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Polícia

Benefícios de PMs podem ter sido usados para comprar imóveis

24 fev 2010 - 03h45
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O suposto esquema de desvio de dinheiro das contribuições de PMs, a partir de um contrato de terceirização de serviços firmado entre a Caixa de Benefícios da Polícia Militar e a União Nacional de Assistência aos Servidores Públicos (Unasp), envolveria a compra de bens em nome de 'laranjas'. A Polícia Civil investiga se há fraude no contrato e se os atrasos nos pagamentos dos benefícios por morte ou invalidez têm relação com o suposto desvio.

Segundo o relatório de investigações, a Unasp teria comprado uma cobertura na Praça Seca por R$ 330 mil, onde mora sem custos o filho do tenente reformado Jorge Lobão, presidente da Caixa. Em depoimento, o diretor de benefícios da Unasp, Orlando Siqueira Neto, afirmou que a entidade pagou R$ 50 mil e pediu empréstimo de R$ 280 mil à Associação dos Servidores Públicos do Brasil para custear o restante do valor do imóvel.

O filho de Lobão, Richard de Souza Amaral Lobão, que hoje é consultor de projetos da Unasp, mora na cobertura há cerca de um ano. Ele chegou a trabalhar como diretor de patrimônio da Caixa, de onde foi demitido pelo pai por discutir com um funcionário. A nora do tenente, Fabiana de Oliveira Costa, também trabalhou na Caixa por quatro anos como tesoureira.

Apesar de ter cancelado o contrato com a Unasp, Lobão disse não suspeitar de desvio por parte da empresa. Ele explicou por que Richard mora em imóvel adquirido pela Unasp. "É uma reserva técnica da empresa, e as contas pessoais, quem paga é ele. Também temos nossa reserva técnica: pousadas na Ilha Grande, Cabo Frio, Friburgo e Campos do Jordão", afirmou.

Questionado sobre a possibilidade de vender as pousadas para quitar as dívidas com família de associados, Lobão argumentou que o estatuto da Caixa trata o lazer como benefício. "Sei que as famílias dos policiais mortos ou reformados por invalidez não querem saber de pousada e precisam do benefício, mas se eu vendesse a de Cabo Frio, que vale uns R$ 400 mil, não pagaria nem 1% do que devo", disse.

Lobão acusa dois policiais civis de extorsão e diz que vai procurar a Corregedoria. Ele afirma que o comissário responsável pelas investigações ofereceu proposta de assistência funerária da Associação Beneficente de Servidores Públicos Municipais, Estaduais, Federais e de Entidades Civis (ABBS), da qual seria secretário. O outro policial, um inspetor, teria apresentado currículo da mulher, lotada no 18º BPM (Jacarepaguá), pedindo emprego com salário de R$ 5 mil.

"O que ele queria era derrubar o contrato com a Unasp para colocar a empresa dele. E pediu busca e apreensão na Justiça para conseguir de volta o documento que ele apresentou com o nome dele", disse Lobão. O inquérito da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod) seguiu para a Justiça com pedido de mais tempo para as investigações. Segundo o delegado Marcus Vinícius Braga, o procedimento será encaminhado à Delegacia de Defraudações.

Fonte: O Dia
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