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Campanha com cartuns de Angeli e Laerte é "censurada" em SP

Empresa ligada à EMTU determinou que cartuns com críticas à proibição das drogas fossem retirados de ônibus

28 mai 2015 - 23h56
(atualizado em 10/7/2018 às 18h28)
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A Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU), do governo do Estado, suspendeu a circulação de cartuns com críticas à “guerra às drogas” da traseira de 40 ônibus intermunicipais. Segundo os organizadores, o objetivo da campanha “Da Proibição Nasce o Tráfico” - que já passou pelo Rio de Janeiro e traz cartuns de Angeli, Laerte, André Dahmer, Arnaldo Branco e Leonardo - é mostrar que a violência do mercado ilegal, comandado pelo crime organizado, provoca mais mortes que o consumo de drogas.

Campanha quer mostrar que o tráfico, fruto da proibição, provoca mais mortes que o consumo de drogas
Campanha quer mostrar que o tráfico, fruto da proibição, provoca mais mortes que o consumo de drogas
Foto: Terra

Para o governo do Estado, no entanto, os cartuns fazem apologia às drogas. A socióloga Julita Lemgruber, que criou a campanha, conta que contratou uma empresa de publicidade em ônibus para fixar os cartuns nos veículos. As peças começaram a circular na última quarta-feira, mas logo a empresa foi pressionada a retirar a campanha de circulação, conforme relatou Julita.

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“Uma pessoa do serviço de transporte abordou esse funcionário (da empresa de publicidade) e praticamente o ameaçou. Disse que em São Paulo essa campanha não iria acontecer, que a campanha significa um desrespeito ao policial e ao cidadão, que em São Paulo não querem apologia às drogas”, contou Julita.

Procurada, a EMTU informou que a responsabilidade pelo caso é do Consórcio Intervias, que administra as dez linhas de ônibus que receberam os cartuns. Em nota divulgada na noite desta quinta-feira, o Intervias informou que “já determinou a remoção das peças” dos veículos. “A EMTU não tinha ciência do conteúdo de cartazes relativos à campanha ‘Da Proibição Nasce o Tráfico’, veiculada em alguns ônibus das linhas metropolitanas, o que configura descumprimento de cláusula contratual”, diz a nota.

Julita, que já foi diretora-geral do sistema penitenciário do Rio (1991-1994) e ouvidora da polícia, afirmou que a suspensão da campanha configura “censura” e disse que acionará a Justiça para que os cartuns voltem a circular na Grande São Paulo.

"Estupidez"

Para a cartunista Laerte, confundir nova política de drogas com apologia é “estupidez”. "A hipótese que está sendo sugerida é um horror, um vexame total. Tudo interrompido em nome de um entendimento completamente errôneo e viciado do que essa campanha está propondo. Falar em apologia ás drogas é uma estupidez", disse.

As declarações de Laerte foram dadas durante o lançamento da Plataforma Brasileira de Política de Drogas, na noite desta quinta-feira, na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da Universidade de São Paulo (USP). No evento foi lembrado um episódio de 2011 no qual o Metrô de São Paulo vetou anúncios do livro "O Fim da Guerra", de Denis Russo Burgierman, nos trens e estações. O livro, cuja capa trazia desenhos de folhas de maconha, foi considerado polêmico.

Laerte, Dahmer e Arnaldo comentam participação em campanha:
Fonte: Terra
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