GO: polícia investiga se morte de radialista foi encomendada
A Delegacia Estadual de Investigações de Homicídios de Goiás (DIG) investiga a morte do radialista esportivo Valério Luiz de Oliveira, 49 anos, assassinado na última quinta-feira em frente à Rádio Jornal 820 AM, na qual trabalhava.
Segundo a delegada Adriana Ribeiro de Barros, as suspeitas são morte por encomenda, vingança ou desavença. "Estamos investigando o crime por essas causas e já temos um suspeito. Mas ainda não podemos dar mais informações." A delegada não quis comentar se o suspeito era sobre o mandante ou o assassino.
Adriana comentou que o radialista era uma pessoa tranquila. "Valério era reservado, estava sempre com a esposa e os três filhos." Segundo o delegado adjunto da DIG, Carlos Caetano, o jornalista tinha opiniões muito fortes. "Ele era um jornalista esportivo, mas era muito duro em algumas opiniões. Não media palavras. Era muito amado e muito odiado."
Valério foi assassinado em frente à Rádio Jornal 820 AM por um homem que estava em uma moto e lhe deu sete disparos, sendo que quatro atingiram seu toráx. No momento do crime, as câmeras de segurança do prédio da emissora estavam desligadas. A perícia analisa as imagens feitas por câmeras de monitoramento das residências e de estabelecimentos comerciais vizinhos. Testemunhas disseram aos policiais que o homem que fez os disparos fugiu em uma moto.
O Atlético Goianiense, clube que proibiu a entrada dos dois veículos em que o cronista trabalhava após comentários dele, divulgou uma nota dizendo estar de luto "pelo brutal assassinato do cronista esportivo e atleticano Valério Luiz de Oliveira, ex-integrante da Rádio Jornal 820 AM e da PUC TV. Valério Luiz se caracterizava por seus comentários, que em alguns momentos desagradou alguns setores do clube, porém, a opinião forte do cronista já serviu até para a tomada de decisões que colaboraram desta forma com o crescimento do Atlético". O presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), Gustavo Mohme, disse que lamenta a "onda de violência que abala o jornalismo brasileiro" e que considera necessário que as autoridades acabem com o clima de impunidade que "impera em torno dos crimes" contra jornalistas. Mohme, diretor do jornal peruano La República, pediu às autoridades para "esclarecerem com prontidão este caso e punirem os responsáveis". Este foi o quinto caso do tipo em 2012 no Brasil. "O crime de Oliveira ocorreu logo quando a Câmara dos Deputados do Brasil realiza audiências públicas nas quais são estudadas propostas para federalizar os crimes contra jornalistas e adotar outras medidas de proteção para a imprensa", informou a SIP. Neste ano foram assassinados no Brasil outros quatro jornalistas: Décio Sá, em São Luís (MA); Paulo Roberto Cardoso Rodrigues (Paulo Rocaro), em Ponta Porã (MS); Mário Randolfo Marques Lopes, em Vassouras (RJ) e Laécio de Souza de Simões Filho, em Simões Filho (BA).