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Dilma demonstra surpresa com 'interferência americana' no golpe de 64

19 out 2013 - 13h14
(atualizado às 15h44)
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Foto: Reprodução

A presidente Dilma Rousseff revelou neste sábado que, após assistir na noite de sexta-feira a um documentário sobre o golpe militar de 1964 no País, ficou surpresa pela "interferência americana" nesse momento do Brasil. "Mesmo quem viveu os anos 60 fica surpreso com a extensão da interferência americana no Brasil naquele momento", escreveu a governante em sua conta do Twitter, se referindo à sessão de O Dia que Durou 21 anos, de Camilo Tavares, filme que recomendou a todos os seus seguidores na rede social.

O documentário, ao qual a presidente assistiu na pequena sala de cinema no Palácio da Alvorada, enfoca a situação política anterior ao golpe de 1º de abril de 1964. Segundo Dilma, "o filme exibe um precioso acervo de gravações e documentos oficiais dos EUA".

A mandatária acrescentou que o longa "mostra gravações dos presidentes americanos, à época, endossando articulações do embaixador Lincoln Gordon a favor do golpe no Brasil".

Apesar de sua história pessoal de militância e da recente revelação do esquema de espionagem americano do Brasil, entre outros países, Dilma afirmou que "hoje, na política, não existem inimigos, adversários, apenas visões diferentes, divergências que podem se expressar em uma democracia".

Espionagem americana no Brasil 
Matéria do jornal O Globo de 6 de julho denunciou que brasileiros, pessoas em trânsito pelo Brasil e também empresas podem ter sido espionados pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (National Security Agency - NSA, na sigla em inglês), que virou alvo de polêmicas após denúncias do ex-técnico da inteligência americana Edward Snowden. A NSA teria utilizado um programa chamado Fairview, em parceria com uma empresa de telefonia americana, que fornece dados de redes de comunicação ao governo do país. Com relações comerciais com empresas de diversos países, a empresa oferece também informações sobre usuários de redes de comunicação de outras nações, ampliando o alcance da espionagem da inteligência do governo dos EUA.

Ainda segundo o jornal, uma das estações de espionagem utilizadas por agentes da NSA, em parceria com a Agência Central de Inteligência (CIA), funcionou em Brasília pelo menos até 2002. Outros documentos apontam que escritórios da Embaixada do Brasil em Washington e da missão brasileira nas Nações Unidas, em Nova York, teriam sido alvos da agência.

Logo após a denúncia, a diplomacia brasileira cobrou explicações do governo americano. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou que o País reagiu com “preocupação” ao caso.

O embaixador dos Estados Unidos, Thomas Shannon negou que o governo americano colete dados em território brasileiro e afirmou também que não houve a cooperação de empresas brasileiras com o serviço secreto americano.

Por conta do caso, o governo brasileiro determinou que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) verifique se empresas de telecomunicações sediadas no País violaram o sigilo de dados e de comunicação telefônica. A Polícia Federal também instaurou inquérito para apurar as informações sobre o caso.

Após as revelações, a ministra responsável pela articulação política do governo, Ideli Salvatti (Relações Institucionais), afirmou que vai pedir urgência na aprovação do marco civil da internet. O projeto tramita no Congresso Nacional desde 2011 e hoje está em apreciação pela Câmara dos Deputados.

Monitoramento

Reportagem veiculada pelo programa Fantástico, da TV Globo, afirma que documentos que fariam parte de uma apresentação interna da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos mostram a presidente Dilma Rousseff e seus assessores como alvos de espionagem.

De acordo com a reportagem, entre os documentos está uma apresentação chamada "filtragem inteligente de dados: estudo de caso México e Brasil". Nela, aparecem o nome da presidente do Brasil e do presidente do México, Enrique Peña Nieto, candidato à presidência daquele país quando o relatório foi produzido.

O nome de Dilma, de acordo com a reportagem, está, por exemplo, em um desenho que mostraria sua comunicação com assessores. Os nomes deles, no entanto, estão apagados. O documento cita programas que podem rastrear e-mails, acesso a páginas na internet, ligações telefônicas e o IP (código de identificação do computador utilizado), mas não há exemplos de mensagens ou ligações.

EFE   
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