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Diadema exporta modelo para redução de violência

26 abr 2009 - 16h42
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Vagner Magalhães

Direto de São Paulo

De cidade-símbolo da violência a exemplo em pouco menos de 10 anos. A experiência desenvolvida por Diadema no controle da violência urbana será apresentada pelo prefeito Mário Reali (PT) neste fim de semana em uma conferência da Organização das Nações Unidas (ONU), em Tanger, no Marrocos.

Na pauta, a queda no índice de homicídios da cidade do ABC paulista a partir do mapeamento da criminalidade, que começou a ser detalhada no município em 2001. A ação se deu depois de uma articulação da prefeitura local com o governo do Estado, empresas, associações comunitárias e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Policiamento ostensivo e programas para reduzir o risco da delinqüência entre jovens são apontados como as bases do êxito.

O ano mais crítico da violência em Diadema se deu em 1999, quando 374 pessoas foram mortas, superando o índice de 100 mortes por 100 mil habitantes, o maior do País na ocasião. À época, o município tinha pouco mais de 363 mil moradores.

Dois anos antes, a cidade ganhou o notíciário nacional com um caso de violência policial na favela Naval. Um cinegrafista amador gravou várias sessões de tortura e extorsão, que culminaram com o homicídio do conferente de almoxarifado Mário Josino. Depois de espancarem três homens que estavam em um veículo, um dos policiais militares atirou contra o carro quando o veículo deixava o local. O tiro matou Josino.

Para se ter uma idéia da redução no número de mortes, em 2008 foram 83 homicídios e no ano anterior, 80. Os números mostram uma redução de cerca de 78% desse tipo de crime em menos de uma década.

O primeiro trimestre deste ano registrou o menor número de homicídios da década: 13. Em 2001, no mesmo período, foram registradas 71 mortes.

De acordo com José Francisco Alves, secretário de Defesa Social da cidade, a redução só foi possível depois do mapeamento, que permitiu entender o que se passava em Diadema.

"Basicamente trabalhamos com uma política de segurança pública ligada a subpolíticas sociais. No mapeamento, por exemplo, percebemos que grande parte dos homicídios acontecia próximo à residência na vítima, depois que esta havia passado por um bar das proximidades", afirma.

A partir daí, uma das medidas de maior impacto foi a criação da lei municipal que obrigou os bares a fechar entre as 23h e 6h da manhã do dia seguinte, em julho de 2002.

"Já no mês seguinte, registramos uma queda de 90% nos casos de agressões às mulheres. E o número de homicídios prosseguiu caindo, ano a ano", afirmou o secretário.

Alves diz que o mapeamento também apontou alto índice envolvimento de adolescentes na criminalidade. Programas de combate à evasão escolar e atividades culturais e esportivas no contraturno dos estudantes ajudaram a minimizar o problema. Como incentivo, cada aluno entre 13 e 17 anos recebe uma bolsa equivalente a R$ 100. No fim do período, os alunos são encaminhados para estágios em empresas.

A capacitação de 80 pessoas para a mediação de pequenos conflitos, ocorridos normalmente entre vizinhos, também tem contribuído para diminuir as desavenças na cidade. A idéia foi importada de Bogotá, na Colômbia, que também passa por um processo de redução nos números de violência. O conceito introduz nas comunidades a figura do mediador. Os mediadores são acionados quando é constatado algum tipo de problema, registrado na delegacia do bairro ou mesmo denunciado por algum vizinho.

De acordo com a Prefeitura, os moradores são convidados a resolver os problemas e o índice de resolução dos casos é de cerca de 80%. O videomonitoramento das ruas com maior índice de violência também foi implantado.

Apesar de tudo isso, o secretário de Defesa Social reconhece que há mais a ser feito. "Não estamos em uma situação confortável, temos muitos problemas a enfrentar. Mas ver a cidade avançando ano a ano é um estímulo enorme para nós e para muitas cidades que têm nos procurado para conhecer a nossa experiência", diz o secretário.

Fonte: Terra
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