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Farmácias são escoadoras de medicamentos ilegais, diz Anvisa

5 abr 2010 - 16h06
(atualizado em 6/4/2010 às 14h37)
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Fabiana Leal
Direto de Porto Alegre

O presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Dirceu Raposo de Mello, afirmou, nesta segunda-feira, durante almoço-debate do grupo de líderes empresariais (Lide) em Porto Alegre (RS), que as farmácias são "escoadoras de medicamentos ilegais" no País. "A farmácia tem sido quem promove a venda inadequada. O grande canal da informalidade são as farmácias", disse Mello.

Durante a palestra, o presidente da Anvisa mostrou fotos indicando que medicamentos dividem espaço com rações para animais, com gatos colocados à venda e brinquedos. As imagens também apontaram locais insalubres. De acordo com Mello, esses estabelecimentos continuam funcionando protegidos por medidas liminares.

O presidente executivo da Abrafarma, Sérgio Mena Barreto, afirmou que as declarações do presidente da Anvisa foram feitas de forma generalizada e apresentam cunho claramente ideológico. Para o dirigente da associação do grande varejo farmacêutico, as redes de farmácias são reconhecidas como sérias e corretas pela própria população brasileira.

Pedro Zidoi, presidente a ABCFarma, que tem 59,6 mil farmácias e drogarias conveniadas, afirmou que em qualquer setor há pessoas honestas e desonestas. Ele disse que as fotos mostradas pelo presidente da Anvisa já foram apresentadas há quatro anos e o que ele tem feito é terrorismo para tentar desmotivar as liminares e para fazer com que a sociedade e as autoridades se virem contra as farmácias.

"O foco da farmácia hoje é vender. Então, ela vende de tudo, inclusive, medicamento. Tem farmácia que até remédio vende no Brasil", afirmou o presidente da Anvisa, ironizando o que, segundo ele, acontece nos estabelecimentos.

Um dos casos citados por Mello foi o de uma rede de farmácias de São Paulo que fazia venda promocional do analgésico paracetamol. O medicamento que vem em um envelope com quatro comprimidos estava sendo comercializado em um saquinho plástico com seis cartelas pelo preço de cinco.

"O paracetamol é um dos medicamentos que mais causa intoxicação no País e é sabidamente hepatotóxico (tóxico para o fígado). Se você tomar 4 g de paracetamol por dia durante três dias e tomar cerveja, você corre o risco de ir para fila do transplante de fígado, se der tempo", afirmou Mello.

A FDA (agência reguladora de alimentos e remédios nos Estados Unidos) está revendo a dose diária do paracetamol - quer passar de 4 g para 3,25 g.

Fracionamento

Para termos no Brasil o uso mais racional dos medicamentos, o governo vem discutindo o fracionamento, segundo o presidente da Anvisa. Mello disse que a medida não é viável para todos os todos os tipos de remédios - não serve, por exemplo, para os de uso contínuo, como os anticoncepcionais. No entanto, o fracionamento pode ser usado com medicamentos para tratamentos agudos, como os medicamentos anti-infeciosos. Para isso, são os médicos que avaliarão qual será a dose que o paciente irá receber.

A ABCFarma aconselha as farmácias conveniadas a não comprar medicamentos de empresas duvidosas ou sem nota fiscal e a desconfiar de descontos fora da realidade, além disso, que verifiquem se o medicamentos têm registro na Anvisa.

Fonte: Redação Terra
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