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Cidades

Parada gay na Rocinha reúne mais de 50 mil, diz organização

24 out 2010 - 22h50
(atualizado em 25/10/2010 às 01h11)
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Isaac Ismar
Direto do Rio de Janeiro

Crianças posam para foto ao lado de participante caracterizada para a festa
Crianças posam para foto ao lado de participante caracterizada para a festa
Foto: Mauro Pimentel / Futura Press

A Primeira Parada Gay da Rocinha, a maior favela do Rio de Janeiro, reuniu cerca de 50 mil pessoas nas ruas da comunidade neste domingo, com muitas plumas, lantejoulas, purpurina, perucas coloridas e irreverência. A comunidade sempre foi reconhecida por acolher pessoas de todos os lugares, classes e raças e a prova disso ocorreu durante o evento, onde não foram registrados incidentes, do fim da tarde ao início da noite.

O evento foi realizado pela Associação dos Moradores da Rocinha. De acordo com a organização, o objetivo da parada gay é combater o preconceito aos moradores da favela e aos homossexuais, unindo-os em uma grande festa a céu aberto. O casal Roberto Barros e Eduardo Saad, coreógrafos, também conhecidos como Ursos, organizaram o evento em menos de uma semana.

"Participamos da escola de samba Acadêmicos da Rocinha. Algumas pessoas nos convidaram para organizar a Primeira Parada Gay da Rocinha. Trabalhamos até de madrugada para enfeitar as ruas. Foi fácil preparar a comunidade, pois o lugar é tranquilo e as pessoas são maravilhosas. Não tivemos nenhum tipo de problemas. Quero comprar um apartamento aqui pra morar", brincou Eduardo, que contou com uma marca de cervejaria e operadora de telefonia celular como patrocinadores.

O desfile, que coloriu a Rocinha, começou em uma rua na parte alta da comunidade e seguiu até a região mais movimentada, conhecida como Via Ápia. Um DJ, em cima do trio elétrico, comandou o ritmo da festa com funk, música eletrônica e canções de Ivete Sangalo, Beyoncé e Xuxa. Alguns transformistas famosos no Rio participaram do evento, além de David Brazil, Mulher Maçã e Amin Khader. Muitos moradores acompanharam o dia de intenso movimento na favela atentos das suas janelas. Alguns aproveitaram para descer até a rua e ver a animação mais de perto.

No meio do bloco havia um pouco de tumulto, já que havia cordão de isolamento, mas nada que impedisse as cantadas e os beijos entre pessoas do mesmo sexo. Alguns homens heterossexuais, mais animados, moradores da favela, deixaram a vergonha de lado e entraram no clima, colocando roupa de mulher. "Acho legal me vestir de mulher. As pessoas sabem que é brincadeira. Tenho dois filhos. Quando tem esse tipo de festa gosto de me produzir assim", disse Carlos Moura, 43 anos.

O jovem Fabio, nome de menino da Miss Gay Piauí, de 26 anos, também estava na parada gay. Travestido de mulher, ele afirmou que trabalha como designer em produções teatrais e não precisa se prostituir para ganhar a vida. "Me sustento com o salário de figurinista de moda. O pessoal no meu trabalho e meus parentes sabem que sou gay, mas minha família nem desconfia que eu me monto", explicou, usando uma gíria para dizer que se veste de mulher.

Outra transformista que chamava a atenção no bloco era a Mulher Salsicha, simpático apelido de Richard Kawts, 19 anos de idade. Humorista e comerciante, o rapaz esbanjou bom humor. "Quando participei do programa de TV do Tom Cavalcanti veio a ideia: Mulher Salsicha", lembrou ele, que usa maquiagem espalhafatosa, batom além dos contornos da boca, peruca rosa e vestido vermelho.

Toda de preto, a transformista Tácila Eike, 22 anos, fez questão de ressaltar que além da alegria, a parada gay de estreia da Rocinha também teve um cunho importante para a comunidade lésbica, gay, bissexual e transgênera (LGBT). "Esta parada gay é objetiva e dentro dos padrões. Estamos lutando contra a homofobia. Mostramos aqui um exemplo de organização, respeito, responsabilidade e carinho".

Fonte: Redação Terra
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