiro no Brasil e cujo presidente, Mariano Rajoy, ele receberá na próxima segunda-feira em Brasília.

Segundo Temer, o tenso ambiente político do país e a crise de corrupção não vão afugentar os investidores, pois estes "sabem" que começaram a ser adotadas as medidas "necessárias" para criar um clima adequado para os negócios.

"A melhor marca do meu governo será colocar o país nos trilhos", previu.

EFE   
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