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Polícia

Após ocupação de morros, roubos e assaltos crescem no Rio

13 jul 2009 - 09h47
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Estatísticas divulgadas pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) apontam que o número de roubos a pedestres, estabelecimentos comerciais e residências aumentou nos primeiros quatro meses do ano na zona sul do Rio de Janeiro em relação ao mesmo período do ano passado. O período coincide com a ocupação do morro Dona Marta, em Botafogo pelas Unidades de Polícia Pacificadora (UPP).

"No momento em que você começa a reprimir o tráfico, o criminoso desce para arranjar dinheiro na rua", opina a presidente da Associação de Moradores de Botafogo, Regina Chiaradia. "O aumento nos assaltos, para mim, é fruto dessa repressão ao mercado das drogas", afirma.

Não é, no entanto, o que disse o Secretário de Segurança Pública do Estado, José Mariano Beltrame, ao ser questionado sobre o assunto durante a coletiva em que anunciou o novo comandante da PM, coronel Mário Sérgio Duarte. "Não acredito nisso. Esses criminosos são de outros lugares", respondeu.

Mas os moradores de alguns bairros estão muito preocupados com a insegurança crescente. No último sábado, foi realizada em Botafogo uma reunião com 140 pessoas. Segundo Edson Calil, um dos promotores do evento, o objetivo foi discutir iniciativas com que a população do bairro possa colaborar com a polícia. "Acho que o aumento não parece ser uma questão genérica, isso acontece porque está havendo um brutal aumento na repressão as drogas. Mas não tem a menor importancia de onde vêm os marginais e sim o que eles fazem", aponta.

Já habitantes de Laranjeiras, liderados pelo morador Paulo Brittes, vão se encontrar na quinta-feira com o novo comandante do 2º Batalhão, tenente-coronel Roberto Gil da Conceição, pelo mesmo motivo. O prédio de Paulo, na rua Coelho Neto, chegou a instalar uma sirene para assustar os frequentes ladrões. "Parece que o efetivo policial não é suficiente nas ruas. Quando vamos à delegacia, parece que não interesse em investigar os roubos", afirma.

Indicativos

O Instituto de Segurança Pública (ISP) registrou aumento nos casos de roubos a moradores, estabelecimentos comerciais, e a residências no primeiro quadrimestre deste ano em relação ao mesmo período 2008 nos bairros de Botafogo, Flamengo, Humaitá, Laranjeiras, Cosme Velho, Catete, Glória e Urca.

Os assaltos a pedestres somaram 566 em 2008 e este ano subiram para 640, 74 casos a mais. Os roubos à residências registrados nas delegacias passaram de 9 para 22. Em relação aos estabelecimentos comerciais, 46 sofreram assaltos contra 32 no ano passado. Os roubos a coletivos foram 63 em 2008, contra 70 neste ano.

Houve também arrastões em dois túneis da cidade desde que o Dona Marta foi ocupado e episódios de assaltos a motoristas em bairros também da zona norte, para onde, segundo fontes da polícia, parte dos traficantes teria fugido após as primeiras buscas da PM no Tabajaras, em Copacabana, primeiro refúgio dos criminosos.

Mas também há na polícia quem acredite que os traficantes do Dona Marta e, mais recentemente os que foram banidos do Chapéu Mangueira, no Leme, também ocupado pela PM, podem estar buscando outras fontes ilícitas de renda. Sem dúvida, normalmente os índices apontam para essa situação ¿ afirmou um oficial ouvido pelo Jornal do Brasil.

A cientista social Sílvia Ramos, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, porém, concorda com Beltrame. "Não acredito que tenha relação, pois o roubo a pedestre é algo que só aumenta ano após ano. Há um raciocínio, que não acredito ser muito lógico, em que a fuga dos traficantes seja a causa. Do morro Dona Marta, os traficantes foram para a comunidade Tabajaras em Copacabana e lá, continuam traficando drogas", explica a pesquisadora.

Jornal do Brasil Jornal do Brasil
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