Confira alguns dos nomes inusitados adotados nos últimos dois anos em operações dos federais Batismo de fogo - os nomes “inusitados “das operações policiais Nos últimos dez anos, a Polícia Federal tem um aliado precioso para dar notoriedade às operações desencadeadas no País. Nomes cômicos e misteriosos, que “desenterraram” personagens e histórias mitológicas, passaram a ser uma marca nas ações da corporação. Apesar da frequente criatividade, a PF garante não contar com profissionais da área da publicidade para auxiliar o batizado. Oficialmente, cada delegado tem autonomia para definir o nome da ação. Até 2007, no entanto, a PF contava com um entusiasta no assunto, especializado em dar alcunhas mitológicas às operações: o ex-diretor executivo do órgão, delegado Zulmar Pimentel. De acordo com informações de bastidores, Pimentel era um marketeiro informal que costumava aprovar e alterar os nomes, quando achava necessário. Evangélico, o delegado é apaixonado por histórias bíblicas, utilizadas como inspiração para dezenas de trocadilhos relacionados aos crimes investigados. Há quatro anos, o feitiço se voltou contra o feiticeiro. Pimentel foi afastado da PF ao ser um dos alvos da Operação Navalha, sob suspeitas de que estaria repassando informações sigilosas a colegas. Mesmo sem as dicas de Pimentel, o órgão buscou um nome criativo: a navalha fecha em si mesma e é feita para cortar quem a usa. Atualmente, o delegado é o titular da Secretaria de Segurança do estado do Amazonas. Confira alguns dos nomes inusitados adotados nos últimos dois anos em operações dos federais. Operação Gasparzinho Desencadeada em junho na Paraíba, a Operação Gasparzinho desarticulou uma organização criminosa de empresários especializada em fraudar licitações através de empreendimentos de fachada. A homenagem ao desenho animado do “fantasminha camarada” buscou fazer referência à prática do grupo de usar pessoas fictícias ou “fantasmas” para movimentar valores e registrar bens da quadrilha de fraudadores. Em menos de três anos, a quadrilha movimentou mais de R$ 23 milhões em licitações com 35 prefeituras de Pernambuco. Operação Alegoria da Caverna A ação identificou em Juazeiro do Norte (CE) uma empresa acusada de formar uma milícia, que utilizava fardamento e carteiras funcionais da “Polícia Ferroviária Federal”, órgão previsto na Constituição, mas que oficialmente não existe, pois sequer foi criado por lei. Segundo a Polícia Federal, a operação foi batizada com o título de um dos textos do filósofo Platão em referência à falsa impressão da realidade passada à população que acreditava que os homens fardados e armados fossem agentes do estado no exercício de seu poder de polícia. O grupo atuava no Metrô de Cariri, no Ceará. Operação Carniça Após dois anos de investigação, a ação desmantelou uma quadrilha que fraudava recursos da Fundação Nacional do Índio (Funasa) destinados a ONGs indígenas. Os valores deveriam ter sido usados na compra de medicamentos, atendimento médico e pagamento dos salários dos agentes indígenas de saúde. O esquema coincidiu com uma mortandade de índios. Durante o período em que os desvios ocorreram, mais de 20 pessoas perderam a vida por falta de atendimento. Segundo a Polícia Federal, o nome “carniça” faz referência à forma desprezível que os criminosos tratavam a vida indígena Operação Efebo A ação prendeu um psicólogo de 29 anos, que induzia menores a se exporem sem roupas na internet em webcams. Mais uma vez a Grécia inspirou os federais. Segundo a corporação, o termo “efebo” surgiu entre os gregos para designar o jovem do sexo masculino que era iniciado na vida sexual por um homem mais velho. O investigado foi indiciado por produção, posse e transmissão de imagens de pornografia infantil, além do crime de aliciamento de adolescentes. Operação Loki Deflagrada em Dionísio Cerqueira (SC), a Operação Loki desarticulou uma quadrilha especializada no contrabando de cigarros ilegais em Ciudad Del Este, no Paraguai, que atuava em 16 