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Política

Sarney comanda vasta "teia" de indicações no poder público

25 jul 2009 - 22h35
(atualizado às 23h01)
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O senador José Sarney (AP) está longe de perder o poderio. Apesar de viver uma crise na presidência do Senado, o maior cacique do PMDB comanda uma vasta "teia" de indicações no poder público. Agências reguladoras, fundos de pensão, autarquias. É impossível calcular o tamanho dos tentáculos de Sarney nos órgãos brasileiros, principalmente pela maneira "clandestina" que atua na hora de indicar seus afilhados políticos, segundo afirma um cacique do PSDB.

Peemedebista vive uma crise na presidência do Senado
Peemedebista vive uma crise na presidência do Senado
Foto: Geraldo Magela / Agência Senado

"Lula e Dilma dizem que precisam do PMDB para governar. Mas o Ministério de Minas e Energia é mais que o suficiente para pagar essa dívida política", afirma o presidente do PT no Maranhão, deputado Domingos Dutra. "O governo, no entanto, está pagando essa dívida a peso de ouro. O PMDB só tem o pudim. Eles têm ainda a presidência da Câmara e do Senado. E nós temos que ficar nos humilhando."

Sarney tem sofrido pressões para deixar o cargo desde que começou a ser envolvido em uma série de denúncias. Ele é acusado de contratar parentes e aliados através dos chamados atos secretos - decisões do Senado que não foram oficialmente publicadas -, além de ter indicado para o cargo o ex-diretor-geral da Casa acusado de comandar a edição desses atos, Agaciel Maia. Além disso, Sarney teria ocultado da Justiça Eleitoral uma mansão milionária em Brasília e é acusado de favorecer seu neto para negociar empréstimos consignados de servidores da Casa.

Setor elétrico

O ministério de Minas e Energia é a menina dos olhos de Sarney. O partido recebeu a pasta de porteira fechada. E foi justamente nesse ministério que o peemedebista teve um dissabor: o afastamento do ex-ministro Silas Rondeau, que pediu demissão do cargo depois de ter sido investigado pela Polícia Federal durante a operação Navalha por suspeita favorecer a empreiteira Gautama em uma licitação do programa Luz para Todos. Afastado do ministério, Rondeau exerce hoje a função de conselheiro na Administração da Petrobras, onde recebe mais que um ministro de Estado para participar de reuniões mensais.

O poderio de Sarney no setor elétrico vai muito além da Esplanada. Ele indicou para a a presidência da Eletrobrás José Maria Muniz. Assim como indicou Astrogildo Quental para diretor financeiro e de Relações com Investidores. Quental foi secretário de Infraestrutura no governo de Edison Lobão (1991-1994) e depois no de Roseana Sarney (1995-2002) no Maranhão. Antes da Eletrobrás, Quental foi diretor administrativo da Eletronorte.

Na Agência Nacional de Petróleo (ANP), Sarney colocou Alan Kardec Duailibe como diretor. Duailibe é genro de José Carlos Sousa e Silva, administrador da Fundação José Sarney. Já na Valec, empresa responsável pela construção da ferrovia Norte-Sul, está Ulisses Assad, investigado pela Polícia Federal devido a sua ligação com Fernando Sarney em processos fraudulentos de licitação.

Comunicações

O Ministério das Comunicações, com Orçamento para 2009 de R$ 270 milhões, também é bem quisto por Sarney. A família do senador é dona da concessão da TV Mirante, a retransmissora da Rede Globo no Maranhão. A TV está no ar desde 1987. Além de Minas e Energia e Comunicações, os ministérios de Agricultura, Defesa, Integração Nacional e Saúde também estão sob o domínio do PMDB. Somados, eles têm previstos no Orçamento de 2009 mais de R$ 52 bilhões.

De maneira geral, as indicações de Sarney são para os órgãos de infraestrutura, que geram as grandes obras e, consequentemente, trazem os grandes financiadores de campanhas. É o que afirma o senador Artur Virgílio (PSDB-AM), autor de denúncias contra o presidente do Senado no Conselho de Ética. "Sarney representa uma política que não cabe mais no País. Um político patrimonialista que faz questão de cargos de R$ 2,7 mil (uma referência ao cargo ocupado pelo ex-namorado da neta de Sarney, Henrique Bernardes, nomeado por ato secreto)."

Jornal do Brasil Jornal do Brasil
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