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Número de "meninos suicidas" capturados pelo Boko Haram triplica na Nigéria

11 abr 2017 - 21h38
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O número de meninos capturados pelo grupo terrorista nigeriano Boko Haram para cometer atentados suicidas triplicou durante os primeiros três meses deste ano em relação ao mesmo período de 2016, denunciou nesta quarta-feira (data local) o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

De janeiro a março deste ano, 27 menores foram usados pelo grupo jihadista ativo na bacia do lago Chade para cometer atentados, enquanto que no primeiro trimestre de 2016 foram nove, segundo o relatório "Vergonha silenciosa: as vozes dos meninos na crise do lago Chade" publicado pelo Unicef.

Esta agência das Nações Unidas considera este aumento uma "alarmante tática" dos radicais.

"Nos três primeiros meses deste ano o número de meninos utilizados em ataques com bomba é quase o mesmo que durante todo o ano passado, este é o pior uso de meninos em um conflito", alertou em um comunicado a diretora regional do Unicef para África Ocidental e Central, Marie-Pierre Poirier.

Segundo a recontagem da organização, 117 meninos foram usados nos últimos quatro anos para realizar atentados suicidas na bacia do lago Chade, que compreende Camarões, Chade, Níger e Nigéria: quatro em 2014, 56 em 2015, 30 em 2016 e 27 nos primeiros três meses de 2017.

O relatório destaca que a maioria dos menores suicidas eram meninas.

A consequência destes atos, além da morte e destruição que provocam, é que os menores são percebidos pela sociedade como uma ameaça, quando, ressaltou Poirier, "estes meninos são vítimas, não infratores".

O Unicef revelou que muitos meninos capturados pelo Boko Haram que conseguiram escapar de seu jugo escondem de onde vêm e o que tiveram que viver por medo de serem estigmatizados.

Além disso, a agência da ONU expressou sua preocupação pelo fato de muitos meninos suspeitos de manter vínculos ou que foram capturados pelos jihadistas serem detidos pela polícia e retidos em detenção administrativa por períodos prolongados.

De acordo com a recontagem desta organização, em 2016 quase 1.500 meninos foram mantidos em detenção administrativa nos quatro países.

Perante esta situação, o Unicef pede às autoridades que entreguem estes menores suspeitos o mais rápido possível a pessoal capacitado, que atue na esfera civil, saiba lidar com os traumas que suportaram e possa reintegrá-los na sociedade.

A crise na bacia do lago Chade já deslocou de seus lares mais de 1,3 milhão de menores.

EFE   
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