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Política

Pacaraima: a última esperança dos venezuelanos que buscam o básico

25 out 2016 - 21h47
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Pacaraima é uma pequena e humilde cidade no extremo norte de Roraima e recentemente se tornou uma das últimas possibilidades para os venezuelanos conseguirem a comida e os produtos básicos que eles não têm em seu país.

A maioria dos carros que circula tem placa nas cores amarela, azul e vermelho - as cores da bandeira da Venezuela - e as mais diversas origens. Atualmente, a cada fim de semana, uma média de 1.500 venezuelanos atravessa a fronteira em busca de alimentos.

Os donos de comércios na cidadezinha só comprovam isso. Os relatos são de que os venezuelanos compram "tudo" o que está disponível, principalmente alimentos. Até membros do Exército vão à cidade brasileira em caminhões e poderosas caminhonetes e carregam de arroz e açúcar a produtos de limpeza, sempre em enormes quantidades.

"É que na Venezuela falta de tudo, irmão", disse à Agência Efe um desses venezuelanos que cruzam a fronteira para fazer as compras e que não quis se identificar, vestido com o uniforme do Exército e as insígnias de major, ao descer de uma caminhonete com placa de Barinas, onde nasceu o falecido presidente Hugo Chávez e distante cerca de 1.700 km de Pacaraima.

Esse consumo frenético dos venezuelanos faz a alegria dos comerciantes de Pacaraima, uma cidade com pouco mais de 11 mil moradores e que vive, principalmente, das vendas na fronteira. E o que é problema para uns, é sorte para outros. Um dos maiores beneficiados disso tudo é o recém-eleito prefeito de Pacaraima, Juliano Torquato. Ele é dono do maior supermercado da cidade e há alguns dias admitiu que "nunca" vendeu tanto.

Segundo dados oficiais, Pacaraima recebeu nos últimos dez meses cerca de 30 mil compradores venezuelanos. Mas não foi apenas o novo mercado consumidor que mudou a cara da cidade. Nesse mesmo período, outros cerca de 1.000 venezuelanos chegaram em busca de trabalho e de uma vida melhor. Alguns criminosos, no entanto, se misturaram e nos últimos seis meses causaram quatro mortes violentas na cidade.

"Estamos recebendo vítimas da crise venezuelana, que por sua vez fazem vítimas os moradores de Pacaraima, que viram sua pacata vida alterada pela chegada em massa de venezuelanos", disse à Efe o padre Jesús López Fernández, que atua na área missionária de Pacaraima.

Diante desse aumento da insegurança, as autoridades brasileiras reforçaram a vigilância na fronteira e semanalmente realizam operações especiais, com a participação da Polícia Federal e de agentes da saúde pública. Nos últimos sete dias, 31 venezuelanos foram detidos em Pacaraima e imediatamente deportados porque não tinham os documentos necessários.

Nessas operações de controle, as autoridades do Brasil também oferecem assistência médica e distribuem gratuitamente preservativos entre os venezuelanos que se instalaram na cidade. Muitos deles vivem nas ruas e instalam, principalmente, na rodoviária, onde em precárias condições esperam que surja alguma oportunidade de trabalho.

Na maioria das vezes, o emprego é o de carregar e descarregar caminhões que chegam de outros pontos do Brasil à cidade, cheios alimentos e que depois são levados a venezuelanos mais endinheirados.

EFE   
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