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Política

Delator diz que presidente Temer recebeu US$ 3 milhões de forma ilegal

10 dez 2016 - 01h44
(atualizado às 10h26)
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Um alto executivo da construtora Odebrecht vinculou o presidente da República, Michel Temer, com a cobrança ilegal de US$ 3 milhões, segundo um vazamento divulgado nesta sexta-feira por veículos de imprensa, algo que a presidência rejeitou e "repudiou com veemência".

O suposto envolvimento de Temer com a cobrança de R$ 10 milhões (cerca de US$ 3 milhões) da Odebrecht foi revelado à Justiça pelo ex-vice-presidente de Relações Instituições da construtora, Claudio Melo Filho, em uma delação premiada em troca de uma redução de pena.

A declaração de Filho, divulgada pelos veículos de imprensa locais, afirma que Temer pediu ao empresário Marcelo Odebrecht R$ 10 milhões, em 2014, quando era vice-presidente de Dilma Rousseff.

Durante uma reunião realizada em sua residência oficial, segundo a "TV Globo", "Temer solicitou direta e pessoalmente a Marcelo Odebrecht apoio financeiro para as campanhas do PMDB em 2014".

"Do total de R$ 10 milhões prometido por Marcelo Odebrecht, em resposta ao pedido de Michel Temer, Eliseu Padilha (atual ministro-chefe da Casa Civil) foi responsável por receber R$ 4 milhões", acrescenta.

"Entendi que os outros 6 milhões, por decisão de Marcelo Odebrecht, seriam atribuídos a Paulo Skaf", presidente da Federação de Indústrias de São Paulo (Fiesp) - o mais poderoso empregador do país - e candidato do PMDB ao governo de São Paulo em 2014, continua a delação.

Os acusados se apressaram em negar suas ligações com a cobrança de fundos irregulares, começando por Michel Temer que, em comunicado, repudiou "com veemência" as acusações.

"As doações feitas pela construtora Odebrecht ao PMDB foram realizadas por transferência bancária e declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral", manifestou Temer.

O mandatário negou a existência de uma caixa com contabilidade paralela de seu partido e "a entrega de dinheiro a pedido do presidente".

De acordo com a revista "Veja" e o portal "BuzzFeed", parte do dinheiro foi entregue no escritório do advogado José Yunes, um dos mais próximos colaboradores de Temer.

O secretário da Comunicação da presidência, Márcio Freitas, negou que representantes da Odebrecht ou de qualquer outra empresa tenham entregado dinheiro no escritório de Yunes, embora admitiu que Temer pediu contribuição financeira a Odebrecht, mas todos os recursos foram declarados.

Também a Fiesp rejeitou os supostos termos da delação e afirmou que Paulo Skaf "nunca pediu e nunca autorizou ninguém a pedir nenhuma contribuição de campanha que fossem as regularmente declaradas em suas declarações de contas. Todas as contas da campanha de Paulo Skaf foram aprovadas pela Justiça eleitoral".

O delator afirmou que, embora Temer pediu "doações" em 2014, habitualmente atuava "de forma muito mais indireta" e responsável pela "centralização" deste tipo de recursos no partido era o atual ministro Eliseu Padilha.

"Ele atua como um verdadeiro embaixador de Michel Temer e deixa claro que muitas vezes fala em seu nome. Eliseu Padilha concentra a arrecadação política do PMDB", afirmou o ex-vice-presidente.

O delator também se referiu ao "núcleo" mais poderoso do partido no Senado, dizendo que o senador Romero Jucá - ex-ministro de Temer - "desde 2004 participou de pagamentos a Jucá que hoje superam os R$ 22 milhões.

O depoimento também alcança o polêmico presidente do Senado, Renan Calheiros, acusado de um suposto crime de corrupção, que em uma situação insólita - e inédita no Brasil - se rebelou contra o Supremo Tribunal e conseguiu se manter no cargo, pelo menos por enquanto, apesar da gravidade das acusações contra ele.

O antigo executivo da Odebrecht também afirmou que cerca de R$ 1 milhão estavam destinados a Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados e principal impulsor do processo de cassação de Dilma Rousseff, hoje preso acusado de corrupção.

A declaração de Melo Filho é uma das primeiras a vazar após o acordo de leniência alcançado pela Odebrecht com a Justiça por conta da Lava Jato.

A companhia pediu publicamente desculpas e se comprometeu a pagar cerca R$ 6,8 bilhões de multa por sua participação na trama.

EFE   
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