Itália chama a consultas embaixador no Brasil por caso Battisti
A Itália anunciou nesta terça-feira que chamará para consultas o seu embaixador em Brasília, Michele Valensise, após a decisão do governo brasileiro de conceder asilo político ao ex-militante esquerdista Cesare Battisti. A Itália considerou uma "decisão grave" o fato de o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, se mostrar, na última segunda-feira, favorável à extinção do processo de extradição de Battisti.
"É uma decisão muito grave porque (as autoridades brasileiras) tinham anunciado uma reconsideração, uma reflexão mais profunda", declarou o ministro de Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini, em nota divulgada à imprensa.
O parecer do procurador-geral brasileiro ocorreu depois de solicitação do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, que julga a extradição do italiano. A decisão do ministro da Justiça brasileiro, Tarso Genro, de conceder asilo Battisti, anula o pedido de extradição formulado pelo governo da Itália. A consolidação do processo, no entanto, depende de aval do STF que, em decisão plenária, precisa arquivar a solicitação de envio de Battisti a seu país de origem.
"O fato de decidir apenas 48 horas depois sem ter avaliado com a profundidade que teríamos desejado nos parece um pouco um não querer decidir e desejar cobrir plena e simplesmente a decisão política do ministro da Justiça", acrescenta. Segundo o ministro, o Brasil é um "grande país, amigo da Itália desde sempre", e por isto o governo italiano não esperava este comportamento das autoridades brasileiras, daí a "gravidade" de sua reação.
Prisão
O italiano havia sido detido no Brasil em 2007 após ser condenado à prisão perpétua na Itália pela morte de um guarda penitenciário e de um açougueiro nos anos 1970, quando era membro do grupo armado Proletários Armados pelo Comunismo. Cesare Battisti está preso preventivamente desde março de 2007 no Presídio da Papuda, em Brasília, para fins de extradição solicitada pelo governo da Itália.
A proposta de convocar o embaixador Michele Valensise para consultas foi encaminhada ao ministro das Relações Exteriores da Itália pelo ministro da Defesa da Itália, Ignazio La Russa. A medida foi apoiada de imediato por Alessandra Mussolini, líder do partido de direita Ação Social, que é membro da coalizão governista Povo da Liberdade. Também teve o apoio de ministros e deputados italianos.
A chamada para consultas de Valensise era uma possibilidade que o governo de Silvio Berlusconi já considerava há alguns dias, apesar de as autoridades italianas ainda esperarem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconsiderasse a decisão tomada pelo ministro da Justiça Tarso Genro.
O Ministério das Relações Exteriores brasileiro ainda não se pronunciou oficialmente sobre a convocação feita pela Itália, de acordo com a assessoria de imprensa da pasta.
Com agências internacionais
