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Polícia

Promotor sobre leite adulterado: "é mais grave que tráfico de drogas"

8 mai 2013 - 12h26
(atualizado em 10/5/2013 às 15h41)
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A adulteração de leite por cinco empresas do Rio Grande do Sul responsáveis por transportar o produto, revelada pela Operação Leite Compen$ado, é mais grave do que o tráfico de drogas. A comparação foi feita nesta quarta-feira pelo promotor de Justiça da Especializada Criminal da Capital, Mauro Rockenbach, durante entrevista coletiva na Promotoria de Justiça de Tapera (RS). "No tráfico, a venda é feita para quem sabe que está comprando drogas. Na adulteração de leite, com ureia e formol, a venda é feita sem que a pessoa queira ou saiba que está contaminado", explicou. 

Pelo menos oito pessoas foram presas na ação do MPE com o apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), da Receita Estadual e da Brigada Militar. Segundo o promotor, as empresas de transporte de leite adulteraram o produto cru entregue para a indústria. Eles adicionavam uma substância semelhante à ureia e que possui formol em sua composição, na proporção de um quilo deste produto para 90 litros de água e mil litros de leite

As investigações foram iniciadas em abril de 2012, depois que o Mapa identificou a presença de formol em um laudo de análise de leite. "Naquela ocasião se acendeu a luz vermelha. Passaram a monitorar de forma mais abrangente e o segundo laudo, de agosto, confirmou que alguém estava adulterando o leite. O Ministério Público foi então procurado e pedido prioridade para a apuração"", informou Rockenbach. 

Todos os passos, envolvidos e locais utilizados para adulteração e encontros foram descobertas pelo uso de intercepção telefônica. De acordo com as investigações, o leite era recolhido por empresas, os chamados leiteiros, em caminhões-tanque. Em seguida, a carga ia para os postos de resfriamento e só depois para a indústria. Segundo o promotor, o caminhão já saía "batizado" para recolher o leite. "Atrasamos a conclusão da operação para comprovar onde era feita a adulteração e era nos caminhões. A mistura era colocada antes de ir para o recolhimento do leite junto aos produtores", ressaltou. 

A simples adição de água, com o objetivo de aumentar o volume, acarreta perda nutricional, que é compensada pela adição da ureia – produto que contém formol em sua composição – e é considerada cancerígeno pela Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer e pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O Ministério Público também suspeita que a água de poço artesiano era imprópria para o consumo. Por isso, uma amostra foi coletada para análise.

Com o aumento do volume do leite transportado, os "leiteiros" lucravam 10% a mais que os 7% já pagos sobre o preço do leite cru, em média R$ 0,95 por litro. A prática deu nome à operação. Rockenbach ressaltou que as indústrias não tinham envolvimento com a adulteração, mas apresentou uma deficiência no controle de qualidade. "É uma fraude em desuso há muito tempo, que há 30 anos não se via. Então, a indústria relaxou no controle de qualidade e não estava mais fazendo teste para essa substância", disse. A expectativa é que seja assinado um termo de ajustamento de conduta com as empresas a respeito. 

Confira as marcas que apresentaram adulteração por formol conforme laudos de laboratórios credenciados pelo Mapa: 

MARCA LOTE
Italac Integral L05KM3, L13KM3, L18KM3, L22KM4 e L23KM1 

Italac Semidesnatado
L12KM1
Líder UHT Integral TAP1MB (produzido em 17/12/2012 e com validade até 17/04/2013)
Mumu UHT Integral 3ARC
Latvida UHT Desnatado com fabricação em 16 de fevereiro de 2013 e validade até 16 de junho de 2013
Fonte: Terra
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