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Política

Secretário grava governador do DF e PF investiga esquema de propina

27 nov 2009 - 16h09
(atualizado às 18h39)
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Marina Mello
Direto de Brasília

O secretário de Relações Institucionais do Distrito Federal, Durval Barbosa, foi o colaborador da investigação de um suposto esquema irregular que seria operado no Governo do Distrito Federal (GDF). Segundo despacho do ministro Fernando Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que autorizou os mandados de busca e apreensão, Durval Barbosa teria optado pelo benefício da delação premiada e, por esta razão, teria aceitado utilizar microfones escondidos durante conversas com o governador do DF, José Roberto Arruda (DEM). A PF apura um suposto esquema de propina à base aliada do Distrito Federal.

Policiais inspecionam o gabinete do deputado distrital Leonardo Prudente (DEM-DF)
Policiais inspecionam o gabinete do deputado distrital Leonardo Prudente (DEM-DF)
Foto: Josemar Gonçalves/Jornal de Brasília / Futura Press

Nas gravações, que resultaram na Operação Caixa de Pandora da Polícia Federal (PF), o governador apareceria negociando com seu secretário Durval Barbosa o destino de R$ 400 mil. Em outro trecho, segundo o despacho, consta a informação de que o dinheiro seria dividido entre deputados distritais da "base aliada". Segundo o STJ, foi aberto a Durval Barbosa a participação de um programa de proteção de testemunhas da PF.

Com base nisso, o ministro do STJ explica que "autoridade policial requer medidas de busca e apreensão no local de trabalho e na residência de nove pessoas". Algumas empresas do DF também fazem parte da investigação e foram realizadas buscas em suas sedes.

Seriam estas empresas que prestam serviço ao GDF e que ajudariam a compor o bolo da verba que seria distribuída a deputados. "Repassam ao esquema criminoso os R$ 600 mil que estão sendo rastreados pela Polícia Federal, sendo necessário saber se estas empresas têm em seus arquivos ou em suas dependências documentos, anotações e registros contábeis paralelos relacionados com a apuração", diz o despacho.

Além das empresas, três pessoas físicas são citadas por Durval Barbosa como as que teriam repassado ao suposto esquema parte dos R$ 600 mil rastreados. Entre elas está o secretário de educação do DF, José Luiz Vieira Valente, que teria recebido R$ 60 mil de uma das empresas investigada para compor o montante de dinheiro.

São investigados ainda os deputados distritais Eurides Brito (PMDB), Rogério Ulisses (PSB), Pedro do Ovo (PRP) e o presidente da Câmara Legislativa do DF, Leonardo Prudente (DEM). A assessoria do GDF afirmou que ainda não teve acesso ao teor das investigações, mas que vai cooperar com os trabalhos da PF.

Hoje, a PF cumpriu mandado de busca e apreensão nas residências e nos gabinetes dos principais deputados que integram o governo Arruda. Também foi feita uma busca em um anexo da residência oficial do governador do Distrito Federal.

Em nota, o STJ informou que a PF realizou buscas e apreensões no local de trabalho ou sede de 16 pessoas físicas e jurídicas. As buscas e apreensões decorrentes da autorização foram acompanhadas por procuradores do Ministério Público Federal em 24 locais indicados, sendo 21 no Distrito Federal, um em Goiânia (GO) e dois em Belo Horizonte (MG). Segundo o STJ, a medida visa descobrir provas e indícios de eventual vínculo mantido entre os investigados e a suposta participação de cada um em atos ilícitos.

O ministro do STJ determinou que as buscas fossem feitas com discrição, para "assegurar a intimidade e preservar os direitos subjetivos dos investigados". O sigilo de Justiça foi revogado.

Fonte: Terra
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