Sarney anuncia afastamento de diretor-geral do Senado
Marina Mello
Direto de Brasília
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), anunciou nesta terça-feira o afastamento do diretor-geral da Casa, Agaciel Maia, que havia sido pedido por carta. Agaciel é acusado de ter escondido da Justiça uma mansão adquirida por ele em Brasília em 1996 e que foi registrada no nome do irmão dele, deputado João Maia (PR-RN).
Sarney decidiu aceitar o pedido feito por Agaciel em carta, diante das pressões que vinha sofrendo desde que uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo trouxe a denúncia de que ele teria adquirido a mansão sem declará-la. "Ele fez o pedido de demissão e eu aceitei", disse Sarney.
Minutos antes, Agaciel se queixou de ser a "bola da vez" e explicou que, se fosse para ele ser afastado do cargo temporariamente até o fim das investigações - como defendiam o DEM e o PSDB -, ele preferia então ser afastado de forma definitiva, como aconteceu.
"Eu acho que eu não tenho a importância de ser a bola da vez. Funcionário bola da vez é estranho e pesado", disse o ex-diretor-geral. "Eu não vou ser empecilho para que haja uma desagregação política nesta Casa."
Agaciel disse que iria aceitar fazer o "sacrifício" de deixar o cargo para evitar polêmica na Casa. "Se alguém tem que ser dado em sacrifício para que se acalmem os ânimos, eu estou disposto a esse sacrifício", afirmou. Com a saída dele, quem assume a direção-geral do Senado é o adjunto de Agaciel, Alexandre Gazineu.
Agaciel Maia negou ter escondido o imóvel, mas admitiu que, na época em que o imóvel foi adquirido, o passou para o nome de seu irmão, João Maia (PR-RN), porque seus bens estavam indisponíveis por uma decisão judicial.
João Maia, por sua vez, não teria declarado o bem nem para a Receita Federal nem para a Justiça Eleitoral. Maia, no entanto, reconheceu o erro de não ter transferido o bem oficialmente para o nome de seu irmão.