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Incêndio destrói grande parte da obra de Hélio Oiticica no RJ

17 out 2009 - 05h25
(atualizado às 21h30)
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Um incêndio destruiu grande parte do acervo do pintor e artista plástico Hélio Oiticica, na Rua Engenheiro Alfredo Duarte, 391, no Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio de Janeiro. As obras de um dos mais consagrados artistas brasileiros, morto em 1980, estavam acondicionadas em um ateliê de reserva técnica, no andar térreo da casa do irmão, César, de 70 anos.

O incêndio destruiu grande parte do acervo de Hélio Oiticica
O incêndio destruiu grande parte do acervo de Hélio Oiticica
Foto: Alessandro Buzas / Futura Press

César é responsável pelo Projeto Hélio Oiticica, que agrega pesquisadores e colecionadores em todo o mundo. A notícia da perda do acervo de Oiticica abalou a comunidade artística e deixou amigos e familiares perplexos. O fogo, que destruiu toda a área do acervo, começou por volta das 22h. Cerca de 20 homens dos quartéis de Bombeiros do Humaitá e Catete foram acionados para debelar as chamas. Ninguém ficou ferido. As causas do incêndio ainda são desconhecidas.

Entre as cerca de duas mil obras, destruídas pelo fogo, estavam fitas de vídeos, documentários e livros, além de quadros e obras consagradas como os Bólides e os Parangolés. O Parangolé é considerado a primeira manifestação ambiental coletiva, envolvendo capas, barracas, estandartes e passistas da Mangueira, na mostra Opinião 65. O acervo do projeto estava avaliado em cerca de 200 milhões de dólares.

Comovido e chorando copiosamente, César lamentou a perda de 90% do acervo de Hélio Oiticica, criador de Monocromias (formas quadradas recortadas e coladas sobre suporte retangular branco), Bilaterais, Bólides e dos Parangolés.

"Queria morrer junto com as obras. Após a morte do Hélio, em 1980, fiquei responsável pelo acervo. É muito triste! Não tenho dúvidas, a única vítima desse terrível incêndio foi a Cultura Brasileira", lamentou César Oiticica.

A hipótese de um incêndio criminoso foi descartada por César Oiticica. De acordo com o irmão do artista, além do forte aparato externo de segurança no bairro, o ateliê contava com sensíveis alarmes de presença e anti- incêndios, além equipamentos de climatização para manutenção das obras. "Essa está completamente descartada. O acervo tinha um forte aparato de segurança", ressaltou.

O tenente do Corpo de Bombeiros Yuri Manso, responsável pela operação, informou que as chamas consumiram as obras com rapidez e que só após o resultado do laudo técnico será possível chegar às possíveis causas do incêndio.

Oiticica consolidou estética do movimento tropicalista

Hélio Oiticica naceu no Rio de Janeiro, em 26 de julho de 1937. Oiticica foi, entre outros, pintor, escultor, artista plástico e performático de aspirações anarquistas. É considerado por muitos, um dos artistas mais revolucionários de seu tempo e sua obra experimental e inovadora é reconhecida internacionalmente.

Em 1959, Hélio Oiticica fundou o Grupo Neoconcreto, ao lado de artistas como Amilcar de Castro, Lygia Clark e Franz Weissmann. Na década de 1960, Hélio Oiticica criou o Parangolé, que ele chamava de "antiarte por excelência".

Foi também Hélio Oiticica que fez o penetrável Tropicália, que não só inspirou o nome, mas também ajudou a consolidar uma estética do movimento tropicalista na música brasileira, nos anos 1960 e 1970. O artista morreu no Rio de Janeiro, em 26 de março de 1980.

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