PUBLICIDADE

Polícia

Acaba interrogatório do casal; mãe foi liberada pela manhã

25 mar 2010 - 21h10
(atualizado às 21h24)
Compartilhar
Hermano Freitas
Direto de São Paulo

O interrogatório de Anna Carolina Jatobá e Alexandre Nardoni, acusados de matar a menina Isabella, encerrou pouco antes das 21h desta quinta-feira, quarto dia do julgamento do casal. Ao final da sessão, o Tribunal de Justiça de São Paulo informou que Ana Carolina de Oliveira, mãe da menina, deixou o Fórum de Santana, na zona norte da capital paulista, por volta das 8h, após a defesa ter desistido da acareação.

Nardoni diz que pai vem sendo ameaçado por policiais:

De acordo com o TJ, Ana Carolina passou mal pela manhã e recebeu atendimento médico. Um psiquiatra forense atestou estado de stress na bancária e desaconselhou uma acareação com os réus. Após essa constatação, houve uma reunião entre o juiz e a defesa, homologando a desistência da acareação.

Por volta das 18h, um dos advogados da equipe de Roberto Podval já havia passado a informação a imprensa, porém sem passar detalhes da desistência. Na noite de quarta-feira, o promotor Francisco Cembranelli chegou a classificar como "desespero da defesa" o eventual enfrentamento entre réus e a mãe da menina.

Interrogatório

O interrogatório dos réus durou quase 10 horas. Alexandre foi o primeiro a ser ouvido. Um bate-boca e um choro posto em xeque pelo promotor Cembranelli foram os momentos mais marcantes do depoimento do pai de Isabella. Durante a oitiva, ele fez acusações contra a Polícia Civil. No entanto, na maior parte das perguntas, afirmou apenas que não se recordava dos fatos.

Nardoni chorou durante o interrogatório ao falar da morte da filha e quando encontrou a mãe dele no plenário. A manifestação de emoção não convenceu o promotor, que perguntou se havia algum problema com os olhos de Nardoni, que impediam que saíssem lágrimas quando ele chorava. A pergunta foi indeferida pelo juiz Maurício Fossen.

Alexandre ainda disse que o delegado titular do 9º Distrito Policial de São Paulo, Calixto Calil Filho, propôs, durante a fase do inquérito, que ele assinasse uma declaração de homicídio culposo (sem intenção de matar) pela morte da filha. Segundo Nardoni, isso seria parte de um acordo para que Anna Carolina Jatobá fosse dispensada pela polícia. Ele disse ter se recusado assinar, afirmando que é inocente.

Contradições

Anna Jatobá começou a ser interrogada por volta das 16h35. Assim como o marido, fez denúncias contra policiais e chorou mais de uma vez. Ela contrariou o depoimento de Alexandre sobre o buraco na rede da janela do edifício London. Ela disse o marido passou a cabeça pela abertura. Anteriormente, o réu havia dito que não havia passado sua cabeça porque o buraco era "muito pequeno".

"Assim que entramos no quarto, eu vi a janela aberta e uma gota de sangue bem próxima à cama do Pietro (filho do casal). O meu marido foi até a janela, colocou a cabeça para fora, virou-se para mim já branco e disse: 'Carol, a Isabella está lá embaixo'", disse Anna.

Antes, em depoimento de mais de cinco horas, Nardoni disse que ficou de joelhos na cama e encostou o rosto na tela. "Não dava para passar a cabeça", disse Alexandre. O promotor Francisco Cembranelli questionou se a cabeça dele tinha meio metro. O advogado de defesa, Roberto Podval, interveio e o juiz Maurício Fossen disse que não ia permitir xingamentos no tribunal.

Anna caiu em contradição por uma segunda vez ao ser questionada sobre os primeiros passos do casal após verem o corpo de Isabella no pátio do jardim. Inicialmente, ela havia dito que a menina já havia sido socorrida enquanto dialogava com Alexandre e um policial.

Porém, ao ser questionada sobre o que havia respondido quando Alexandre pediu para ela subir e verificar se não tinham roubado nada, ela teria respondido ao marido: "Eu não vou coisa nenhuma porque a Isabella está precisando de socorro". Percebendo que caiu em contradição, Anna disse que havia se enganado. "O corpinho dela ainda estava na grama", afirmou.

O caso

Isabella tinha 5 anos quando foi encontrada ferida no jardim do prédio onde moravam o pai, Alexandre Nardoni, e a madrasta, Anna Carolina Jatobá, na zona norte de São Paulo, em 29 de março de 2008. Segundo a polícia, ela foi agredida, asfixiada, jogada do sexto andar do edifício e morreu após socorro médico. O pai e a madrasta foram os únicos indiciados, mas sempre negaram as acusações e alegam que o crime foi cometido por uma terceira pessoa que invadiu o apartamento.

O júri popular do casal começou em 22 de março e deve durar cinco dias. Pelo crime de homicídio, a pena é de no mínimo 12 anos de prisão, mas a sentença pode passar dos 20 anos com as qualificadoras de homicídio por meio cruel, impossibilidade de defesa da vítima e tentativa de encobrir um crime com outro. Por ter cometido o homicídio contra a própria filha, Alexandre Nardoni pode ter pena superior à de Anna Carolina, caso os dois sejam condenados.

Fonte: Redação Terra
Compartilhar
Publicidade