municípios do Rio Grande do sul, Santa Catarina e Paraná. Pelo menos seis policiais militares, que recebiam propina de uma organização criminosa, para facilitar a passagem de contrabando, foram presos. Na mitologia nórdica, Loki era o nome de um “semideus” da trapaça e da falsidade, utilizado na operação federal devido à postura dos policia detidos, que avisavam aos contrabandistas sobre a presença da polícia. Operação Pintando o Sette A ação prendeu, neste ano em Curitiba (PR), dois homens investigados desde o início de 2010 por suspeitas de produção, divulgação e posse de material de conteúdo pornográfico infanto-juvenil, com indícios de abusos de crianças e adolescentes. A PF decidiu batizar a operação com uma referência ao nome “Sette” utilizado como pseudônimo por um dos detidos. Na ação, mandados também foram cumpridos na Paraíba e em Santa Catarina, onde residiam supostas vítimas dos suspeitos. Operação Papa-Léguas A ação identificou um esquema de tráfico de armas, lança-perfumes, e medicamentos ilegais através do envio das mercadorias pelo serviço Sedex dos Correios. O nome lembrou o personagem do desenho animado da Warner Brothers - um galo do deserto com velocidade espantosa - usado em campanhas publicitários do Sedex. A operação teve início no Rio de Janeiro, mas também ocorreu em Santa Catarina, Paraná e Minas Gerais. Operação Peter Pan A Operação Peter Pan desmantelou neste ano uma quadrilha especializada em falsificação de documentos de jogadores de futebol e empresários, comandada de Juazeiro do Norte (CE). Segundo as investigações, atletas recebiam documentos fraudados, que indicavam idades menores do que as reais, registradas em cartório, para facilitar negociações com o futebol europeu. Nos desenhos, filmes e peças teatrais, Peter Pan é um jovem que se recusa a crescer e vive na “Terra do Nunca”, um lugar mágico onde é impossível envelhecer. Operação Highlander Desencadeada neste ano, a ação localizou uma quadrilha que desviou durante mais de 30 anos R$ 120 milhões do INSS. O crime envolvia nomes de aposentados já mortos ou fictícios. O batismo da operação lembrou o sucesso do cinema “Highlander”, que abordou a história de um guerreiro escocês imortal do século XVI. Segundo a Polícia Federal, dos três fundadores do esquema, somente um está vivo e foi preso. Operação Pisca-Alerta S/A Em março deste ano, a Polícia Federal deflagrou a operação Pisca Alerta S/A com o objetivo de combater a corrupção de policiais rodoviários federais responsáveis pela fiscalização na BR-101, no trecho Rio-Santos. O nome da ação fez referência à prática comum dos patrulheiros de solicitar aos motoristas que o pisca-alerta do veículo seja acionado enquanto ocorre uma abordagem. Mandados foram cumpridos de Angra dos Reis, Rio de Janeiro e Itaguaí, como apoio da Polícia Rodoviária Federal. Crédito: Divulgação/Polícia Federal Legenda: Ao combater ilegalidades nas estradas, PF ironizou prática de policias rodoviários corruptos Operação Cupim Em janeiro, a Operação Cupim identificou suspeitas de corte clandestino de árvores vitalizadas, com madeira de lei, na Mata da Cutia e na Serra da Cachoeira, no interior da Reserva Indígena Guarani, em Carmésia (MG). O inseto fominha por madeira foi o nome escolhido pelos policiais para batizar a ação. A ofensiva identificou indícios de produção e comercialização de peças de madeira em larga escala, com a utilização de maquinário industrial, fugindo do caráter de subsistência Piratas do Sertão Realizada no segundo semestre de 2010, a ação desarticulou uma quadrilha especializada em roubo de cargas, com atuação no Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Ceará e Bahia. Assim como os piratas em alto-mar, os criminosos eram uma ameaça constante ao transporte de mercadorias no sertão nordestino. Pelo menos 12 pessoas foram presas. Crédito: Divulgação Legenda: Piratas das estradas nordestinas foram alvos dos federais Operação Pharisaios Investigou um grupo de madeireiros da região de Juína (MT) suspeitos de aliciar índios e extrair ilegalmente a madeira no interior da área indígena de Serra Morena. O esquema contava com fraudes de documentos expedidos pela Secretaria do Meio Ambiente de Mato Grosso. Segundo a Polícia Federal, a palavra grega “Pharisaios”, significa em português “fariseus”, população chamada por Jesus Cristo de hipócrita, “porque diziam e não praticavam”. Operação Vitruviano A ação investigou crimes de lavagem de dinheiro, estelionato e formação de quadrilha por utilizar várias empresas de fachada, que movimentaram entre os anos de 2002 a 2006 mais de R$ 110 milhões, em Mato Grosso do Sul. O nome da operação, de acordo com os federais, faz alusão ao conceito de “homem vitruviano”, que consta em “Os dez livros da arquitetura”, escrita pelo romano Marco Vitruvia Polião. Segundo a obra, o modelo ideal para o ser humano tem proporções perfeitas, assim como essa cadeia criminosa, que se entendia de forma simétrica. Operação Prestige (corvo) Um desastre ecológico deu origem ao nome da ação policial para combater uma facção de traficantes de drogas no ano passado, em Jales (SP). De acordo com a Polícia Federal, em 2002 na Costa da Galiza, na Espanha, um navio petroleiro chamado Prestige sofreu um acidente, que provocou um vazamento de óleo e a extinção dos corvos na região do país europeu. “Corvo” era o apelido do líder da organização criminosa, o principal alvo da operação. Operação Démarche Ao invés do grego e do latim, desta vez a língua francesa foi usada pela Polícia Federal em Minas Gerais para batizar a ação que combateu o câmbio clandestino de moedas, sem autorização do Banco Central. A palavra francesa Démarche significa, em português, providência, diligência que a polícia assume ante a persistência do investigado, na prática do delito. A operação ocorreu em novembro de 2010. Operação Trem Fantasma Em 2010, a ação policial desarticulou uma das principais organizações criminosas transnacionais, especializada em fraudar o comércio exterior, principalmente com o desvio de mercadorias que chegavam ao Aeroporto Internacional de São Paulo. O nome “trem-fantasma” teve origem na prática utilizada pelos fraudadores de ingressar em áreas restritas com comboios de caminhões, alguns sem autorização (fantasmas), com objetivo de burlar os controles alfandegários e retirar mercadorias irregularmente. Operação Cara-de-Pau Desencadeada na cidade de Patos, no sertão da Paraíba, a Operação Cara-de-Pau prendeu quatro pessoas flagradas cometendo ações para fraudar o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A ação ganhou um nome para ironizar a tática dos criminosos, que já havia sido identificada na mesma região da Paraíba, pela Polícia Federal durante outra operação ocorrida em 2007. O grupo usava certidões carcerárias falsas ou com dados adulterados, além de registros de paternidade retroativos, para obter benefícios de auxílio-reclusão, destinados aos dependentes de pessoas presas. Operação Gato de Botas Em 2010, mais de 65 policiais federais participaram da Operação Gato de Botas que prendeu cinco pessoas, uma delas policial militar, envolvidos em esquemas de redes clandestinas de TV a cabo, no Rio de Janeiro (RJ), prática comum de milícias nos subúrbios da capital fluminense. O personagem criado pelo escritor francês Charles Perrault em 1697, foi usado ironicamente pela corporação, já que no jargão popular, as ligações ilegais são conhecidas como “gatonets”. Os presos atuavam no sul do fluminense, como Volta Redonda, Barra Mansa e Barra do Piraí. Operação Olho de Boi A ação policial combateu no ano passado um esquema de falsificação de selos do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Inmetro), que atuava no Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás e Bahia, além do Distrito Federal. O nome da operação lembrou a primeira série de selos postais do País, conhecidos “Olho de Boi”. Foi impresso em 1843 por determinação do Governo Imperial brasileiro. mais especiais de notícias