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Julgamento do Mensalão

MG: Justiça condena mais 2 réus em ação desmembrada do mensalão

18 out 2012 - 21h25
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A Justiça Federal em Minas Gerais condenou nesta quinta-feira mais dois réus em uma ação desmembrada do processo do mensalão, julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) há dois meses. Os empresários Glauco Diniz Duarte e Alexandre Vianna de Aguilar foram condenados a 10 anos e seis meses de prisão em regime fechado pelos crimes de evasão de divisas e lavagem de dinheiro.

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Segundo a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), os réus criaram uma casa bancária na Flórida, nos Estados Unidos, com o objetivo de lavar o dinheiro enviado ao exterior. Entre as operações executadas pelos empresários, estão remessas para a conta mantida pela off-shore Dusseldorf Company, de propriedade do publicitário Duda Mendonça, um dos réus do mensalão.

De acordo com a sentença da 4ª Vara Federal, as transferências, ordenadas pelo publicitário Marcos Valério, relacionavam-se ao pagamento de dívidas oriundas dos serviços de campanha prestados ao Partido dos Trabalhadores (PT). "Técnicos detectaram que pelo menos 35 dos 40 depósitos de dólares na respectiva conta tiveram como origem recursos sacados na 'boca do caixa' do Banco Rural, havendo uma coincidência perfeita entre as datas e os valores dos saques e as remessas ao exterior", diz a sentença.

O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, foram absolvidos nesta semana pela maioria dos ministros do STF das acusações de evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Eles eram acusados de abrir uma conta no exterior para receber parte dos R$ 11,2 milhões que deveriam ser pagos pelo PT por seus serviços no período eleitoral.

Em outra ação desmembrada da ação penal do mensalão que estava sob análise da Justiça Federal de Minas Gerais, foram condenados pelo crime de falsidade ideológica o ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro da sigla Delúbio Soares e Marcos Valério.

O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.

Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

A ação penal começou a ser julgada em 2 de agosto de 2012. A primeira decisão tomada pelos ministros foi anular o processo contra o ex-empresário argentino Carlos Alberto Quaglia, acusado de utilizar a corretora Natimar para lavar dinheiro do mensalão. Durante três anos, o Supremo notificou os advogados errados de Quaglia e, por isso, o defensor público que representou o réu pediu a nulidade por cerceamento de defesa. Agora, ele vai responder na Justiça Federal de Santa Catarina, Estado onde mora. Assim, restaram 37 réus no processo.

Ministros participam da 38ª sessão do julgamento do mensalão
Ministros participam da 38ª sessão do julgamento do mensalão
Foto: José Cruz / Agência Brasil
Fonte: Terra
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