Cortado de Parada Gay por tatuagens, DJ nega vínculo com nazismo
DJ tocaria na Parada Gay de Santo André, mas foi cortado do evento. Caso foi encaminhado à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância
O DJ Enrico Valveson Jorge, conhecido como DJ Enrico Tank, que tocou no último domingo na 17ª Parada do Orgulho GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais), na avenida Paulista, em São Paulo, foi cortado da parada que será realizada no próximo dia 23 em Santo André, no ABC paulista, por conta de tatuagens supostamente relacionadas ao nazismo e ao fascismo.
Denunciado por um grupo de skinheads anti-intolerância denominado Rash-SP, Enrico possui ao menos 12 tatuagens que, de acordo com o grupo, têm ligação com movimentos neonazistas e fascistas.
Símbolos como a bandeira confederada americana - utilizada por grupos racistas do sul dos Estados Unidos -, a Cruz Celta, uma cruz de ferro, marcas de bandas ligadas a movimentos neonazistas e a imagem do ditador fascista italiano Benito Mussolini podem ser vistas em imagens disponibilizadas pelo grupo e até mesmo no site do DJ.
Após saber das tatuagens do DJ, a organização da Parada Gay de Santo André decidiu cortar Enrico do evento, por entender que a polêmica pode trazer prejuízos à parada. Segundo Marcelo Gil, da ONG ABCD''S (Ação Brotar pela Cidadania e Diversidade Sexual), que organiza a parada na cidade, o DJ tocaria voluntariamente e possui histórico por participar de festas voltadas ao público gay.
Segundo ele, o caso foi encaminhado para a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) e para a Secretaria da Justiça. “Tiramos de nossa página e dos nossos materiais de divulgação o nome dele”, afirmou. De acordo com Marcelo, a atitude foi tomada para resguardar tanto a parada quanto Enrico.
Em nota, o DJ negou que as tatuagens tenham cunho nazista ou fascista, e afirmou que o artigo que o acusa “é ofensivo, falso e preconceituoso”. “As afirmações postadas no referido blog são inverídicas, pois além de não citar nenhuma fonte de informação acerca dos significados das tatuagens, apenas limitam-se a apresentar versões próprias e distorcidas dos fatos”, afirmou Enrico.
Segundo sua assessoria, o DJ posou nu para a publicação G Magazine, direcionada ao público LGBT, em 2002. “Se realmente fossem verídicas as acusações fantasiosas contra a sua pessoa, o DJ jamais teria aceito o convite da revista, ainda mais para expor-se despido”, alega.
Na mesma nota, o DJ esclarece as tatuagens e afirma que muitos dos símbolos foram feitos por conta de seu gosto pela “temática de guerra”. Segundo ele, a face de um soldado, que se assemelha ao ditador fascista italiano “não é a do ditador italiano Mussolini, e sim a de um combatente desconhecido”.
Segundo sua assessoria, a tatuagem da bandeira confederada foi feita por conta da paixão do DJ pelo estilo musical country rock, a Cruz Celta representa o contato e identificação dele com o povo celta, e a cruz de ferro “significa condecoração aos heróis de guerra, não possuindo nenhum significado nazista”, entre outras explicações para as 12 tatuagens destacadas pelo grupo anti-intolerância.
A organização da Parada Gay em São Paulo afirmou desconhecer o DJ e que o carro em que ele tocou no domingo, o sétimo dos 17 que trouxeram apresentações, era de responsabilidade de Marcelo Gil, que organiza a parada em Santo André. Ainda não há uma definição sobre o assunto. Uma reunião está agendada para amanhã e este deve ser um dos temas a ser discutido.