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Polícia

Menina austríaca morre no Rio; tia é suspeita de agressão

19 jun 2009 - 23h22
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Depois de ter sido supostamente espancada ao ponto de quebrar os pulsos e sofrer traumatismo craniano, S.Z., 4 anos, morreu sexta-feira no Hospital Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. A menina ficou uma semana em coma até ter morte cerebral ontem. Ela e o irmão, R.Z., 11 anos - ambos austríacos e no centro de um processo judicial semelhante ao caso Sean Goldman - estavam sob a guarda da tia Giovana dos Santos Viana que, junto de sua filha Lilian Viana, 21, poderão ser indiciadas por maus tratos com agravamento de morte, cuja pena pode chegar a 12 anos de prisão.

Segundo o diretor do Hospital Adão Pereira Nunes, Manoel Moreira, a paciente foi mantida no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) pediátrico sob monitoramento constante. Seu estado de saúde era tão grave que ela não podia sequer ser transferida de hospital. Ela deu entrada na unidade com diversos hematomas pelo corpo, os dois pulsos quebrados e afundamento no crânio. A menina ficou uma semana em coma. A causa da morte será determinada pelo exame necroscópico realizado pelo Instituto Médico Legal (IML).

Este exame e o prontuário são aguardados pelo delegado da 36ª DP (Santa Cruz), Aguinaldo da Silva, para pedir a prisão de Giovana e Lilian. As duas negam a agressão e acusam o menino de 11 anos de ter agredido a irmã durante o banho. No momento do crime, apenas Lilian estava em casa junto das crianças e de Milena, filha de um irmão de Giovana, que também detém a guarda da criança. Na delegacia, Milena confirmou a versão, embora não estivesse no banheiro no momento do crime.

"Estamos aguardando as informações oficiais dos laudos médicos para fazer o indiciamento", disse o delegado. "Embora neguem, eles terão de responder por maus tratos, agravados pelo resultado de morte".

Tal como o caso Sean, que mobilizou autoridades brasileiras e americanas, a guarda das crianças é alvo de uma guerra jurídica - com a diferença de que, nessa situação, a mãe, Maristela dos Santos, é pobre, tem problemas psiquiátricos e está desaparecida. O empresário austríaco Sascha Zanger, pai das crianças, luta pela guarda dos filhos enquanto responde à acusação de abusar sexualmente de R.Z. Ele chegou sexta-feira da Áustria e deseja enterrá-la em seu país. Sascha proibiu os tios de verem o corpo da menina.

Crianças moraram na rua
Segundo o conselheiro tutelar de Santa Cruz, Marcelo Machado, as crianças foram acolhidas depois de serem encontradas morando nas ruas da zona sul junto da mãe, que fugiu para o Brasil há cerca de dois anos. Desde então, Sascha tenta reaver a guarda dos filhos, mas Maristela e o próprio filho acusaram o pai de abuso sexual. O caso corre em segredo de Justiça, e Sascha evita falar no assunto.

Em dezembro, a guarda foi repassada a Giovana, que mora em um quarto e sala de dois andares no Conjunto Santa Veridiana, zona oeste, junto de Lilian, Milena, do filho de 2 anos e do marido, Fernando, que é guarda municipal. Cerca de 40 dias antes de supostamente ter sido espancada quase até a morte, S. havia ficado sob a custódia da prefeitura.

A pedido do advogado de Sascha, Ricardo Zamariola - o mesmo do caso Sean - o juiz da 27ª Vara Federal determinou busca e apreensão das crianças. Agentes da Polícia Federal foram à casa de Giovana e levaram elas para o Abrigo Municipal Central Carioca, no Centro. A conselheira tutelar do centro, Márcia Regina Silva, constatou que elas frequentavam a escola regularmente e visitou a casa da família, que até foi ao Conselho Tutelar pedir a guarda de ambas. Márcia então fez o requerimento ao juiz, que acatou o parecer do conselho.

"Estamos chocados com a notícia", disse a conselheira. "As crianças até ficaram muito eufóricas ao verem os tios. Não havia qualquer sinal de maus tratos. O pai ainda estava na Áustria, os advogados eram de São Paulo, não nos parecia correto manter as crianças jogadas num abrigo. Além disso, havia a acusação de abuso sexual paterno, que o próprio menino confirmou".

O conselheiro tutelar de Santa Cruz, Marcelo Machado, assumiu o caso e também não identificou maus tratos, atentando para a frequência escolar dos meninos. Segundo ele, Milena fez exame de corpo de delito que não constatou nenhum hematoma. Seu pai mora em Caxias, trabalha o dia todo e não tem condições de ficar com a filha, mas o Conselho estuda uma solução para o caso. Já R. está agora sob a guarda de outros parentes.

Jornal do Brasil Jornal do Brasil
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