O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, disse nesta quinta-feira que pretende ampliar os programas de habitação na cidade, sobretudo na região central da capital paulista, como forma de solucionar dois problemas da capital paulista: o trânsito congestionado e o cenário de abandono do centro. Em entrevista ao Terra, Haddad destacou a construção de mais de 20 mil unidades habitacionais no centro da capital paulista, lançada hoje pelo governo do Estado com a parceria da prefeitura, que deve beneficiar cerca de 80 mil pessoas.
Lançado no final da manhã, o programa terá como foco as famílias de baixa renda e contará com investimentos de R$ 4,6 bilhões, sendo R$ 2,6 bilhões da iniciativa privada; R$ 1,6 bilhão do governo estadual e R$ 404 milhões da prefeitura.
Segundo o prefeito, a iniciativa resolve "dois problemas com um programa só": dá moradias a pessoas que precisam e facilita a mobilidade urbana, já que aqueles que morarem e trabalharem no centro não precisarão utilizar o transporte coletivo para se deslocar diariamente. Além disso, um dos objetivos é retomar a vida noturna no centro da cidade.
Não vamos colocar pendências partidárias acima do povo, diz Haddad:
Haddad destacou que o programa é uma parceria entre os governos municipal, estadual e federal, e que diferenças políticas entre ele e o governador Geraldo Alckmin não influenciarão em suas políticas como prefeito. "Eu não posso, por divergência política, colocar em risco a população de São Paulo", disse Haddad.
O prefeito também falou sobre ações para melhorar o transporte público na cidade. Haddad destacou o objetivo de aumentar os corredores de ônibus na cidade, para incentivar que mais moradores deixem o carro em casa e utilizem o transporte público.
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, concede entrevista em seu gabinete. Ele afirmou que espera "virar a página" em relação às críticas à gestão anterior e minimizou os eventuais atritos com o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD)
Foto: Fernando Borges / Terra
Durante 40 minutos, o prefeito respondeu às perguntas da jornalista Maria Lins e de internautas sobre diversos temas, entre eles: as enchentes recorrentes; os problemas de mobilidade urbana e os investimentos em transporte público; a situação do cofre municipal; a previsão de extinção da taxa de inspeção veicular; a situação das calçadas; e as relações com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
Foto: Fernando Borges / Terra
Durante a entrevista, Haddad explicou ainda por que tem priorizado as reuniões de trabalho às agendas públicas, e disse ter se dedicado a encontrar uma estratégia para que a cidade "volte a investir nela mesma". "Queremos recuperar a nossa capacidade de investimento"
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O prefeito também foi questionado sobre por que boa parte dos semáforos para de funcionar quando chove - o que prejudica ainda mais o trânsito. Segundo ele, o "apagão" da rede não se dá por queda de energia, mas sim porque a rede é antiga e precisa ser trocada
Foto: Fernando Borges / Terra
"Não dá mais para remendar. Nós estamos há 20 anos remendando a rede semafórica de São Paulo. A fiação já não tem mais recuperação. A caixa de passagem não tem mais recuperação. Então, ou se faz uma reforma estrutural da rede semafórica, ou esses problemas recorrentes (vão continuar acontecendo)"
Foto: Fernando Borges / Terra
Em relação ao fim da taxa, ele explicou que aguarda para este ano a aprovação do projeto de lei que envio à Câmara, mas voltou a reclamar da empresa Controlar (responsável pelo serviço) e disse que espera "reformular" completamente o modelo do programa
Foto: Fernando Borges / Terra
Em relação ao Bilhete Único Mensal, ele esclareceu que a prefeitura precisa desenvolver a tecnologia para recarga do sistema. A tarifa será estabelecida somente após o reajuste da passagem de ônibus, previsto para o meio do ano
Foto: Fernando Borges / Terra
Embora segurança pública seja responsabilidade do governo do Estado, o prefeito foi questionado por internautas sobre a má iluminação em alguns pontos da capital paulista. Segundo ele, a troca de lâmpadas queimadas ganhou mais agilidade desde que assumiu o comando da prefeitura, graças à cobrança das empresas responsáveis para que efetuassem o serviço dentro do prazo estipulado