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Candidatos sobem o tom no segundo debate em Curitiba

26 set 2016 - 09h14
(atualizado em 3/10/2016 às 15h12)
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Candidatos à Prefeitura de Curitiba participam de debate na RIC TV, afiliada da Record no Paraná
Candidatos à Prefeitura de Curitiba participam de debate na RIC TV, afiliada da Record no Paraná
Foto: Mariana Franco Ramos / Especial para Terra

O segundo e penúltimo debate entre os candidatos à Prefeitura de Curitiba na televisão aberta, promovido na noite desse domingo (25), na RIC TV, teve polêmicas recentes e críticas ácidas de pano de fundo. Assim como esperado, o ex-prefeito Rafael Greca (PMN), líder nas pesquisas, e o atual, Gustavo Fruet (PDT), que concorre à reeleição, viraram alvo. Novas e antigas alianças, nepotismo, gafes e acusações de parte a parte foram algumas das questões levantadas. O encontro começou às 22h45 e avançou até perto de 1h30 da madrugada, já em clima morno.

A emissora convidou sete dos agora oito candidatos. Participaram ainda Ademar Pereira (PROS), Maria Victoria (PP), Ney Leprevost (PSD), Requião Filho (PMDB) e Tadeu Vereni (PT). A única excluída foi Xênia Mello (PSOL), cujo partido possui menos de nove representantes na Câmara dos Deputados, critério adotado pelas afiliadas da Rede Record em todo o País. Afonso Rangel (PRP), que também concorria, teve sua candidatura indeferida no último sábado (24) pela Justiça Eleitoral, por não ter apresentado a prestação de contas de 2012, quando disputou uma vaga de vereador.

Antes mesmo de formular a primeira pergunta, para Greca, sobre abastecimento, Fruet citou o sumiço de 12 obras de arte originalmente pertencentes a um museu municipal, a Casa Klemtz. A Fundação Cultural de Curitiba (FCC), subordinada à prefeitura, suspeita de que parte desse acervo esteja numa chácara do político do PMN, o que ele nega. O pedetista voltou a pedir para que seu adversário autorize a realização de uma sindicância no local. "Todos os objetos da minha casa em Piraquara (região metropolitana) foram declarados no Imposto de Renda há mais de 20 anos", rebateu Greca.

Coligações e apoios considerados controversos foram lembrados. Greca recordou, em embate com Veneri, a ligação de Fruet com o Partido dos Trabalhadores, sigla que integrou a maior parte da administração (a vice-prefeita, Mirian Gonçalves, é do PT). "O PT acolheu Fruet e patrocinou a candidatura dele com recursos de empresas citadas na [Operação] Lava Jato (...) Por que esse casamento não deu certo?”, questionou. 

“Primeiro que não é casamento. É relação política. E não escondemos como o senhor esconde o Carlos Alberto. Deve ser por causa do 29 de abril”, devolveu o petista, em referência ao governador Beto Richa (PSDB) e ao episódio que ficou conhecido como Massacre do Centro Cívico, ocorrido em 2015. O PSDB integra a coligação do PMN. “O senhor, aliás, teve aliança com o [senador] Requião (PMDB), com o [ex-presidente] Fernando Henrique (PSDB), com o Cássio [Taniguchi, ex-prefeito pelo então PFL] e com o [Jaime] Lerner [ex-governador, também pelo PFL]”, completou.

Candidatos à Prefeitura de Curitiba participam de debate na RIC TV, afiliada da Record no Paraná
Candidatos à Prefeitura de Curitiba participam de debate na RIC TV, afiliada da Record no Paraná
Foto: Mariana Franco Ramos / Especial para Terra

"Cheiro de pobre"

O próprio Greca levantou a polêmica em torno da declaração preconceituosa que deu sobre pessoas em situação de rua na noite de quinta-feira (22), durante sabatina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e do jornal “Bem Paraná”. Naquela ocasião, ele disse que vomitou quando tentou carregar um pobre em seu carro, por causa do cheiro. Ontem, contudo, alegou que foi vítima de “trucagem” dos adversários. “Qual de vocês aqui já teve a experiência de bom samaritano de recolher alguém da rua? Eu tenho orgulho do meu serviço social na FAS [Fundação de Ação Social, que faz a gestão da assistência na cidade]”.

O tema voltou à tona no segundo bloco, em pergunta de Requião Filho. “Curitiba tem, segundo a prefeitura, 1.700 moradores de rua. Como ajudá-los sem passar mal?”, alfinetou. “Com um trabalho exaustivo, intenso, que passa pela valorização do educador social (...) Eu tinha uma visão romântica da ação social quando jovem e essa foi a experiência que eu relatei na PUC”, respondeu Greca. Na tréplica, o peemedebista falou que o problema exige habilidade social, algo que “não falta aos Requião”. O deputado, aliás, por diversas vezes destacou a atuação do pai quando prefeito e governador.

Nepotismo

Em novo “duelo” com o candidato do PMN, Tadeu Veneri mencionou a rejeição, em 2006, à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 40, que vedava o nepotismo no Paraná. Então colega do petista na Assembleia Legislativa do Estado, Greca votou contra a PEC. “Qual é hoje a sua posição quanto ao ‘primeiro-damismo’”?, emendou o parlamentar. 

“A ‘minha’ Margarita não vai participar [da gestão]. Nenhum dos meus irmãos vai ser secretário. E o de finanças será de grande competência”, afirmou o ex-chefe do Executivo. Na capital paranaense, esposas de prefeitos têm, tradicionalmente, ocupado cargos no primeiro escalão, mais precisamente na área social. E não foi diferente com Margarita Sansone, que dirigiu a FAS durante a administração do marido, entre 1993 e 1997.

Em outros momentos, o atual prefeito também virou alvo. Teve de responder a acusações de Greca de que a Companhia de Habitação (Cohab) estaria “seprocada” e de que a construção de casas populares nos bairros Parolin e Jardim Belém acabou abandonada. “Há uma dívida com o governo federal já em negociação”, argumentou o pedetista. “As pafalitas são de responsabilidade de seu governo, do seu governador, aquele que o senhor tenta esconder”, reagiu o prefeito.

Greca desponta hoje como favorito ao pleito, podendo ganhar já no primeiro turno. A mais recente pesquisa, do Ibope, encomendada pela RPC TV, o mostrou com 45% das intenções, sendo 52% dos votos válidos (excluindo brancos e nulos). Na sondagem anterior, ele aparecia com 28%. Fruet vem em segundo lugar, com 16%, seguido de "Requiãozinho", com 8%, e Leprevost e Victoria, com 6%. Já Veneri tem 4%. Ademar e Xênia, por sua vez, somam 1% cada.

Ao todo, foram quatro blocos de debate, incluindo rodadas de confronto direto, perguntas de temas definidos pela emissora e questões elaboradas pela equipe de jornalismo. No final, os participantes tiveram um tempo para fazer suas considerações. O primeiro encontro entre os candidatos, na TV Bandeirantes, aconteceu em 22 de agosto. Já o terceiro e derradeiro será na RPC TV, afiliada da Rede Globo no Paraná, na próxima quinta-feira (29). A data é a última para a veiculação da propaganda eleitoral gratuita.

Fonte: Especial para Terra
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